O DN de ontem anunciava em letra garrafais, na primeira página, que «Há dívidas escondidas em muitas autarquias», denúncia que o secretário de Estado do Desenvolvimento Regional corrobora, e que só surpreende quem anda arredado do País e do que se passa à sua volta.Quando Portugal passa por um aperto orçamental sem precedentes, algumas autarquias e, quiçá, as Regiões Autónomas, parecem passar ao lado da crise e perpetuar no poder caciques a quem ninguém confiaria a gestão de empresas cujo capital social excedesse o salário mensal de tais autarcas.Fala-se de dívidas escondidas e de «situações de insolvência» que o Governo adia, à semelhança dos clubes de futebol cuja situação se vai tornando insustentável à medida que o recurso às bolsas de terrenos das autarquias e às alterações dos PDMs se esgota.Claro que há um dia em que o regabofe se extingue, em que 308 Câmaras Municipais e milhares de Juntas de Freguesia se tornam insustentáveis para o erário público e para a condescendência dos portugueses.Nesse dia, declarada a falência, não vejo outra alternativa que não seja a aplicação do código de falências, com as sanções legais aos gestores levianos e a entrega dos respectivos municípios a administradores de falências, à imagem e semelhança do que sucede com qualquer outra empresa.A este respeito gostaria de ouvir gestores, juristas e, sobretudo, os partidos políticos que podem ver os seus mais carismáticos autarcas a prestar contas à justiça, neste caso por mera incompetência, sem ter em conta a contabilidade criativa e eventuais fraudes que, aqui e ali, podem andar associadas.Carlos Esperança
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O DN de ontem anunciava em letra garrafais, na primeira página, que «Há dívidas escondidas em muitas autarquias», denúncia que o secretário de Estado do Desenvolvimento Regional corrobora, e que só surpreende quem anda arredado do País e do que se passa à sua volta.Quando Portugal passa por um aperto orçamental sem precedentes, algumas autarquias e, quiçá, as Regiões Autónomas, parecem passar ao lado da crise e perpetuar no poder caciques a quem ninguém confiaria a gestão de empresas cujo capital social excedesse o salário mensal de tais autarcas.Fala-se de dívidas escondidas e de «situações de insolvência» que o Governo adia, à semelhança dos clubes de futebol cuja situação se vai tornando insustentável à medida que o recurso às bolsas de terrenos das autarquias e às alterações dos PDMs se esgota.Claro que há um dia em que o regabofe se extingue, em que 308 Câmaras Municipais e milhares de Juntas de Freguesia se tornam insustentáveis para o erário público e para a condescendência dos portugueses.Nesse dia, declarada a falência, não vejo outra alternativa que não seja a aplicação do código de falências, com as sanções legais aos gestores levianos e a entrega dos respectivos municípios a administradores de falências, à imagem e semelhança do que sucede com qualquer outra empresa.A este respeito gostaria de ouvir gestores, juristas e, sobretudo, os partidos políticos que podem ver os seus mais carismáticos autarcas a prestar contas à justiça, neste caso por mera incompetência, sem ter em conta a contabilidade criativa e eventuais fraudes que, aqui e ali, podem andar associadas.Carlos Esperança