Marques Guedes pouco entusiasmado com casino no Parque Mayer

31-10-2002
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Marques Guedes Pouco Entusiasmado com Casino no Parque Mayer

Por SÃO JOSÉ ALMEIDA E NUNO SÁ LOURENÇO

Segunda-feira, 21 de Outubro de 2002

Referendo à localização da sala de jogo

O dirigente do PSD receia que excepção se torne regra, Telmo Correia não vê mal a realização do referendo, enquanto que o PS parece dividido. Só o PCP está frontalmente contra o referendo

O Bloco de Esquerda (BE) defendeu e patrocinou a ideia de um referendo sobre um casino no Parque Mayer. Agora que existe um grupo de promotores - que recebeu terça-feira o apoio dos socialistas do Clube da Margem Esquerda - apostados em recolher as cinco mil assinaturas lisboetas necessárias para a consulta, o PÚBLICO foi ouvir o que os outros grupos parlamentares têm dizer sobre o assunto. As posições são cautelosas.

A ideia não entusiasma Marques Guedes. O vice-presidente da bancada do PSD e vereador da Câmara de Cascais reconheceu "dúvidas sobre se esta matéria é referendável". Quanto muito poderia sê-lo a sua localização. No entanto, a proposta que surge é bastante clara nesta matéria. A frase escolhida refere o espaço concreto do Parque Mayer, pelo que a preocupação de Marques Guedes é infundada. Falando a título "exclusivamente pessoal", já que o grupo parlamentar do PSD ainda não abordou e tomou posição sobre o assunto, Marques Guedes sustenta que só aceita a construção de um casino em Lisboa enquanto razão da "requalificação do Parque Mayer e para não deixar morrer o Parque, não faz sentido colocá-lo noutra zona já qualificada como o Parque das Nações".

O vice-presidente da bancada do PSD argumenta, ainda: "Não sou contra, não demonizo, mas não sou a um entusiasta da ideia, aceito para salvar aquela zona. Mas é uma caixa de Pandora. É um objectivo nobre mas vai verificar-se o inevitável que é todas as zonas do país quererem apanhar a boleia. Há o risco de a excepção virar a regra."

Telmo Correia, líder parlamentar do CDS-PP, não rejeita a consulta. Em declarações ao PÚBLICO, Telmo Correia começou afirmar que não tem um "conhecimento aprofundado do assunto" mas que, à partida, não rejeita o projecto pois ele insere-se "num projecto de reabilitação do Parque Mayer" e explica que enquanto autarca de Lisboa assistiu impotente "à degradação do Parque Mayer". E rejeitou o critério de que um casino não possa ser instalado numa cidade mas possa numa zona balnear: "Se o argumento é o de que um casino é inaceitável então acabem-se com todos."

Já sobre o referendo, Telmo assume-se mais dialogante e admite até que ele se possa realizar. Lembra que foi ele que formalizou na Câmara de Lisboa o pedido de um referendo ao elevador do Castelo. E sobre isto apenas adverte: "Se estiver no âmbito da lei, é um instrumento. Se alguém sente que deve pedi-lo, está no seu direito. Eu fi-lo em relação ao elevador. É normal para quem se opõe à solução."

Por sua vez, o presidente da concelhia do PS em Lisboa, Miguel Coelho, declarou ao PÚBLICO, que "o projecto de reconversão do Parque Mayer tem de ser discutido na câmara e na assembleia municipal de Lisboa".

Comentando a decisão de abrir um casino em Lisboa, Coelho considera que até agora só viu "manifestação de intenções, propaganda e 'show-off' de Santana Lopes". E disparando contra o Governo sustenta: "Estranhamos que o Governo se tenha apressado a legislar uma extensão e a autorização de um projecto que a câmara desconhece." E conclui: "Enquanto partido, só comentaremos a proposta depois de a conhecer. Não pomos o carro à frente dos bois. A título pessoal vejo com muita relutância a hipótese de se colocar um casino em Lisboa. Não há estudos de impacto social e económico. Mas, por enquanto não passa de uma solução virtual para o Parque Mayer." Contudo, na passada semana, o partido mostrou-se dividido sobre a questão com variados dirigentes a defender posições diferentes. Manuel Maria Carrilho faz parte do grupo de personalidades que luta pelo referendo. enquanto que José Lamego diz que a solução não o choca.

Igualmente contra o método usado por Santana Lopes e contra a proposta de referendo está o PCP. O vereador António Abreu afirmou ao PÚBLICO que em vez de referendo devem ser feitos "debates públicos cabendo à câmara interpretar os sinais desses debates" e decidir em conformidade. Isto porque o projecto é complexo e o "referendo sim ou não simplifica a questão".

António Abreu lembra que a ideia não é nova e que o PCP há cinco anos já estava contra. E classifica esta solução como "uma operação de engenharia financeira com o Parque Mayer", além de que não é a solução para dinamizar aquela zona da cidade nem para um projecto cultural. E o vereador conclui: "Santana disse que era o ovo de Colombo, mas não passa de um ovo de pata."

Marques Guedes Pouco Entusiasmado com Casino no Parque Mayer

Por SÃO JOSÉ ALMEIDA E NUNO SÁ LOURENÇO

Segunda-feira, 21 de Outubro de 2002

Referendo à localização da sala de jogo

O dirigente do PSD receia que excepção se torne regra, Telmo Correia não vê mal a realização do referendo, enquanto que o PS parece dividido. Só o PCP está frontalmente contra o referendo

O Bloco de Esquerda (BE) defendeu e patrocinou a ideia de um referendo sobre um casino no Parque Mayer. Agora que existe um grupo de promotores - que recebeu terça-feira o apoio dos socialistas do Clube da Margem Esquerda - apostados em recolher as cinco mil assinaturas lisboetas necessárias para a consulta, o PÚBLICO foi ouvir o que os outros grupos parlamentares têm dizer sobre o assunto. As posições são cautelosas.

A ideia não entusiasma Marques Guedes. O vice-presidente da bancada do PSD e vereador da Câmara de Cascais reconheceu "dúvidas sobre se esta matéria é referendável". Quanto muito poderia sê-lo a sua localização. No entanto, a proposta que surge é bastante clara nesta matéria. A frase escolhida refere o espaço concreto do Parque Mayer, pelo que a preocupação de Marques Guedes é infundada. Falando a título "exclusivamente pessoal", já que o grupo parlamentar do PSD ainda não abordou e tomou posição sobre o assunto, Marques Guedes sustenta que só aceita a construção de um casino em Lisboa enquanto razão da "requalificação do Parque Mayer e para não deixar morrer o Parque, não faz sentido colocá-lo noutra zona já qualificada como o Parque das Nações".

O vice-presidente da bancada do PSD argumenta, ainda: "Não sou contra, não demonizo, mas não sou a um entusiasta da ideia, aceito para salvar aquela zona. Mas é uma caixa de Pandora. É um objectivo nobre mas vai verificar-se o inevitável que é todas as zonas do país quererem apanhar a boleia. Há o risco de a excepção virar a regra."

Telmo Correia, líder parlamentar do CDS-PP, não rejeita a consulta. Em declarações ao PÚBLICO, Telmo Correia começou afirmar que não tem um "conhecimento aprofundado do assunto" mas que, à partida, não rejeita o projecto pois ele insere-se "num projecto de reabilitação do Parque Mayer" e explica que enquanto autarca de Lisboa assistiu impotente "à degradação do Parque Mayer". E rejeitou o critério de que um casino não possa ser instalado numa cidade mas possa numa zona balnear: "Se o argumento é o de que um casino é inaceitável então acabem-se com todos."

Já sobre o referendo, Telmo assume-se mais dialogante e admite até que ele se possa realizar. Lembra que foi ele que formalizou na Câmara de Lisboa o pedido de um referendo ao elevador do Castelo. E sobre isto apenas adverte: "Se estiver no âmbito da lei, é um instrumento. Se alguém sente que deve pedi-lo, está no seu direito. Eu fi-lo em relação ao elevador. É normal para quem se opõe à solução."

Por sua vez, o presidente da concelhia do PS em Lisboa, Miguel Coelho, declarou ao PÚBLICO, que "o projecto de reconversão do Parque Mayer tem de ser discutido na câmara e na assembleia municipal de Lisboa".

Comentando a decisão de abrir um casino em Lisboa, Coelho considera que até agora só viu "manifestação de intenções, propaganda e 'show-off' de Santana Lopes". E disparando contra o Governo sustenta: "Estranhamos que o Governo se tenha apressado a legislar uma extensão e a autorização de um projecto que a câmara desconhece." E conclui: "Enquanto partido, só comentaremos a proposta depois de a conhecer. Não pomos o carro à frente dos bois. A título pessoal vejo com muita relutância a hipótese de se colocar um casino em Lisboa. Não há estudos de impacto social e económico. Mas, por enquanto não passa de uma solução virtual para o Parque Mayer." Contudo, na passada semana, o partido mostrou-se dividido sobre a questão com variados dirigentes a defender posições diferentes. Manuel Maria Carrilho faz parte do grupo de personalidades que luta pelo referendo. enquanto que José Lamego diz que a solução não o choca.

Igualmente contra o método usado por Santana Lopes e contra a proposta de referendo está o PCP. O vereador António Abreu afirmou ao PÚBLICO que em vez de referendo devem ser feitos "debates públicos cabendo à câmara interpretar os sinais desses debates" e decidir em conformidade. Isto porque o projecto é complexo e o "referendo sim ou não simplifica a questão".

António Abreu lembra que a ideia não é nova e que o PCP há cinco anos já estava contra. E classifica esta solução como "uma operação de engenharia financeira com o Parque Mayer", além de que não é a solução para dinamizar aquela zona da cidade nem para um projecto cultural. E o vereador conclui: "Santana disse que era o ovo de Colombo, mas não passa de um ovo de pata."

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