Estandarte para a morte

06-11-2013
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Estandarte para a morte

1. O tal guião para a reforma do estado português que teve o parto mais longo e mais insosso de que há memória no que à criação diz respeito – e que afinal não passa de um enganador longo documento que é apenas um pequeno texto (passe-se o texto do pdf para word e tire-se as conclusões) – é uma presunção feita de palavras que não se entende como pode ser entendida pelos portugueses. Talvez seja por isso que Pedro Bacelar de Vasconcelos escreve (Jornal de Noticias, 13.11.01) que “importa descodificar o exercício discursivo a que o vice-primeiro-ministro se entregou com tanto afinco ao fim da tarde da passada quarta-feira, após uns longos meses – porventura curtos anos? – de paciente gestão de exuberantes silêncios”.

2. Aquando da campanha eleitoral para as Legislativas tive a oportunidade de ouvir do atual secretário nacional do PS, Miguel Laranjeiro, que a diferença entre ter o PS ou a direita no governo do país seria a forma como a manutenção do estado social teria lugar com um governo PS. Confesso que na altura não valorizei como a cada dia que passa valorizo as palavras do deputado socialista eleito pelo círculo eleitoral de Braga. Infelizmente a destruição de tudo o que eram preocupações com as pessoas e com o lado social de um estado que tem obrigação para com os seus contribuintes já é tão grave que olhar para o tal guião para a reforma do estado português quase que já nada diz. Miguel Laranjeiro estava carregado de razão quando antecipava a triste realidade que (já) vivemos.

3. Se dúvidas houvesse sobre o que atrás foi dito olhe-se para o editorial do jornal i do último fim-de-semana. Eduardo Oliveira e Silva não tem dúvidas: «basta pegar no guião da reforma do Estado de Portas, olhar para o Orçamento do Estado e ouvir os discursos de certos políticos para perceber que há uma tentativa de inverter toda a construção social e aproximá-la dos moldes do tipo “salve-se quem puder” que se pratica nos Estados Unidos, que se procura em Inglaterra de Cameron e que pulula na Ásia».
Fazem assim muito mais sentido estas palavras de Ruy de Carvalho (Noticias TV, 13.11.1/7): “Fui mandatário para os idosos de Pedro Passos Coelho. Como calcula, hoje estou um bocadinho triste. Um bocadinho não, um bocadão. (…) Custa muito ver colegas meus quase a passar fome, a não terem dinheiro para beber um café”.
4. Infelizmente o futuro de todos nós é cada vez mais negro.
5. Será por isso que o diretor do JN, Manuel Tavares, (13.11.02) escreve que “o guião da reforma do estado parece uma obra-prima de Paulo Portas para tentar garantir que os portugueses voltem a confiar na coligação político-partidária de governo. (…) Paulo Portas sabia bem com que linhas se cosia para atingir o objetivo a que pouco como ele são capazes de dar corpo: fazer politica pura e dura”.
Os portugueses já não só não confiam, os portugueses estão totalmente desacreditados. E nem os guiões os levam a deixar de ser atores desiludidos nas encenações dolorosas.
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Posted on 4 de Novembro de 2013 by casimirosilva. Esta entrada foi publicada em olhar nacional com as etiquetas olhar nacional. ligação permanente.

Estandarte para a morte

1. O tal guião para a reforma do estado português que teve o parto mais longo e mais insosso de que há memória no que à criação diz respeito – e que afinal não passa de um enganador longo documento que é apenas um pequeno texto (passe-se o texto do pdf para word e tire-se as conclusões) – é uma presunção feita de palavras que não se entende como pode ser entendida pelos portugueses. Talvez seja por isso que Pedro Bacelar de Vasconcelos escreve (Jornal de Noticias, 13.11.01) que “importa descodificar o exercício discursivo a que o vice-primeiro-ministro se entregou com tanto afinco ao fim da tarde da passada quarta-feira, após uns longos meses – porventura curtos anos? – de paciente gestão de exuberantes silêncios”.

2. Aquando da campanha eleitoral para as Legislativas tive a oportunidade de ouvir do atual secretário nacional do PS, Miguel Laranjeiro, que a diferença entre ter o PS ou a direita no governo do país seria a forma como a manutenção do estado social teria lugar com um governo PS. Confesso que na altura não valorizei como a cada dia que passa valorizo as palavras do deputado socialista eleito pelo círculo eleitoral de Braga. Infelizmente a destruição de tudo o que eram preocupações com as pessoas e com o lado social de um estado que tem obrigação para com os seus contribuintes já é tão grave que olhar para o tal guião para a reforma do estado português quase que já nada diz. Miguel Laranjeiro estava carregado de razão quando antecipava a triste realidade que (já) vivemos.

3. Se dúvidas houvesse sobre o que atrás foi dito olhe-se para o editorial do jornal i do último fim-de-semana. Eduardo Oliveira e Silva não tem dúvidas: «basta pegar no guião da reforma do Estado de Portas, olhar para o Orçamento do Estado e ouvir os discursos de certos políticos para perceber que há uma tentativa de inverter toda a construção social e aproximá-la dos moldes do tipo “salve-se quem puder” que se pratica nos Estados Unidos, que se procura em Inglaterra de Cameron e que pulula na Ásia».
Fazem assim muito mais sentido estas palavras de Ruy de Carvalho (Noticias TV, 13.11.1/7): “Fui mandatário para os idosos de Pedro Passos Coelho. Como calcula, hoje estou um bocadinho triste. Um bocadinho não, um bocadão. (…) Custa muito ver colegas meus quase a passar fome, a não terem dinheiro para beber um café”.
4. Infelizmente o futuro de todos nós é cada vez mais negro.
5. Será por isso que o diretor do JN, Manuel Tavares, (13.11.02) escreve que “o guião da reforma do estado parece uma obra-prima de Paulo Portas para tentar garantir que os portugueses voltem a confiar na coligação político-partidária de governo. (…) Paulo Portas sabia bem com que linhas se cosia para atingir o objetivo a que pouco como ele são capazes de dar corpo: fazer politica pura e dura”.
Os portugueses já não só não confiam, os portugueses estão totalmente desacreditados. E nem os guiões os levam a deixar de ser atores desiludidos nas encenações dolorosas.
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