Com as negociações com as autoridades europeias e o FMI ainda por concluir, o Governo irlandês decidiu antecipar-se e apresentou um plano de austeridade usando a "fórmula FMI". Mas será que a economia vai resistir?
Esta é agora a grande dúvida na cabeça dos irlandeses, depois de ficarem a saber que o Governo liderado por Brian Cowen (na foto) vai querer cortar 15 mil milhões de euros no seu défice até 2014. Este ano, a economia já está em recessão e as esperanças de que em 2011 possa haver uma retoma são agora quase nulas, perante a perspectiva de contracção muito forte da procura interna, induzida pelo plano de austeridade.
Um cocktail de cortes nas despesa e investimento públicos, redução das regalias sociais e subida de impostos deverá garantir, tal como aconteceu com os anteriores planos de austeridade lançados por Dublin, que as famílias vão consumir menos e as empresas cortar no investimento.
Acresce a isto a situação ainda extremamente difícil dos bancos irlandeses (e que é a causa primeira da ajuda europeia ao país), que deverá continuar a manter o acesso ao crédito a níveis muito baixos. Os mais optimistas assinalam que a economia irlandesa tem vantagens que lhe vão permitir uma recuperação mais rápida do que, por exemplo, Portugal: uma população muito qualificada, a utilização da língua inglesa e uma tributação muito baixa das empresas.
Foi aliás para manter intactas essas vantagens que o Governo irlandês fez questão de, contra as pressões dos seus parceiros europeus, manter a taxa de IRC nos 12,5 por cento, preferindo subir o IVA e o IRS.
Neste balanço, o factor decisivo poderá ser a forma como se conseguirá recuperar o sector financeiro da situação de ruptura em que se encontra. Será para isso que servirá a ajuda externa agora recebida.
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No entanto, se o plano de austeridade já é conhecido, ainda não se sabe de que forma é que será usado o fundo europeu e em que montantes. Um dos objectivos, de acordo com informações que têm sido prestadas por responsáveis do executivo irlandês, é o de "sobrecapitalizar" os bancos, atingindo rácios de solvabilidade próximos de 12 por cento.
Dublin prefere que tal seja conseguido com capitais privados, estando à espera que apareçam interessados, mas a maior parte dos analistas aposta num aumento da participação do Estado no sector bancário como a única solução.
A agência Reuters noticiava ontem que o Banco da Irlanda, a maior instituição do país, poderia ver o peso do Estado no seu capital subir dos actuais 36 por cento para 80 por cento. O Allied Irish Banks poderia seguir o caminho do Anglo Irish Bank e ser totalmente nacionalizado. Isso seria feito com o recurso ao fundo agora a ser negociado com os outros países da zona euro e com o FMI. S.A.
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Com as negociações com as autoridades europeias e o FMI ainda por concluir, o Governo irlandês decidiu antecipar-se e apresentou um plano de austeridade usando a "fórmula FMI". Mas será que a economia vai resistir?
Esta é agora a grande dúvida na cabeça dos irlandeses, depois de ficarem a saber que o Governo liderado por Brian Cowen (na foto) vai querer cortar 15 mil milhões de euros no seu défice até 2014. Este ano, a economia já está em recessão e as esperanças de que em 2011 possa haver uma retoma são agora quase nulas, perante a perspectiva de contracção muito forte da procura interna, induzida pelo plano de austeridade.
Um cocktail de cortes nas despesa e investimento públicos, redução das regalias sociais e subida de impostos deverá garantir, tal como aconteceu com os anteriores planos de austeridade lançados por Dublin, que as famílias vão consumir menos e as empresas cortar no investimento.
Acresce a isto a situação ainda extremamente difícil dos bancos irlandeses (e que é a causa primeira da ajuda europeia ao país), que deverá continuar a manter o acesso ao crédito a níveis muito baixos. Os mais optimistas assinalam que a economia irlandesa tem vantagens que lhe vão permitir uma recuperação mais rápida do que, por exemplo, Portugal: uma população muito qualificada, a utilização da língua inglesa e uma tributação muito baixa das empresas.
Foi aliás para manter intactas essas vantagens que o Governo irlandês fez questão de, contra as pressões dos seus parceiros europeus, manter a taxa de IRC nos 12,5 por cento, preferindo subir o IVA e o IRS.
Neste balanço, o factor decisivo poderá ser a forma como se conseguirá recuperar o sector financeiro da situação de ruptura em que se encontra. Será para isso que servirá a ajuda externa agora recebida.
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No entanto, se o plano de austeridade já é conhecido, ainda não se sabe de que forma é que será usado o fundo europeu e em que montantes. Um dos objectivos, de acordo com informações que têm sido prestadas por responsáveis do executivo irlandês, é o de "sobrecapitalizar" os bancos, atingindo rácios de solvabilidade próximos de 12 por cento.
Dublin prefere que tal seja conseguido com capitais privados, estando à espera que apareçam interessados, mas a maior parte dos analistas aposta num aumento da participação do Estado no sector bancário como a única solução.
A agência Reuters noticiava ontem que o Banco da Irlanda, a maior instituição do país, poderia ver o peso do Estado no seu capital subir dos actuais 36 por cento para 80 por cento. O Allied Irish Banks poderia seguir o caminho do Anglo Irish Bank e ser totalmente nacionalizado. Isso seria feito com o recurso ao fundo agora a ser negociado com os outros países da zona euro e com o FMI. S.A.