Sarkozy recupera palco com refundação do centro-direita

08-06-2015
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Sarkozy recupera palco com refundação do centro-direita

00:05 António Freitas de Sousa

antonio.sousa@economico.pt

A campanha para as presidenciais aqueceu com a reentrada em cena de Sarkozy a liderar num novo partido.

O ex-presidente francês (2007/12) e candidato derrotado nas eleições de 2012, Nicolas Sarkozy, está a preparar o seu regresso aos palcos da política interna gaulesa, ‘ameaçando' voltar a candidatar-se à presidência da República em 2017. Paralelamente, e apesar de ser um dos presidentes mais impopulares da 5ª República, François Hollande pode repetir a candidatura pelo lado socialista.

Resultado: o confronto entre os dois repete um cenário que se verificou em 2012, quando Hollande venceu por 51,63%, contra 48,37% de Sarkozy. Mas, aparentemente, o mundo real está contra esse cenário. Segundo as sondagens realizadas, cerca de 75% dos franceses não estão interessados no regresso do despique entre os dois velhos rivais. Ora, se o centro-esquerda e o centro-direita estiverem ocupados por candidatos ‘desinteressantes', serão as formações colocadas nos extremos do espectro político a ganhar votantes. Os analistas gauleses estão, neste particular, razoavelmente alinhados: num cenário de repetição do confronto Sarkozy/Hollande, quem sai a ganhar é Marine Le Pen, líder da Frente Nacional - que fez mossa nas eleições autárquicas intercalares de há dois meses.

Mas os partidos à esquerda do PS francês também poderão ter alguma coisa a ganhar. É de recordar que Jean-Luc Mélenchon - um ex-socialista que saiu do partido farto dos seus ‘desvios' de direita e conseguiu uma aura suprapartidária - teve, em 2012, um nível de notoriedade assinalável.

De qualquer modo, tanto Sarkozy como Hollande não desarmam. O ex-presidente regressou aos comandos do seu partido, o UMP, renomeou-o como partido Republicanos, e ‘atropelou' - na última convenção, o adversário mais bem posicionado, o ex-primeiro-ministro Alain Juppé (entre 1995 e 1997, com Jacques Chirac). "Nicolas Sarkozy tem o partido - eu tenho o apoio da opinião pública", avisou Juppé, que se prepara para voltar a enfrentar o ex-presidente nas primárias de 2016. A mudança de nome, os novos estatutos e direcção renovada foram aprovados por mais de 80% dos 213 mil militantes do partido, numa demonstração de força de Sarkozy. O principal obstáculo que o político enfrenta são, no entanto, os vários casos de justiça em que foi envolvido, o mais grave dos quais uma suspeita de financimento ilegal na campanha de 2012 quando perdeu o Eliseu para o socialista Hollande. Quando foi detido e acusado em Julho passado, disse que existia "uma instrumentaliação da justiça".

Por seu lado, Hollande viu, poucos dias antes, os membros do partido posicionarem-se esmagadoramente como apoiantes das suas políticas - por muito que elas estejam a ser contestadas na sociedade - durante a fase de preparação do congresso socialista que tem lugar este fim-de-semana. Mesmo os críticos de esquerda reconhecem que uma rebelião contra a linha do presidente (cada vez mais centrista), seria contraproducente para o partido. Principalmente numa altura em que a condução da economia está a dar sinais, ainda que ténues, de alguma recuperação. Por outro lado, Hollande tem marcado pontos nas agendas internacionais - nomeadamente com a criação de um eixo Paris/Berlim contra o eurocepticismo do primeiro-ministro britânico David Cameron - pelo que, para já, o ‘palco socialista' é dele.

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00:05 António Freitas de Sousa

antonio.sousa@economico.pt

A campanha para as presidenciais aqueceu com a reentrada em cena de Sarkozy a liderar num novo partido.

O ex-presidente francês (2007/12) e candidato derrotado nas eleições de 2012, Nicolas Sarkozy, está a preparar o seu regresso aos palcos da política interna gaulesa, ‘ameaçando' voltar a candidatar-se à presidência da República em 2017. Paralelamente, e apesar de ser um dos presidentes mais impopulares da 5ª República, François Hollande pode repetir a candidatura pelo lado socialista.

Resultado: o confronto entre os dois repete um cenário que se verificou em 2012, quando Hollande venceu por 51,63%, contra 48,37% de Sarkozy. Mas, aparentemente, o mundo real está contra esse cenário. Segundo as sondagens realizadas, cerca de 75% dos franceses não estão interessados no regresso do despique entre os dois velhos rivais. Ora, se o centro-esquerda e o centro-direita estiverem ocupados por candidatos ‘desinteressantes', serão as formações colocadas nos extremos do espectro político a ganhar votantes. Os analistas gauleses estão, neste particular, razoavelmente alinhados: num cenário de repetição do confronto Sarkozy/Hollande, quem sai a ganhar é Marine Le Pen, líder da Frente Nacional - que fez mossa nas eleições autárquicas intercalares de há dois meses.

Mas os partidos à esquerda do PS francês também poderão ter alguma coisa a ganhar. É de recordar que Jean-Luc Mélenchon - um ex-socialista que saiu do partido farto dos seus ‘desvios' de direita e conseguiu uma aura suprapartidária - teve, em 2012, um nível de notoriedade assinalável.

De qualquer modo, tanto Sarkozy como Hollande não desarmam. O ex-presidente regressou aos comandos do seu partido, o UMP, renomeou-o como partido Republicanos, e ‘atropelou' - na última convenção, o adversário mais bem posicionado, o ex-primeiro-ministro Alain Juppé (entre 1995 e 1997, com Jacques Chirac). "Nicolas Sarkozy tem o partido - eu tenho o apoio da opinião pública", avisou Juppé, que se prepara para voltar a enfrentar o ex-presidente nas primárias de 2016. A mudança de nome, os novos estatutos e direcção renovada foram aprovados por mais de 80% dos 213 mil militantes do partido, numa demonstração de força de Sarkozy. O principal obstáculo que o político enfrenta são, no entanto, os vários casos de justiça em que foi envolvido, o mais grave dos quais uma suspeita de financimento ilegal na campanha de 2012 quando perdeu o Eliseu para o socialista Hollande. Quando foi detido e acusado em Julho passado, disse que existia "uma instrumentaliação da justiça".

Por seu lado, Hollande viu, poucos dias antes, os membros do partido posicionarem-se esmagadoramente como apoiantes das suas políticas - por muito que elas estejam a ser contestadas na sociedade - durante a fase de preparação do congresso socialista que tem lugar este fim-de-semana. Mesmo os críticos de esquerda reconhecem que uma rebelião contra a linha do presidente (cada vez mais centrista), seria contraproducente para o partido. Principalmente numa altura em que a condução da economia está a dar sinais, ainda que ténues, de alguma recuperação. Por outro lado, Hollande tem marcado pontos nas agendas internacionais - nomeadamente com a criação de um eixo Paris/Berlim contra o eurocepticismo do primeiro-ministro britânico David Cameron - pelo que, para já, o ‘palco socialista' é dele.

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