Mika fez-se notar através de “Grace Kelly”, single que tomou de assalto rádios e televisões com uma atitute pop ostensiva e desavergonhada, tanto pelas piruetas vocais do cantor como pela melodia que não escondia a descendência de Freddie Mercury ou Elton John. É uma daquelas canções que, goste-se ou odeie-se (e é bem capaz de gerar reacções díspares), insiste em não sair da cabeça tão cedo, característica presente em muitas outras de “Life in Cartoon Motion”, álbum de estreia do jovem cantor e compositor anglo-libanês.O disco segue a tendência garrida desse cartão de apresentação, apostando numa pop imediata e eficaz, embora geralmente mais banal do que inventiva, onde a preocupação parece ser evidenciar a produção limpinha, a voz do cantor e não tanto as suas capacidades na composição.O imaginário fantasioso, delirante e criativo sugerido pela apelativa capa raramente ganha forma, ainda que se encontrem aqui dois ou três momentos promissores. “Love Today”, solarengo hino ao amor, é uma contagiante canção feelgood, e “Relax (Take It Easy)” é outro tema que se destaca pela fórmula pop apurada, soando a uma hipotética versão dos Scissor Sisters de um single clássico dos Frankie Goes to Hollywood.“Big Girl (You Are Beautiful)”, mais um episódio minimamente infeccioso; “Lollipop”, que recorre a coros infantis; ou “Billy Brown”, irónica crónica da vida de um homem com medo de “sair do armário”; são outros temas curiosos, mesmo que longe de memoráveis.Se quando o ritmo é dinâmico e a atmosfera é animada Mika até nem se sai mal, os resultados são menos auspiciosos quando se centram na melancolia e desilusão - é o caso das desinspiradas baladas “Happy Ending”, “Over My Shoulder” e sobretudo “My Interpretation”, que convocam a faceta mais convencional e preguiçosa de um Robbie Williams ou mesmo de um James Blunt (e isto sim, já é bem preocupante).Felizmente, estes momentos surgem com menor frequência, e por isso “Life in Cartoon Motion” ainda consegue ser um aceitável disco de pop comercial e sazonal, com capacidade para oferecer alguns hits antes de cair num quase inevitável esquecimento geral. Excepção feita, claro, aos que acreditam em parte da imprensa britânica, que diz ter encontrado aqui uma das próximas next big things…E O VEREDICTO É: 2/5 - RAZOÁVELMika - "Love Today"
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Mika fez-se notar através de “Grace Kelly”, single que tomou de assalto rádios e televisões com uma atitute pop ostensiva e desavergonhada, tanto pelas piruetas vocais do cantor como pela melodia que não escondia a descendência de Freddie Mercury ou Elton John. É uma daquelas canções que, goste-se ou odeie-se (e é bem capaz de gerar reacções díspares), insiste em não sair da cabeça tão cedo, característica presente em muitas outras de “Life in Cartoon Motion”, álbum de estreia do jovem cantor e compositor anglo-libanês.O disco segue a tendência garrida desse cartão de apresentação, apostando numa pop imediata e eficaz, embora geralmente mais banal do que inventiva, onde a preocupação parece ser evidenciar a produção limpinha, a voz do cantor e não tanto as suas capacidades na composição.O imaginário fantasioso, delirante e criativo sugerido pela apelativa capa raramente ganha forma, ainda que se encontrem aqui dois ou três momentos promissores. “Love Today”, solarengo hino ao amor, é uma contagiante canção feelgood, e “Relax (Take It Easy)” é outro tema que se destaca pela fórmula pop apurada, soando a uma hipotética versão dos Scissor Sisters de um single clássico dos Frankie Goes to Hollywood.“Big Girl (You Are Beautiful)”, mais um episódio minimamente infeccioso; “Lollipop”, que recorre a coros infantis; ou “Billy Brown”, irónica crónica da vida de um homem com medo de “sair do armário”; são outros temas curiosos, mesmo que longe de memoráveis.Se quando o ritmo é dinâmico e a atmosfera é animada Mika até nem se sai mal, os resultados são menos auspiciosos quando se centram na melancolia e desilusão - é o caso das desinspiradas baladas “Happy Ending”, “Over My Shoulder” e sobretudo “My Interpretation”, que convocam a faceta mais convencional e preguiçosa de um Robbie Williams ou mesmo de um James Blunt (e isto sim, já é bem preocupante).Felizmente, estes momentos surgem com menor frequência, e por isso “Life in Cartoon Motion” ainda consegue ser um aceitável disco de pop comercial e sazonal, com capacidade para oferecer alguns hits antes de cair num quase inevitável esquecimento geral. Excepção feita, claro, aos que acreditam em parte da imprensa britânica, que diz ter encontrado aqui uma das próximas next big things…E O VEREDICTO É: 2/5 - RAZOÁVELMika - "Love Today"