gonn1000: CRIANÇAS INVISÍVEIS

30-06-2011
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Nos últimos anos, Robin Williams tem participado em alguns projectos que contrariam a sua imagem de marca tendencialmente associada à comédia, género que marcou grande parte da sua carreira. Títulos como "Insomnia", de Chris Nolan, e sobretudo "Câmara Indiscreta", de Mark Romanek, ajudaram a confirmar a versatilidade do actor, propondo-lhe outro tipo de registos aos quais se adaptou com considerável solidez."Uma Voz na Noite" (The Night Listener) é mais um desses exemplos, misto de drama e thriller psicológico onde um popular radialista inicia uma relação de cumplicidade por telefone com um dos seus ouvintes, um adolescente de saúde frágil, seropositivo e com uma infância atormentada por abusos sexuais.Williams compõe um sólido protagonista, Gabriel Noone, cujo final do relacionamento com o companheiro mais novo o confronta com o seu envelhecimento e solidão, encontrando refúgio nas conversas com o seu intrigante jovem fã, de quem se torna confidente.No entanto, à medida que a amizade entre os dois se vai desenvolvendo, Noone começa a ter dúvidas acerca da identidade do seu interlocutor, o que o leva a tentar encontrá-lo, mas sem sucesso, devido à interferência da suposta tutora do jovem.O realizador Patrick Stettner modela um filme seguro e promissor durante a primeira metade, desenvolvendo um sóbrio drama suportado por personagens com potencial e conseguindo gerar uma apropriada atmosfera intimista. O problema é que, à medida que o argumento vai intensificando a carga de mistério, aproximando-se do thriller, "Uma Voz na Noite" arrasta-se para domínios mais indistintos e minados por algumas doses de previsibilidade.O filme não deixa de ser absorvente até ao final, mas a capacidade de surpreender é diminuta e o suspense, que se insinua a espaços, é desaproveitado por revelações que, a partir de certa altura, já são óbvias para um espectador minimamente atento.Um falhanço interessante, portanto, que tem o mérito de, mesmo sendo desigual, nunca abusar de sequências de perseguições redundantes e sustos formatados que a segunda parte encorajava. E para além de Williams, inclui ainda uma irrepreensível galeria de actores secundários composta por Rory Culkin, Sandra Oh, Bobby Cannavale e Toni Collette, esta última no melhor desempenho do filme, entregue a uma personagem difícil que, se interpretada por uma actriz mediana, não sairia da caricatura. É também por isso uma pena que, no obrigatório balanço final, e pese embora alguma ocasional inspiração, "Uma Voz na Noite" não consiga ultrapassar a barreira de uma esforçada competência. E O VEREDICTO É: 2,5/5 - RAZOÁVEL


Nos últimos anos, Robin Williams tem participado em alguns projectos que contrariam a sua imagem de marca tendencialmente associada à comédia, género que marcou grande parte da sua carreira. Títulos como "Insomnia", de Chris Nolan, e sobretudo "Câmara Indiscreta", de Mark Romanek, ajudaram a confirmar a versatilidade do actor, propondo-lhe outro tipo de registos aos quais se adaptou com considerável solidez."Uma Voz na Noite" (The Night Listener) é mais um desses exemplos, misto de drama e thriller psicológico onde um popular radialista inicia uma relação de cumplicidade por telefone com um dos seus ouvintes, um adolescente de saúde frágil, seropositivo e com uma infância atormentada por abusos sexuais.Williams compõe um sólido protagonista, Gabriel Noone, cujo final do relacionamento com o companheiro mais novo o confronta com o seu envelhecimento e solidão, encontrando refúgio nas conversas com o seu intrigante jovem fã, de quem se torna confidente.No entanto, à medida que a amizade entre os dois se vai desenvolvendo, Noone começa a ter dúvidas acerca da identidade do seu interlocutor, o que o leva a tentar encontrá-lo, mas sem sucesso, devido à interferência da suposta tutora do jovem.O realizador Patrick Stettner modela um filme seguro e promissor durante a primeira metade, desenvolvendo um sóbrio drama suportado por personagens com potencial e conseguindo gerar uma apropriada atmosfera intimista. O problema é que, à medida que o argumento vai intensificando a carga de mistério, aproximando-se do thriller, "Uma Voz na Noite" arrasta-se para domínios mais indistintos e minados por algumas doses de previsibilidade.O filme não deixa de ser absorvente até ao final, mas a capacidade de surpreender é diminuta e o suspense, que se insinua a espaços, é desaproveitado por revelações que, a partir de certa altura, já são óbvias para um espectador minimamente atento.Um falhanço interessante, portanto, que tem o mérito de, mesmo sendo desigual, nunca abusar de sequências de perseguições redundantes e sustos formatados que a segunda parte encorajava. E para além de Williams, inclui ainda uma irrepreensível galeria de actores secundários composta por Rory Culkin, Sandra Oh, Bobby Cannavale e Toni Collette, esta última no melhor desempenho do filme, entregue a uma personagem difícil que, se interpretada por uma actriz mediana, não sairia da caricatura. É também por isso uma pena que, no obrigatório balanço final, e pese embora alguma ocasional inspiração, "Uma Voz na Noite" não consiga ultrapassar a barreira de uma esforçada competência. E O VEREDICTO É: 2,5/5 - RAZOÁVEL

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