Bons ventos de Angola

10-05-2015
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Bons ventos de Angola

António Costa

antonio.costa@economico.pt

21 Out 2014

O Novo Banco ainda não apresentou publicamente o seu balanço, mas já se sabe que tem uma ‘folga' de mil milhões de euros por causa de Angola e da Venezuela, dois dossiês que resultam de soluções diferentes mas que contribuem para o mesmo desenlace, a venda a um preço com um prejuízo limitado.

Já toda a gente percebeu que a venda do Novo Banco não será feita por 4,9 mil milhões de euros, o valor da dotação de capital, e foi por isso que o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho e a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, suscitaram a discussão sobre os encargos para os contribuintes através do risco de perdas da CGD, o banco com maior quota no Fundo de Resolução. E também foi por isso que Cavaco Silva entendeu dar uma lição de economês, a despropósito, sobre o que deve ser considerado um custo dos contribuintes quando estão em causa empresas públicas. Adiante, por que essa avaliação virá mais tarde do que cedo. No final do dia, a gestão de Stock da Cunha poderá ser decisiva para limitar as perdas.

O papel do presidente do Novo Banco seria sempre difícil, para Stock da Cunha, para o melhor banqueiro do mundo, e até temos pelo menos um português que entra neste ranking. Porque a destruição de valor da marca foi terrível, porque a perda de clientes, de depositantes e de empresas, foi ainda pior. Stock da Cunha tem surpreendido, porque tem fechado dossiês. E pôs o banco a funcionar.

É claro que os efeitos desta resolução do BES na economia estão ainda por apurar, basta ver o que se passa na PT. Agora, a gestão do novo Banco fechou mais dois trabalhos. O dossiê da Venezuela teve uma decisão administrativa do Fundo de Resolução, leia-se de Carlos Costa. A garantia passou para o BES, o ‘bad bank', e isso libertou mais de 300 milhões de euros de capital.

A relação com Angola e com o BESA era mais difícil, e mais importante de resolver. Não só por causa dos montantes envolvidos, mais de 3,3 mil milhões de euros de empréstimos em risco de ‘arderem', mas também porque o Novo Banco continua a ter muitos clientes de Angola e, seja qual for o seu futuro, continuará a precisar daquele mercado. Com esta operação, liberta mais de 700 milhões de euros de capital.

Na semana de todas as decisões do BCE sobre os testes de stress e da avaliação da qualidade de activos dos bancos europeus e também, claro, portugueses, é importante que o Novo Banco, e os outros, é evidente, passem o teste e passem para a supervisão europeia com os rácios de solvabilidade confortáveis. Isto, claro, se não surgirem surpresas.

PS: Se há algum sector que está a correr de feição em Portugal, mesmo neste Portugal em ajustamento, é o do turismo. E se há Governo que nos habituou a criar ‘taxas e taxinhas' em tudo que mexe, sempre com princípios bondosos, claro, é o que está em funções. É por isso que a garantia de António Pires de Lima de que não haverá novas taxas no sector do turismo é notícia. Especialmente quando esta proposta de Orçamento do Estado recorre a novos impostos, alguns extraordinários, para resolver o que deveria ser assegurado pelo corte de despesa.

Bons ventos de Angola

António Costa

antonio.costa@economico.pt

21 Out 2014

O Novo Banco ainda não apresentou publicamente o seu balanço, mas já se sabe que tem uma ‘folga' de mil milhões de euros por causa de Angola e da Venezuela, dois dossiês que resultam de soluções diferentes mas que contribuem para o mesmo desenlace, a venda a um preço com um prejuízo limitado.

Já toda a gente percebeu que a venda do Novo Banco não será feita por 4,9 mil milhões de euros, o valor da dotação de capital, e foi por isso que o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho e a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, suscitaram a discussão sobre os encargos para os contribuintes através do risco de perdas da CGD, o banco com maior quota no Fundo de Resolução. E também foi por isso que Cavaco Silva entendeu dar uma lição de economês, a despropósito, sobre o que deve ser considerado um custo dos contribuintes quando estão em causa empresas públicas. Adiante, por que essa avaliação virá mais tarde do que cedo. No final do dia, a gestão de Stock da Cunha poderá ser decisiva para limitar as perdas.

O papel do presidente do Novo Banco seria sempre difícil, para Stock da Cunha, para o melhor banqueiro do mundo, e até temos pelo menos um português que entra neste ranking. Porque a destruição de valor da marca foi terrível, porque a perda de clientes, de depositantes e de empresas, foi ainda pior. Stock da Cunha tem surpreendido, porque tem fechado dossiês. E pôs o banco a funcionar.

É claro que os efeitos desta resolução do BES na economia estão ainda por apurar, basta ver o que se passa na PT. Agora, a gestão do novo Banco fechou mais dois trabalhos. O dossiê da Venezuela teve uma decisão administrativa do Fundo de Resolução, leia-se de Carlos Costa. A garantia passou para o BES, o ‘bad bank', e isso libertou mais de 300 milhões de euros de capital.

A relação com Angola e com o BESA era mais difícil, e mais importante de resolver. Não só por causa dos montantes envolvidos, mais de 3,3 mil milhões de euros de empréstimos em risco de ‘arderem', mas também porque o Novo Banco continua a ter muitos clientes de Angola e, seja qual for o seu futuro, continuará a precisar daquele mercado. Com esta operação, liberta mais de 700 milhões de euros de capital.

Na semana de todas as decisões do BCE sobre os testes de stress e da avaliação da qualidade de activos dos bancos europeus e também, claro, portugueses, é importante que o Novo Banco, e os outros, é evidente, passem o teste e passem para a supervisão europeia com os rácios de solvabilidade confortáveis. Isto, claro, se não surgirem surpresas.

PS: Se há algum sector que está a correr de feição em Portugal, mesmo neste Portugal em ajustamento, é o do turismo. E se há Governo que nos habituou a criar ‘taxas e taxinhas' em tudo que mexe, sempre com princípios bondosos, claro, é o que está em funções. É por isso que a garantia de António Pires de Lima de que não haverá novas taxas no sector do turismo é notícia. Especialmente quando esta proposta de Orçamento do Estado recorre a novos impostos, alguns extraordinários, para resolver o que deveria ser assegurado pelo corte de despesa.

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