Primeira longa-metragem de Judd Apatow – criador da série de culto “Freaks and Geeks” -, “Virgem aos 40 Anos” (The 40-Year-Old Virgin) é mais um filme norte-americano que, à semelhança do recente “Os Fura-Casamentos”, combina traços de comédia romântica com um tipo de humor algo escatológico e de gosto duvidoso.Andy é um pacato homem de 40 anos que vive e trabalha nos subúrbios, mantendo um dia-a-dia marcado por uma rotina entre a casa e o trabalho, raramente alterando a rotina e possuindo uma escassa vida social. Contudo, o seu quotidiano altera-se significativamente quando os seus colegas descobrem que ainda é virgem e logo passam a criar múltiplos planos para que Andy coloque um fim a esse estado.Com este ponto de partida, “Virgem aos 40 Anos” não se distingue muito de inúmeras comédias descartáveis que surgiram nos últimos anos, tendo “American Pie – A Primeira Vez”, de Paul Weitz, como fonte inspiradora e apostando em situações pouco criativas, repetindo clichés com cenas de um humor grosseiro, forçado e óbvio.No entanto, Apatow comprovou já em trabalhos anteriores para a televisão que conseguia gerar boas cenas cómicas com frescura e espontaneidade q.b., evitando caminhos mais fáceis e já esgotados. Em “Virgem aos 40 Anos” o realizador continua a manter essa eficácia, mas por vezes cede também à banalidade, tornando-se cansativo e redundante (como na desbragada, e demasiado longa, sequência da depilação).O filme não inventa nada, mas é um aceitável divertimento que assenta num elenco competente – Steve Carell é um protagonista com quem é fácil sentir empatia e Catherine Keener cumpre no papel de interesse romântico – e numa construção de personagens um pouco mais aprofundada do que na maioria dos filmes do género (embora haja ainda secundários subaproveitados).A película contorna ainda certos lugares comuns ao incluir, por detrás dos muitos gags e episódios esgrouviados, um curioso olhar sobre o crescimento e a maturidade, debruçando-se sobre os dilemas e contradições de um grupo de cativantes losers descoordenados.Contando com uma segura gestão do ritmo, raramente caindo na monotonia, “Virgem aos 40 Anos” oferece uma quantidade apreciável de cenas hilariantes e um argumento que, apesar de formulaico, é suficientemente apelativo.Infelizmente, Apatow não é tão bem sucedido no trabalho de realização, uma vez que a cinematografia não possui quaisquer elementos de singularidade ou ousadia, optando por uma lógica linear e convencional que não esconde as origens televisivas do realizador.De qualquer forma, apesar das suas limitações “Virgem aos 40 Anos” resulta enquanto entretenimento simpático - a espaços contagiante, noutros algo tosco -, tornando-se numa proposta recomendável para quem procure um filme leve e despretensioso. Já não é mau…E O VEREDICTO É: 2,5/5 - RAZOÁVEL
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Primeira longa-metragem de Judd Apatow – criador da série de culto “Freaks and Geeks” -, “Virgem aos 40 Anos” (The 40-Year-Old Virgin) é mais um filme norte-americano que, à semelhança do recente “Os Fura-Casamentos”, combina traços de comédia romântica com um tipo de humor algo escatológico e de gosto duvidoso.Andy é um pacato homem de 40 anos que vive e trabalha nos subúrbios, mantendo um dia-a-dia marcado por uma rotina entre a casa e o trabalho, raramente alterando a rotina e possuindo uma escassa vida social. Contudo, o seu quotidiano altera-se significativamente quando os seus colegas descobrem que ainda é virgem e logo passam a criar múltiplos planos para que Andy coloque um fim a esse estado.Com este ponto de partida, “Virgem aos 40 Anos” não se distingue muito de inúmeras comédias descartáveis que surgiram nos últimos anos, tendo “American Pie – A Primeira Vez”, de Paul Weitz, como fonte inspiradora e apostando em situações pouco criativas, repetindo clichés com cenas de um humor grosseiro, forçado e óbvio.No entanto, Apatow comprovou já em trabalhos anteriores para a televisão que conseguia gerar boas cenas cómicas com frescura e espontaneidade q.b., evitando caminhos mais fáceis e já esgotados. Em “Virgem aos 40 Anos” o realizador continua a manter essa eficácia, mas por vezes cede também à banalidade, tornando-se cansativo e redundante (como na desbragada, e demasiado longa, sequência da depilação).O filme não inventa nada, mas é um aceitável divertimento que assenta num elenco competente – Steve Carell é um protagonista com quem é fácil sentir empatia e Catherine Keener cumpre no papel de interesse romântico – e numa construção de personagens um pouco mais aprofundada do que na maioria dos filmes do género (embora haja ainda secundários subaproveitados).A película contorna ainda certos lugares comuns ao incluir, por detrás dos muitos gags e episódios esgrouviados, um curioso olhar sobre o crescimento e a maturidade, debruçando-se sobre os dilemas e contradições de um grupo de cativantes losers descoordenados.Contando com uma segura gestão do ritmo, raramente caindo na monotonia, “Virgem aos 40 Anos” oferece uma quantidade apreciável de cenas hilariantes e um argumento que, apesar de formulaico, é suficientemente apelativo.Infelizmente, Apatow não é tão bem sucedido no trabalho de realização, uma vez que a cinematografia não possui quaisquer elementos de singularidade ou ousadia, optando por uma lógica linear e convencional que não esconde as origens televisivas do realizador.De qualquer forma, apesar das suas limitações “Virgem aos 40 Anos” resulta enquanto entretenimento simpático - a espaços contagiante, noutros algo tosco -, tornando-se numa proposta recomendável para quem procure um filme leve e despretensioso. Já não é mau…E O VEREDICTO É: 2,5/5 - RAZOÁVEL