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01-07-2011
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PovoPovo que lavas no rio,Que vais às feiras e à tenda,Que talhas com teu machadoAs tábuas do meu caixão,Pode haver quem te defenda,Quem turve o teu ar sadio,Quem compre o teu chão sagrado,Mas a tua vida, não!Meu cravo branco na orelha!Minha camélia vermelha!Meu verde manjericão!Ó natureza vadia!Vejo uma fotografia…Mas a tua vida, não!Fui ter à mesa redonda,Bebendo em malga que escondaO beijo, de mão em mão…Água pura, fruto agreste,Fora o vinho que me deste,Mas a tua vida, não!Procissões de praia e monte,Areais, píncaros, passosAtrás dos quais os meus vão!Que é dos cântaros da fonte?Guardo o jeito desses braços…Mas a tua vida, não!Aromas de urze e de lama!Dormi com eles na cama…Tive a mesma condição.Bruxas e lobas, estrelas!Tive o dom de conhecê-las…Mas a tua vida, não!Subi às frias montanhas,Pelas veredas estranhasOnde os meus olhos estão.Rasguei certo corpo ao meio…Vi certa curva em teu seio…Mas a tua vida, não!Só tu! Só tu és verdade!Quando o remorso me invadeE me leva à confissão…Povo! Povo! Eu te pertenço.Deste-me alturas de incenso.Mas a tua vida, não!Povo que lavas no rio,Que vais às feiras e à tenda,Que talhas com o teu machadoAs tábuas do meu caixão,Pode haver quem te defenda,Quem turve teu ar sadio,Quem compre o teu chão sagrado,Mas a tua vida, não!Pedro Homem de Mello, Povo que lavas no rio (1969)Em versões adaptadas, o poema existe interpretado por várias vozes, como as de Amália, António Variações, Dulce Pontes ou Mariza.


PovoPovo que lavas no rio,Que vais às feiras e à tenda,Que talhas com teu machadoAs tábuas do meu caixão,Pode haver quem te defenda,Quem turve o teu ar sadio,Quem compre o teu chão sagrado,Mas a tua vida, não!Meu cravo branco na orelha!Minha camélia vermelha!Meu verde manjericão!Ó natureza vadia!Vejo uma fotografia…Mas a tua vida, não!Fui ter à mesa redonda,Bebendo em malga que escondaO beijo, de mão em mão…Água pura, fruto agreste,Fora o vinho que me deste,Mas a tua vida, não!Procissões de praia e monte,Areais, píncaros, passosAtrás dos quais os meus vão!Que é dos cântaros da fonte?Guardo o jeito desses braços…Mas a tua vida, não!Aromas de urze e de lama!Dormi com eles na cama…Tive a mesma condição.Bruxas e lobas, estrelas!Tive o dom de conhecê-las…Mas a tua vida, não!Subi às frias montanhas,Pelas veredas estranhasOnde os meus olhos estão.Rasguei certo corpo ao meio…Vi certa curva em teu seio…Mas a tua vida, não!Só tu! Só tu és verdade!Quando o remorso me invadeE me leva à confissão…Povo! Povo! Eu te pertenço.Deste-me alturas de incenso.Mas a tua vida, não!Povo que lavas no rio,Que vais às feiras e à tenda,Que talhas com o teu machadoAs tábuas do meu caixão,Pode haver quem te defenda,Quem turve teu ar sadio,Quem compre o teu chão sagrado,Mas a tua vida, não!Pedro Homem de Mello, Povo que lavas no rio (1969)Em versões adaptadas, o poema existe interpretado por várias vozes, como as de Amália, António Variações, Dulce Pontes ou Mariza.

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