O FUTURO PRESENTE: SALAZAR EM GRANDE E PEQUENO

01-07-2011
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A seguir, o primeiro dos vários trechos deste ensaio do Nuno que anunciámos há uns dias:"Deve observar-se, em primeiro lugar, que a pergunta “foi Salazar um grande português?” nunca terá uma resposta universalmente válida.Desde logo, porque não existe, codificada ou comungada por um grupo suficientemente vasto (na história, ou na mesma época), a definição de “grande português”, a não ser que se confunda com a de “Português notável”. Agigantado no seu tempo, Salazar foi um português notado, mas essa é uma observação banal.Depois porque a pergunta envolve, mal ou bem, um julgamento político-moral, que divide, mais do que une.Salazar devia ter encerrado a colónia penal do Tarrafal, evitando o regresso aos processos expeditos de alguns figurões da Primeira República? E seria isso uma prioridade? Devia ter “descolonizado” antes ou depois de 1945? Devia ter autorizado partidos, e restaurado os de 1911? Devia ter declarado o regime monárquico, quando da chegada, com honras de estado, dos restos mortais de D. Manuel II? Devia ter viajado mais, ou menos? E dentro, ou fora?Devia ter-se casado? Apegou-se demasiado, ou de menos, ao poder? E a quê: à sua capacidade de transformação, ou aos seus benefícios?Há, no julgamento, centenas de tópicos de inquirição, em diversos modelos e situações. Mas convém dizer que, se tratássemos de um mero juízo técnico, por exemplo em torno do reconhecido saneamento financeiro do país, entre 1932 e 1945, talvez se pudesse dizer, sem dificuldade, que Salazar foi um “grande português”.Mas, como sabemos, não é um juízo técnico que se pretende, nem ele é possível.Em último lugar, a pergunta perde-se, porque “grande português” corresponde a uma visão global, sobre-humana, cientista e impossível do passado. Em boa verdade, entendendo-se que o processo da independência nacional é um todo coerente, só se pode passar juízo, e estabelecer balanço e contas...no fim da história.Não estamos ainda na sua antevéspera, salvo melhor opinião."

A seguir, o primeiro dos vários trechos deste ensaio do Nuno que anunciámos há uns dias:"Deve observar-se, em primeiro lugar, que a pergunta “foi Salazar um grande português?” nunca terá uma resposta universalmente válida.Desde logo, porque não existe, codificada ou comungada por um grupo suficientemente vasto (na história, ou na mesma época), a definição de “grande português”, a não ser que se confunda com a de “Português notável”. Agigantado no seu tempo, Salazar foi um português notado, mas essa é uma observação banal.Depois porque a pergunta envolve, mal ou bem, um julgamento político-moral, que divide, mais do que une.Salazar devia ter encerrado a colónia penal do Tarrafal, evitando o regresso aos processos expeditos de alguns figurões da Primeira República? E seria isso uma prioridade? Devia ter “descolonizado” antes ou depois de 1945? Devia ter autorizado partidos, e restaurado os de 1911? Devia ter declarado o regime monárquico, quando da chegada, com honras de estado, dos restos mortais de D. Manuel II? Devia ter viajado mais, ou menos? E dentro, ou fora?Devia ter-se casado? Apegou-se demasiado, ou de menos, ao poder? E a quê: à sua capacidade de transformação, ou aos seus benefícios?Há, no julgamento, centenas de tópicos de inquirição, em diversos modelos e situações. Mas convém dizer que, se tratássemos de um mero juízo técnico, por exemplo em torno do reconhecido saneamento financeiro do país, entre 1932 e 1945, talvez se pudesse dizer, sem dificuldade, que Salazar foi um “grande português”.Mas, como sabemos, não é um juízo técnico que se pretende, nem ele é possível.Em último lugar, a pergunta perde-se, porque “grande português” corresponde a uma visão global, sobre-humana, cientista e impossível do passado. Em boa verdade, entendendo-se que o processo da independência nacional é um todo coerente, só se pode passar juízo, e estabelecer balanço e contas...no fim da história.Não estamos ainda na sua antevéspera, salvo melhor opinião."

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