O Retrato Digital de Portugal
Por PEDRO FONSECA
Quarta-feira, 10 de Dezembro de 2003 A importância da tecnologia ao serviço do cidadão será a perspectiva inicial da intervenção de José Luís Arnaut, ministro-adjunto do primeiro-ministro, na Cimeira Mundial sobre a Sociedade da Informação, que hoje se inicia em Genebra. Essa importância passa pela atenção que o Governo presta à questão da transversalidade da sociedade da informação nos diferentes organismos ministeriais. A "maior vantagem" neste Governo é que a sociedade da informação passou a ser "transversal a todas as políticas ministeriais", referiu Tiago Craveiro, assessor de imprensa do ministro-adjunto, e "esse é um dos segredos do sucesso nos sectores da governação". Esta transversalidade pretende evitar a descoordenação ou a segregação entre sectores da administração pública, levando à criação da Unidade de Missão Inovação e Conhecimento (UMIC), gerida por Diogo Vasconcelos e dependente directamente de José Luís Arnaut. Em segundo lugar, Arnaut reforçará a ideia de que as tecnologias de informação (TI) obrigam a uma sistematização, referindo iniciativas nacionais emblemáticas como o dos Campus Virtuais (redes sem fios em todas as universidades e estas ligadas entre si), o das compras públicas electrónicas (para combater a burocracia e obter melhores condições), o do plano nacional para a banda larga e o do próximo lançamento do Portal do Cidadão, previsto para Janeiro. Arnaut realçará ainda a sua preocupação com a necessidade de conteúdos electrónicos em língua portuguesa. Por fim, aproveitando uma das temáticas da Cimeira, vai reforçar a necessidade da participação efectiva do sector privado e dos benefícios do cruzamento entre os sectores público e privado a nível regional, nacional e mundial. O Presidente da República, Jorge Sampaio, não estará presente por razões de saúde. Segundo o assessor João Gabriel, a sua intervenção apontava em duas direcções diferentes: a necessidade de uma educação para a sociedade da informação e as desigualdades tecnológicas Norte-Sul, mas também os contrastes no acesso aos meios tecnológicos nas sociedades desenvolvidas. Apesar de Portugal país aparentar estar, aqui, na linha da frente, nem sempre os números traduzem a verdade. Os dados da Autoridade Nacional das Comunicações (Anacom) apontam para 6,54 milhões de subscrições de acesso à Internet no final do terceiro trimestre do ano, correspondente a uma taxa de penetração de 62,8 por cento e um crescimento de 38,6 por cento face ao mesmo período do ano passado - mas "ignora" as diversas inscrições em paralelo de milhares de utilizadores em vários serviços gratuitos dos fornecedores de acesso à Internet (os ISP). A Anacom recebe os valores divulgados pelos ISP e contabiliza-os em conjunto, partindo desse valor falseado para extrapolar crescimentos e taxas de penetração. Isto não quer dizer que número de portugueses ligados à Internet não tenha crescido. Eram 39 por cento, segundo um inquérito ao uso das TI pela população nacional feito pela UMIC em Julho, e 53 por cento usava computador. O facto de não se ligarem mais passava pelo elevado custo (40 por cento), por acederem noutros locais (22 por cento) e apenas 14 por cento dos inquiridos com computador mostrava não ter qualquer interesse em se ligar à Internet. Num estudo preparado para a cimeira, Portugal posiciona-se na segunda divisão em 178 países. No Índice de Acesso Digital - primeiro estudo mundial sobre oito variáveis envolvendo as tecnologias de informação e comunicação, realizado pela União Internacional das Telecomunicações (UIT) -, Portugal estava em 33º lugar, atrás da Grécia, República Checa, Espanha, Estónia, Chipre ou Irlanda, para só falar dos países incluídos nessa segunda divisão. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Financiamento das novas tecnologias divide países ricos e pobres
ONG lançam declaração alternativa pela liberdade
O retrato digital de Portugal
O fosso digital e o resto
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Quarta-feira, 10 de Dezembro de 2003 A importância da tecnologia ao serviço do cidadão será a perspectiva inicial da intervenção de José Luís Arnaut, ministro-adjunto do primeiro-ministro, na Cimeira Mundial sobre a Sociedade da Informação, que hoje se inicia em Genebra. Essa importância passa pela atenção que o Governo presta à questão da transversalidade da sociedade da informação nos diferentes organismos ministeriais. A "maior vantagem" neste Governo é que a sociedade da informação passou a ser "transversal a todas as políticas ministeriais", referiu Tiago Craveiro, assessor de imprensa do ministro-adjunto, e "esse é um dos segredos do sucesso nos sectores da governação". Esta transversalidade pretende evitar a descoordenação ou a segregação entre sectores da administração pública, levando à criação da Unidade de Missão Inovação e Conhecimento (UMIC), gerida por Diogo Vasconcelos e dependente directamente de José Luís Arnaut. Em segundo lugar, Arnaut reforçará a ideia de que as tecnologias de informação (TI) obrigam a uma sistematização, referindo iniciativas nacionais emblemáticas como o dos Campus Virtuais (redes sem fios em todas as universidades e estas ligadas entre si), o das compras públicas electrónicas (para combater a burocracia e obter melhores condições), o do plano nacional para a banda larga e o do próximo lançamento do Portal do Cidadão, previsto para Janeiro. Arnaut realçará ainda a sua preocupação com a necessidade de conteúdos electrónicos em língua portuguesa. Por fim, aproveitando uma das temáticas da Cimeira, vai reforçar a necessidade da participação efectiva do sector privado e dos benefícios do cruzamento entre os sectores público e privado a nível regional, nacional e mundial. O Presidente da República, Jorge Sampaio, não estará presente por razões de saúde. Segundo o assessor João Gabriel, a sua intervenção apontava em duas direcções diferentes: a necessidade de uma educação para a sociedade da informação e as desigualdades tecnológicas Norte-Sul, mas também os contrastes no acesso aos meios tecnológicos nas sociedades desenvolvidas. Apesar de Portugal país aparentar estar, aqui, na linha da frente, nem sempre os números traduzem a verdade. Os dados da Autoridade Nacional das Comunicações (Anacom) apontam para 6,54 milhões de subscrições de acesso à Internet no final do terceiro trimestre do ano, correspondente a uma taxa de penetração de 62,8 por cento e um crescimento de 38,6 por cento face ao mesmo período do ano passado - mas "ignora" as diversas inscrições em paralelo de milhares de utilizadores em vários serviços gratuitos dos fornecedores de acesso à Internet (os ISP). A Anacom recebe os valores divulgados pelos ISP e contabiliza-os em conjunto, partindo desse valor falseado para extrapolar crescimentos e taxas de penetração. Isto não quer dizer que número de portugueses ligados à Internet não tenha crescido. Eram 39 por cento, segundo um inquérito ao uso das TI pela população nacional feito pela UMIC em Julho, e 53 por cento usava computador. O facto de não se ligarem mais passava pelo elevado custo (40 por cento), por acederem noutros locais (22 por cento) e apenas 14 por cento dos inquiridos com computador mostrava não ter qualquer interesse em se ligar à Internet. Num estudo preparado para a cimeira, Portugal posiciona-se na segunda divisão em 178 países. No Índice de Acesso Digital - primeiro estudo mundial sobre oito variáveis envolvendo as tecnologias de informação e comunicação, realizado pela União Internacional das Telecomunicações (UIT) -, Portugal estava em 33º lugar, atrás da Grécia, República Checa, Espanha, Estónia, Chipre ou Irlanda, para só falar dos países incluídos nessa segunda divisão. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Financiamento das novas tecnologias divide países ricos e pobres
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