De poetae dolorum natura

15-08-2015
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I

Exerço o cargo de crucificado ambulante

nos sitiados penhascos do quotidiano

conjuntamente com o ofício de cronista

desse despovoado calvário, minha pátria.

II

De tudo aquilo que arde

o fogo é o que menos queima.

As escuridões vêm doer em mim, e o meu corpo

é um caminho abandonado, uma solidão de pastor.

III

Por vezes dou passos irrespiráveis

os meus olhos, esquálidos, cambaleiam

o sangue fica míope e ensurdece, as mãos azedam

desequilibro-me, experimento falecimentos.

IV

Passados tantos anos

o visceral estigma permanece:

continuo um profeta sem papéis.

A morte incumbir-se-á de cicatrizar esta dor – a minha condição.

____

dinismoura

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I

Exerço o cargo de crucificado ambulante

nos sitiados penhascos do quotidiano

conjuntamente com o ofício de cronista

desse despovoado calvário, minha pátria.

II

De tudo aquilo que arde

o fogo é o que menos queima.

As escuridões vêm doer em mim, e o meu corpo

é um caminho abandonado, uma solidão de pastor.

III

Por vezes dou passos irrespiráveis

os meus olhos, esquálidos, cambaleiam

o sangue fica míope e ensurdece, as mãos azedam

desequilibro-me, experimento falecimentos.

IV

Passados tantos anos

o visceral estigma permanece:

continuo um profeta sem papéis.

A morte incumbir-se-á de cicatrizar esta dor – a minha condição.

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dinismoura

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