gonn1000: MORTE AO SEGUNDO DISCO?

30-06-2011
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No seu álbum de estreia, "Hot Fuss", de 2004, os Killers recuperaram elementos de bandas britânicas como os Duran Duran, New Order ou Smiths, recontextualizando-os em canções de travo contemporâneo mas de indiscutíveis contornos eighties.Ao segundo disco, "Sam's Town", a banda de Las Vegas reclama influências da mesma época, mas desta vez norte-americanas, aspirando paralelismos a registos de Bruce Springsteen editados nesse período. Esta alteração na sonoridade foi acompanhada, de resto, por uma mudança de look, que não se percebe muito bem se é suposto ser paródico (veja-se o bigode do vocalista Brandon Flowers, o pormenor mais kitsch da sua nova imagem).O que também não se compreende ao certo se pretende ser paródico é o álbum, que nos melhores momentos nem lembra tanto as canções do Boss mas antes dos U2 de meados de 80 e, nos piores (e não são tão poucos como isso), aproxima-se dos momentos mais duvidosos de uns Queen ou mesmo dos maneirismos de um Meat Loaf.O problema é que a banda parece querer ser levada a sério, como o evidencia a pretensão conceptual do disco. Desde canções intituladas "Enterlude" (estranhamente, o segundo tema) ou "Exitlude" até à abordagem de temáticas religiosas ou de uma certa identidade americana, não falta pompa a "Sam's Town", mas seria preferível que o grupo mantivesse a postura despretensiosa do primeiro disco em vez de procurar uma densidade que não tem capacidade para abordar.Em vez de grandioso, o álbum soa apenas balofo e excessivo, não sendo por isso a produção de Flood e Alan Moulder que consegue disfarçar o esquematismo da maioria das composições. Os sintetizadores, recurso recorrente no registo de estreia, cedem o protagonismo a guitarras sem sinais particulares, e a voz de Brandon Flowers reforça o tom melodramático, mas só a espaços é capaz de evocar algum sentido de urgência.Isto faz de "Sam's Town" um mau disco? Nem por isso, assim como "Hot Fuss" também não era uma obra brilhante, mas pelo menos possuía maior sensibilidade pop, sobretudo em duas ou três canções de quilate superior como a frenética "Somebody Told Me" ou esse hino chamado "Mr. Brightside". O mesmo nível nunca é atingido aqui, o que não invalida que não se encontrem pontuais bons momentos, como o comprovam o eficaz primeiro single "When You Were Young", o catchy "Read My Mind" ou o promissor tema-título, curiosamente os mais próximos dos ambientes do registo de estreia.Mas ouvir "Sam's Town" do início ao fim torna-se extenuante e a recta final é particularmente desinspirada, com um lote de temas que já seria arriscado escolher para lados-b, atirando os Killers para uma terra de ninguém e adicionando-os à lista dos que sofrem do sídrome do "difícil segundo álbum". Resta desejar-lhes melhoras rápidas. E O VEREDICTO É: 2,5/5 - RAZOÁVEL The Killers - "When You Were Young"


No seu álbum de estreia, "Hot Fuss", de 2004, os Killers recuperaram elementos de bandas britânicas como os Duran Duran, New Order ou Smiths, recontextualizando-os em canções de travo contemporâneo mas de indiscutíveis contornos eighties.Ao segundo disco, "Sam's Town", a banda de Las Vegas reclama influências da mesma época, mas desta vez norte-americanas, aspirando paralelismos a registos de Bruce Springsteen editados nesse período. Esta alteração na sonoridade foi acompanhada, de resto, por uma mudança de look, que não se percebe muito bem se é suposto ser paródico (veja-se o bigode do vocalista Brandon Flowers, o pormenor mais kitsch da sua nova imagem).O que também não se compreende ao certo se pretende ser paródico é o álbum, que nos melhores momentos nem lembra tanto as canções do Boss mas antes dos U2 de meados de 80 e, nos piores (e não são tão poucos como isso), aproxima-se dos momentos mais duvidosos de uns Queen ou mesmo dos maneirismos de um Meat Loaf.O problema é que a banda parece querer ser levada a sério, como o evidencia a pretensão conceptual do disco. Desde canções intituladas "Enterlude" (estranhamente, o segundo tema) ou "Exitlude" até à abordagem de temáticas religiosas ou de uma certa identidade americana, não falta pompa a "Sam's Town", mas seria preferível que o grupo mantivesse a postura despretensiosa do primeiro disco em vez de procurar uma densidade que não tem capacidade para abordar.Em vez de grandioso, o álbum soa apenas balofo e excessivo, não sendo por isso a produção de Flood e Alan Moulder que consegue disfarçar o esquematismo da maioria das composições. Os sintetizadores, recurso recorrente no registo de estreia, cedem o protagonismo a guitarras sem sinais particulares, e a voz de Brandon Flowers reforça o tom melodramático, mas só a espaços é capaz de evocar algum sentido de urgência.Isto faz de "Sam's Town" um mau disco? Nem por isso, assim como "Hot Fuss" também não era uma obra brilhante, mas pelo menos possuía maior sensibilidade pop, sobretudo em duas ou três canções de quilate superior como a frenética "Somebody Told Me" ou esse hino chamado "Mr. Brightside". O mesmo nível nunca é atingido aqui, o que não invalida que não se encontrem pontuais bons momentos, como o comprovam o eficaz primeiro single "When You Were Young", o catchy "Read My Mind" ou o promissor tema-título, curiosamente os mais próximos dos ambientes do registo de estreia.Mas ouvir "Sam's Town" do início ao fim torna-se extenuante e a recta final é particularmente desinspirada, com um lote de temas que já seria arriscado escolher para lados-b, atirando os Killers para uma terra de ninguém e adicionando-os à lista dos que sofrem do sídrome do "difícil segundo álbum". Resta desejar-lhes melhoras rápidas. E O VEREDICTO É: 2,5/5 - RAZOÁVEL The Killers - "When You Were Young"

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