"Moulin Rouge" de Baz Luhrmann, "Chicago" de Rob Marshall ou mesmo "Dancer in the Dark" de Lars Von Trier já tinham dado algumas pistas, e "O Fantasma da Ópera de Andrew Lloyd Webber" (Andrew Lloyd Webber's The Phantom of the Opera) só vem confirmar que o cinema recente começa a recuperar um género que já se pensava quase esquecido: o musical.
O realizador Joel Schumacher é um dos mais recentes impulsionadores do género, elaborando a adaptação cinematográfica de "O Fantasma da Ópera", de Andrew Lloyd Webber, para muitos um dos mais aguardados filmes da recta final de 2004.
Enquanto cineasta, Schumacher tem apresentado um percurso irregular, pontuado por algumas obras inspiradas (o recomendável "Tigerland", que passou praticamente despercebido do grande público) e lamentáveis falhanços ("Batman & Robin", embaraçosa adaptação das aventuras do emblemático super-herói).
Após o êxito relativo do thriller "Cabine Telefónica" (Phone Booth), o realizador regressa a uma produção de grande orçamento, mas os resultados qualitativos não são proporcionais às avultadas quantias investidas. Recorrendo a actores pouco conhecidos do grande público - uma exigência de Andrew Lloyd Webber -, o filme começa por desiludir pelo elenco. O par amoroso central, constituído por Emmy Rossum e Patrick Wilson, não tem carisma suficiente para suportar a película, e embora Gerard Butler, que interpreta o Fantasma, consiga ser um pouco mais convincente, também não é uma presença particularmente intrigante.
Emmy Rossum encarna a típica jovem imberbe e sem chama e Patrick Wilson assume uma personagem ainda mais plana e desinspirada, decepcionando após a surpreendente colaboração na série televisiva "Anjos na América" (Angels in America), de Mike Nichols. As veteranas Miranda Richardson e Minnie Driver são os nomes mais mediáticos do elenco, contudo encontram-se aqui em papéis secundários. Se a primeira é competente, como já é hábito, a segunda abusa do registo histriónico, tornando-se mais enfadonha do que divertida.
Exibindo uma considerável falta de ritmo, o filme arrasta-se numa narrativa com pouco dinamismo e criatividade, que nem mesmo os faustosos cenários e guarda-roupa conseguem compensar.
Embora haja alguns momentos que ainda entusiasmam a nível visual, a falta de densidade das interpretações, os redundantes "números" musicais e a abordagem (entre o barroco e o "camp") ao trabalho de Andrew Lloyd Webber fazem com que este "Fantasma da Ópera" se torne num concentrado de monotonia interminável.
Nem mesmo as sequências finais conseguem melhorar os resultados, apresentando uma vertente de melodrama "puxa lágrima" aparentada de "A Bela e o Monstro" e proporcionando um desfecho previsível para o triângulo amoroso.
Por vezes teatral mas com escassa tensão dramática e com tanto de pomposo quanto de soporífero, "O Fantasma da Ópera de Andrew Lloyd Webber" é um produto que demora a consumir mas esquece-se rapidamente. Espera-se que no seu próximo projecto Joel Schumacher volte a surpreender, mas pela positiva.E O VEREDICTO É: 1/5 - DISPENSÁVEL
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"Moulin Rouge" de Baz Luhrmann, "Chicago" de Rob Marshall ou mesmo "Dancer in the Dark" de Lars Von Trier já tinham dado algumas pistas, e "O Fantasma da Ópera de Andrew Lloyd Webber" (Andrew Lloyd Webber's The Phantom of the Opera) só vem confirmar que o cinema recente começa a recuperar um género que já se pensava quase esquecido: o musical.
O realizador Joel Schumacher é um dos mais recentes impulsionadores do género, elaborando a adaptação cinematográfica de "O Fantasma da Ópera", de Andrew Lloyd Webber, para muitos um dos mais aguardados filmes da recta final de 2004.
Enquanto cineasta, Schumacher tem apresentado um percurso irregular, pontuado por algumas obras inspiradas (o recomendável "Tigerland", que passou praticamente despercebido do grande público) e lamentáveis falhanços ("Batman & Robin", embaraçosa adaptação das aventuras do emblemático super-herói).
Após o êxito relativo do thriller "Cabine Telefónica" (Phone Booth), o realizador regressa a uma produção de grande orçamento, mas os resultados qualitativos não são proporcionais às avultadas quantias investidas. Recorrendo a actores pouco conhecidos do grande público - uma exigência de Andrew Lloyd Webber -, o filme começa por desiludir pelo elenco. O par amoroso central, constituído por Emmy Rossum e Patrick Wilson, não tem carisma suficiente para suportar a película, e embora Gerard Butler, que interpreta o Fantasma, consiga ser um pouco mais convincente, também não é uma presença particularmente intrigante.
Emmy Rossum encarna a típica jovem imberbe e sem chama e Patrick Wilson assume uma personagem ainda mais plana e desinspirada, decepcionando após a surpreendente colaboração na série televisiva "Anjos na América" (Angels in America), de Mike Nichols. As veteranas Miranda Richardson e Minnie Driver são os nomes mais mediáticos do elenco, contudo encontram-se aqui em papéis secundários. Se a primeira é competente, como já é hábito, a segunda abusa do registo histriónico, tornando-se mais enfadonha do que divertida.
Exibindo uma considerável falta de ritmo, o filme arrasta-se numa narrativa com pouco dinamismo e criatividade, que nem mesmo os faustosos cenários e guarda-roupa conseguem compensar.
Embora haja alguns momentos que ainda entusiasmam a nível visual, a falta de densidade das interpretações, os redundantes "números" musicais e a abordagem (entre o barroco e o "camp") ao trabalho de Andrew Lloyd Webber fazem com que este "Fantasma da Ópera" se torne num concentrado de monotonia interminável.
Nem mesmo as sequências finais conseguem melhorar os resultados, apresentando uma vertente de melodrama "puxa lágrima" aparentada de "A Bela e o Monstro" e proporcionando um desfecho previsível para o triângulo amoroso.
Por vezes teatral mas com escassa tensão dramática e com tanto de pomposo quanto de soporífero, "O Fantasma da Ópera de Andrew Lloyd Webber" é um produto que demora a consumir mas esquece-se rapidamente. Espera-se que no seu próximo projecto Joel Schumacher volte a surpreender, mas pela positiva.E O VEREDICTO É: 1/5 - DISPENSÁVEL