Numa época não muito distante foi escrito um guião sobre um agente secreto. Como não se arranjou um actor, mudou-se o sexo da personagem e encontrou-se uma actriz interessada. Se a moda pega podemos começar a ter problemas. Primeiro porque todo o desenvolvimento da personagem vai ser mínimo – para o caso de haver reajustes – segundo porque vamos começar a ver uma guerra dos sexos pelos papéis. Sou quase totalmente a favor da igualdade, mas ainda há casos onde convém distinguir homens de mulheres.Salt é uma agente secreta da CIA. Um dia ao sair do trabalho para ir festejar o aniversário de casamento, pedem-lhe para fazer um biscate. São 20 minutos, é só mais um interrogatório. O dissidente russo que lhe apresentam traz uma complicada trama de intriga sobre a “quinta coluna” russa. Conhecidos como KA são agentes adormecidos, infiltrados em solo americanos desde pequenos, com identidade americana, com um treino que lhes permite chegar bem longe na hierarquia militar e política dos EUA para no dia X lançar um ataque imparável de dentro. Esta teoria em cinema tem como exemplo máximo "The Prize" de Mark Robson (1963, com Paul Newman) e noutro livro do mesmo Irving Wallace chegam a trocar a Primeira Dama ("The Second Lady", 1980) pelo que já conhecemos bem a teoria. A versão que Salt ouve diz que uma agente russa planeia matar o presidente russo para desencadear uma guerra. Essa agente chama-se Salt. Com os serviços secretos em alerta máximo por causa da visita da comitiva russa e esta possível ameaça vinda de dentro, Salt vai ter de fugir para conseguir respostas. Ela está disposta a tudo pelo seu país, mas qual será esse país?Os filmes de acção com super-agentes secretos dão que falar. Sejam individuais como James Bond e Jason Bourne, ou equipas como a de Ethan Hunt, uma coisa garantida é que todos os anos há filmes em cartaz com a boa velha pancada. Faltava o equivalente feminino. Adaptar o potencialmente discreto "Salt" para ocupar esse lugar foi uma grande ideia, o único problema é que se houve uma mulher capaz de rivalizar com os machos de acção foi Lara Croft. Poucas conseguiriam ocupar este lugar, mas a escolha recorrente de Angelina Jolie começa a cansar.Nos bons velhos tempos a divisão entre o bem e o mal era clara. Americanos contra Russos facilitava o trabalho do espectador. Hoje em dia complicam tudo com duas centenas de países, distribuídas por múltiplas alianças e organizações, constantes mudanças de posição e guerras de bastidores. É preciso estar actualizado politicamente para poder compreender um filme. Voltar ao cenário de um contra um era demasiado simplista. Os agentes infiltrados dão a complexidade desejada sem a complicação dos agentes duplos. Assim sabemos que cada uma das personagens é boa ou má, só não se sabe qual dos dois.Podia ser um filme banal em todos os aspectos. O argumento é terrivelmente previsível e as cenas de acção são tão inacreditáveis como nos antecessores. Contudo a ousadia de o fazer (ou refazer) para uma mulher dá-lhe uns pontos extra e Jolie dá-lhe um pouco de classe. Nem ela está ao seu melhor nem o filme é extraordinário. É de destacar por ter marcado uma posição ao mostrar que alguns géneros não estão reservados para os homens. Agora nada de exageros nos próximos anos, o cheirinho a sequela bastou.Título Original: "Salt" (EUA, 2010)Realização: Phillip NoyceArgumento: Kurt WimmerIntérpretes: Angelina Jolie, Liev Schreiber, Chiwetel EjioforFotografia: Robert ElswitMúsica: James Newton HowardGénero: Acção, Mistério, ThrillerDuração: 100 min.Sítio Oficial: http://www.sonypictures.com/movies/salt/
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Numa época não muito distante foi escrito um guião sobre um agente secreto. Como não se arranjou um actor, mudou-se o sexo da personagem e encontrou-se uma actriz interessada. Se a moda pega podemos começar a ter problemas. Primeiro porque todo o desenvolvimento da personagem vai ser mínimo – para o caso de haver reajustes – segundo porque vamos começar a ver uma guerra dos sexos pelos papéis. Sou quase totalmente a favor da igualdade, mas ainda há casos onde convém distinguir homens de mulheres.Salt é uma agente secreta da CIA. Um dia ao sair do trabalho para ir festejar o aniversário de casamento, pedem-lhe para fazer um biscate. São 20 minutos, é só mais um interrogatório. O dissidente russo que lhe apresentam traz uma complicada trama de intriga sobre a “quinta coluna” russa. Conhecidos como KA são agentes adormecidos, infiltrados em solo americanos desde pequenos, com identidade americana, com um treino que lhes permite chegar bem longe na hierarquia militar e política dos EUA para no dia X lançar um ataque imparável de dentro. Esta teoria em cinema tem como exemplo máximo "The Prize" de Mark Robson (1963, com Paul Newman) e noutro livro do mesmo Irving Wallace chegam a trocar a Primeira Dama ("The Second Lady", 1980) pelo que já conhecemos bem a teoria. A versão que Salt ouve diz que uma agente russa planeia matar o presidente russo para desencadear uma guerra. Essa agente chama-se Salt. Com os serviços secretos em alerta máximo por causa da visita da comitiva russa e esta possível ameaça vinda de dentro, Salt vai ter de fugir para conseguir respostas. Ela está disposta a tudo pelo seu país, mas qual será esse país?Os filmes de acção com super-agentes secretos dão que falar. Sejam individuais como James Bond e Jason Bourne, ou equipas como a de Ethan Hunt, uma coisa garantida é que todos os anos há filmes em cartaz com a boa velha pancada. Faltava o equivalente feminino. Adaptar o potencialmente discreto "Salt" para ocupar esse lugar foi uma grande ideia, o único problema é que se houve uma mulher capaz de rivalizar com os machos de acção foi Lara Croft. Poucas conseguiriam ocupar este lugar, mas a escolha recorrente de Angelina Jolie começa a cansar.Nos bons velhos tempos a divisão entre o bem e o mal era clara. Americanos contra Russos facilitava o trabalho do espectador. Hoje em dia complicam tudo com duas centenas de países, distribuídas por múltiplas alianças e organizações, constantes mudanças de posição e guerras de bastidores. É preciso estar actualizado politicamente para poder compreender um filme. Voltar ao cenário de um contra um era demasiado simplista. Os agentes infiltrados dão a complexidade desejada sem a complicação dos agentes duplos. Assim sabemos que cada uma das personagens é boa ou má, só não se sabe qual dos dois.Podia ser um filme banal em todos os aspectos. O argumento é terrivelmente previsível e as cenas de acção são tão inacreditáveis como nos antecessores. Contudo a ousadia de o fazer (ou refazer) para uma mulher dá-lhe uns pontos extra e Jolie dá-lhe um pouco de classe. Nem ela está ao seu melhor nem o filme é extraordinário. É de destacar por ter marcado uma posição ao mostrar que alguns géneros não estão reservados para os homens. Agora nada de exageros nos próximos anos, o cheirinho a sequela bastou.Título Original: "Salt" (EUA, 2010)Realização: Phillip NoyceArgumento: Kurt WimmerIntérpretes: Angelina Jolie, Liev Schreiber, Chiwetel EjioforFotografia: Robert ElswitMúsica: James Newton HowardGénero: Acção, Mistério, ThrillerDuração: 100 min.Sítio Oficial: http://www.sonypictures.com/movies/salt/