Ponto alto do programa das comemorações do dia da cidade de Silves era a inauguração da obra de requalificação/restauro do Teatro Mascarenhas Gregório. Ainda não tinham sido reabertas as suas portas e já a polémica se instalara (Local & Blogal). Fui um dos muitos silvenses que não tiveram a honra de receber um convite da C.M.S.. Cidadão anónimo, candidato pela oposição às próximas autárquicas, director de um museu da cidade, um dos que fazendo parte da Associação de Defesa do Património lutou pela reabilitação deste espaço cultural e defendeu o nome do arquitecto que o veio a restaurar, não poderia alimentar esperanças de fazer parte do restrito grupo de vips que receberam convite. Mas, curioso como estava de ali poder voltar e ver o que tinha sido realizado, como bom português torneei o problema. Muni-me de um dos muitos convites que circulavam na candonga. E assim dei a volta à intimidante segurança, cujos rostos me eram familiares, e entrei na restrita sala. O que vi,digo-o já, não me agradou. E começo a enumerar. Não me agradou ver um teatro inaugurado a gerador, ver uma plateia cheia de rostos desconhecidos, forasteiros, alguns pela primeira vez ali entrados. Na sala do teatro os Mendes Bota, as autoridades civis e militares, os não sei o quê daqui e dacoli, e eu. Por pouco tempo, porque o calor era insuportável, a companhia também. Lá fora, no auditório exterior, espaço agradável, o povinho. Ao princípio sem som no écrãn que reproduzia o que se passava na sala, lá se via o maestro Vitorino de Almeida gesticulando, mudo, desconhecedor do que se passava lá fora, onde o barulho do gerador criava agradável envolvência. Até que parou. Longos minutos de silêncio a meio do espectáculo, a debandada do povo resmungando. Mas o gerador voltou a trabalhar. E para fazer ouvir novamente a senhora presidente que, apesar de tudo, e já depois de ter botado discurso inicial onde esqueceu tudo e todos - Filármónica, Gruta, anteriores autarcas responsáveis pela aquisição e classificação do imóvel, arquitecto(s) - menos a sua Câmara, não queria deixar fugir-lhe a ocasião para mais uma vez ser a raínha da noite e, em apoteótico final, depois de mais um frouxo e eleitoralista discurso que sempre a arrepia e a comove às lágrimas, fazer-se doar de um magnífico ramo de flores e ouvir da boca dos seus mais fiéis funcionários, elogios e encómios que fariam pensar, ao comum dos ouvintes, que ela própria andou a carregar baldes de massa durante a obra. O nervoso era tão miudinho, era tanta a escandaleira, que o seu assessor ("yes-man"), a esta cidade chamou vila. São gaffes, são gaffes de quem faz inaugurações a gerador, duma obra que tem, pelo menos, mais um mês de trabalho pela frente, no mínimo. Mas isso é tarde demais para quem tem sobre o seu horizonte imediato o dia 9 de Outubro próximo.P.S.- Seria injusto terminar sem uma palavra de apreço pelo excelente espectáculo que o maestro Vitorino de Almeida preparou. Pérolas para..., já que o programa integrou, não só bonitas interpretações de temas clássicos de Beethoven a Debussy, como declamação de poemas de alguns dos grandes poetas portugueses: Pessoa, Régio, Ary, Gedeão...
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Ponto alto do programa das comemorações do dia da cidade de Silves era a inauguração da obra de requalificação/restauro do Teatro Mascarenhas Gregório. Ainda não tinham sido reabertas as suas portas e já a polémica se instalara (Local & Blogal). Fui um dos muitos silvenses que não tiveram a honra de receber um convite da C.M.S.. Cidadão anónimo, candidato pela oposição às próximas autárquicas, director de um museu da cidade, um dos que fazendo parte da Associação de Defesa do Património lutou pela reabilitação deste espaço cultural e defendeu o nome do arquitecto que o veio a restaurar, não poderia alimentar esperanças de fazer parte do restrito grupo de vips que receberam convite. Mas, curioso como estava de ali poder voltar e ver o que tinha sido realizado, como bom português torneei o problema. Muni-me de um dos muitos convites que circulavam na candonga. E assim dei a volta à intimidante segurança, cujos rostos me eram familiares, e entrei na restrita sala. O que vi,digo-o já, não me agradou. E começo a enumerar. Não me agradou ver um teatro inaugurado a gerador, ver uma plateia cheia de rostos desconhecidos, forasteiros, alguns pela primeira vez ali entrados. Na sala do teatro os Mendes Bota, as autoridades civis e militares, os não sei o quê daqui e dacoli, e eu. Por pouco tempo, porque o calor era insuportável, a companhia também. Lá fora, no auditório exterior, espaço agradável, o povinho. Ao princípio sem som no écrãn que reproduzia o que se passava na sala, lá se via o maestro Vitorino de Almeida gesticulando, mudo, desconhecedor do que se passava lá fora, onde o barulho do gerador criava agradável envolvência. Até que parou. Longos minutos de silêncio a meio do espectáculo, a debandada do povo resmungando. Mas o gerador voltou a trabalhar. E para fazer ouvir novamente a senhora presidente que, apesar de tudo, e já depois de ter botado discurso inicial onde esqueceu tudo e todos - Filármónica, Gruta, anteriores autarcas responsáveis pela aquisição e classificação do imóvel, arquitecto(s) - menos a sua Câmara, não queria deixar fugir-lhe a ocasião para mais uma vez ser a raínha da noite e, em apoteótico final, depois de mais um frouxo e eleitoralista discurso que sempre a arrepia e a comove às lágrimas, fazer-se doar de um magnífico ramo de flores e ouvir da boca dos seus mais fiéis funcionários, elogios e encómios que fariam pensar, ao comum dos ouvintes, que ela própria andou a carregar baldes de massa durante a obra. O nervoso era tão miudinho, era tanta a escandaleira, que o seu assessor ("yes-man"), a esta cidade chamou vila. São gaffes, são gaffes de quem faz inaugurações a gerador, duma obra que tem, pelo menos, mais um mês de trabalho pela frente, no mínimo. Mas isso é tarde demais para quem tem sobre o seu horizonte imediato o dia 9 de Outubro próximo.P.S.- Seria injusto terminar sem uma palavra de apreço pelo excelente espectáculo que o maestro Vitorino de Almeida preparou. Pérolas para..., já que o programa integrou, não só bonitas interpretações de temas clássicos de Beethoven a Debussy, como declamação de poemas de alguns dos grandes poetas portugueses: Pessoa, Régio, Ary, Gedeão...