Hoje Jaques Diouf, Director-Geral da FAO, lembrou que mais de 963 milhões continuam a passar fome ou sub-nutrição e que a crise alimentar tende a agravar-se. Lembranças como esta não são novidade, repetem-se todos os anos e todos os anos o número aumenta. Este ano não é excepção - em 2007 eram 923 milhões.Em tempo de crise do sistema neo-liberal poderiamos esperar uma crítica do problema que fosse um bocadinho além das boas intenções do costume. Mas não, o que Jaques Diouf vem dizer é que é preciso duplicar a produção alimentar mundial até 2050 para acabar com a fome no mundo.Esquece-se de referir que nos países em desenvolvimento cerca de 50% dos afectados pela fome são pequenos produtores que tiveram de abandonar as suas terras por não conseguirem suportar os custos de produção.Esquece os mafiosos jogos especulativos e as regras muito pouco transparentes dos mercados alimentares.Esquece-se que o problema, mais do que na quantidade de alimentos produzida, se centra sobretudo na profunda assimetria mundial do acesso a bens alimentares básicos.Esquece que a produção intensiva de carne para consumo é responsável por uma parte considerável do consumo de soja e cereais.Esquece que produção intensiva de agro-combustíveis (esse milagroso sucedâneo do petróleo) compete directamente com os bens alimentares.Esquece-se que as alterações climáticas vão ser responsáveis por uma diminuição considerável da produção.Se calhar a FAO não precisa de se lembrar disto tudo porque presume que meia dúzia de multinacionais tratarão do assunto, com produções intensivas, OGM e agro-químicos, degradação dos solos, poluição ambiental e injustiça social. Logo tratará de fazer mais uma declaração de boas intenções.
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Hoje Jaques Diouf, Director-Geral da FAO, lembrou que mais de 963 milhões continuam a passar fome ou sub-nutrição e que a crise alimentar tende a agravar-se. Lembranças como esta não são novidade, repetem-se todos os anos e todos os anos o número aumenta. Este ano não é excepção - em 2007 eram 923 milhões.Em tempo de crise do sistema neo-liberal poderiamos esperar uma crítica do problema que fosse um bocadinho além das boas intenções do costume. Mas não, o que Jaques Diouf vem dizer é que é preciso duplicar a produção alimentar mundial até 2050 para acabar com a fome no mundo.Esquece-se de referir que nos países em desenvolvimento cerca de 50% dos afectados pela fome são pequenos produtores que tiveram de abandonar as suas terras por não conseguirem suportar os custos de produção.Esquece os mafiosos jogos especulativos e as regras muito pouco transparentes dos mercados alimentares.Esquece-se que o problema, mais do que na quantidade de alimentos produzida, se centra sobretudo na profunda assimetria mundial do acesso a bens alimentares básicos.Esquece que a produção intensiva de carne para consumo é responsável por uma parte considerável do consumo de soja e cereais.Esquece que produção intensiva de agro-combustíveis (esse milagroso sucedâneo do petróleo) compete directamente com os bens alimentares.Esquece-se que as alterações climáticas vão ser responsáveis por uma diminuição considerável da produção.Se calhar a FAO não precisa de se lembrar disto tudo porque presume que meia dúzia de multinacionais tratarão do assunto, com produções intensivas, OGM e agro-químicos, degradação dos solos, poluição ambiental e injustiça social. Logo tratará de fazer mais uma declaração de boas intenções.