Nesta hora: Paulino Pereira

02-07-2011
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Neste dia, em 1917, nasceu em Torres Vedras José Paulino Pereira, futuro médico formado em Coimbra (1946) e cirurgião em Setúbal, bem conhecido pelo seu envolvimento na medicina e na vida da cidade sadina. Há pouco mais de uma semana, em 4 de Maio, o Dr. Paulino passou a viver apenas na nossa memória, partindo à beira de fazer 91 anos, linda e legítima idade para contar a vida, para passar a experiência, para mostrar o olhar sobre o (seu) mundo. O Dr. Paulino não pôde, por essa decisão das parcas, assistir ao aparecimento do seu livro que, hoje mesmo, dia do seu aniversário, foi posto à venda em Setúbal, na Culsete, livraria que tem a seu cargo a difusão desta obra, em que o livreiro Manuel Medeiros se empenhou.Aqui há uns anos – cinco, seis? –, o Dr. Paulino dizia-me que gostava de coligir num volume os seus escritos, uns de memórias, outros de histórias. A partir daí, quando o encontrava, perguntava-lhe pelo livro. Só o deixei de fazer agora para o fim, vendo-o a decair, sempre apoiado na garra da esposa, professora aposentada, a Dra. Auzenda.É claro que já fui comprar o livro. Tinha que ser hoje, em gesto de quase homenagem, admito. Tinha que ser ainda hoje o início da sua leitura, para me reencontrar com aquele espírito humorístico, fino, crítico, requintado, que animava o Dr. Paulino. Quando, no dia 5, soube telefonicamente do falecimento do Dr. Paulino, uma pessoa que estava comigo e se apercebeu do teor da conversa perguntou-me, em jeito de confirmação, se este Dr. Paulino de que eu falara ao telefone era aquele que tivera consultório ali na 22 de Dezembro, que tinha estado a dirigir o Hospital de S. Bernardo e que era cirurgião… Disse-lhe que sim. E a senhora, que conhecera o Dr. Paulino em circunstâncias de recurso médico, não se conteve: “Esse senhor era um doce. Tão fino, tão pronto, tão atencioso, tão humano… Era uma doçura!”Bisturi do tempo é, assim, o legado escrito que o Dr. Paulino Pereira deixou aos seus amigos e aos curiosos, obra que assenta também numa geografia própria, que é a do mapa das suas permanências, com entradas para Torres Vedras (cidade onde nasceu e que começa por evocar no texto “A minha rua”, numa ida até à rua dos Celeiros de Santa Maria), para Coimbra (onde estudou medicina), para Peniche (onde passou férias muitas vezes) e para Setúbal (cidade onde se fixou e que adoptou como sua ou por ela foi adoptado).Não resisto sem transcrever o final do prefácio redigido por Jorge Abreu e Silva, médico e amigo do autor: “Esta é uma obra para gente que sente, que pensa, que sonha. É uma obra obrigatória para quem, como eu, o Paulino Pereira e tantos colegas da velha Universidade de Coimbra, aprendemos na Escola da Vida o valor da Amizade, a força da Liberdade, a intensidade do Amor, a magia da Medicina praticada com humanidade. Ler esta obra é sorrir, emocionarmo-nos e deixar à solta a nossa essência humana mais pura.”A ler, obviamente.


Neste dia, em 1917, nasceu em Torres Vedras José Paulino Pereira, futuro médico formado em Coimbra (1946) e cirurgião em Setúbal, bem conhecido pelo seu envolvimento na medicina e na vida da cidade sadina. Há pouco mais de uma semana, em 4 de Maio, o Dr. Paulino passou a viver apenas na nossa memória, partindo à beira de fazer 91 anos, linda e legítima idade para contar a vida, para passar a experiência, para mostrar o olhar sobre o (seu) mundo. O Dr. Paulino não pôde, por essa decisão das parcas, assistir ao aparecimento do seu livro que, hoje mesmo, dia do seu aniversário, foi posto à venda em Setúbal, na Culsete, livraria que tem a seu cargo a difusão desta obra, em que o livreiro Manuel Medeiros se empenhou.Aqui há uns anos – cinco, seis? –, o Dr. Paulino dizia-me que gostava de coligir num volume os seus escritos, uns de memórias, outros de histórias. A partir daí, quando o encontrava, perguntava-lhe pelo livro. Só o deixei de fazer agora para o fim, vendo-o a decair, sempre apoiado na garra da esposa, professora aposentada, a Dra. Auzenda.É claro que já fui comprar o livro. Tinha que ser hoje, em gesto de quase homenagem, admito. Tinha que ser ainda hoje o início da sua leitura, para me reencontrar com aquele espírito humorístico, fino, crítico, requintado, que animava o Dr. Paulino. Quando, no dia 5, soube telefonicamente do falecimento do Dr. Paulino, uma pessoa que estava comigo e se apercebeu do teor da conversa perguntou-me, em jeito de confirmação, se este Dr. Paulino de que eu falara ao telefone era aquele que tivera consultório ali na 22 de Dezembro, que tinha estado a dirigir o Hospital de S. Bernardo e que era cirurgião… Disse-lhe que sim. E a senhora, que conhecera o Dr. Paulino em circunstâncias de recurso médico, não se conteve: “Esse senhor era um doce. Tão fino, tão pronto, tão atencioso, tão humano… Era uma doçura!”Bisturi do tempo é, assim, o legado escrito que o Dr. Paulino Pereira deixou aos seus amigos e aos curiosos, obra que assenta também numa geografia própria, que é a do mapa das suas permanências, com entradas para Torres Vedras (cidade onde nasceu e que começa por evocar no texto “A minha rua”, numa ida até à rua dos Celeiros de Santa Maria), para Coimbra (onde estudou medicina), para Peniche (onde passou férias muitas vezes) e para Setúbal (cidade onde se fixou e que adoptou como sua ou por ela foi adoptado).Não resisto sem transcrever o final do prefácio redigido por Jorge Abreu e Silva, médico e amigo do autor: “Esta é uma obra para gente que sente, que pensa, que sonha. É uma obra obrigatória para quem, como eu, o Paulino Pereira e tantos colegas da velha Universidade de Coimbra, aprendemos na Escola da Vida o valor da Amizade, a força da Liberdade, a intensidade do Amor, a magia da Medicina praticada com humanidade. Ler esta obra é sorrir, emocionarmo-nos e deixar à solta a nossa essência humana mais pura.”A ler, obviamente.

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