A crítica é unânime. Foi um debate civilizado e esclarecedor das diferenças entre o Partido Social Democrata e o Bloco de Esquerda. A líder do PSD nem sempre soube defender o seu espaço e foi apanhada, por diversas vezes, a concordar com Louça, mas no geral surpreendeu pela positiva (temos que levar em consideração as reduzidas expectativas relativamente à sua prestação). Francisco Louçã soube, com a determinação habitual, controlar o debate, procurando evidenciar as diferenças entre ambos os partidos. Não surpreendeu uma vez que esteve à altura de todas as expectativas saindo, quanto a mim, vencedor do seu segundo debate neste ciclo.O debate estruturou-se em torno de quatro temas principais: Economia, Segurança Social, Saúde e as chamadas causas "fracturantes".As nacionalizações voltaram a estar na ordem do dia, bem como o desemprego e a recuperação económica. Louçã manifestou-se contra os monopólios criados na sequência dos processos de privatização de sectores-chave da economia portuguesa, que, para além de garantir prémios astronómicos aos seus gestores, impõem a toda a economia preços acima do razoável privando o Estado de uma importante fonte de receita. A líder do PSD, por seu lado, defendeu menos Estado na economia, uma vez que o aumento do peso deste irá conduzir necessariamente a um aumento asfixiante da carga fiscal, e o fim das nacionalizações.A urgência da luta contra o desemprego e a necessidade de aumentar o apoio aos desempregados levou a candidata do PSD a concordar com as palavras de Louçã, pelo menos com os seus princípios, embora nenhum dos dois tenha optado por avançar com medidas concretas.No que diz respeito ao tema das reformas, Manuela Ferreira Leite afirmou "não vou mexer na Segurança Social", dando a entender que pretende respeitar as reformas realizadas durante a legislatura do PS. Mais uma vez Francisco Louçã procurou demarcar-se, lembrando que no programa Social Democrata está prevista uma diminuição da taxa social única (com vista a diminuir a contribuição dos empregadores para a Segurança Social), bem como a diferenciação nas formas de pagamento. Ferreira Leite, à semelhança do que fez noutros momentos deste frente-a-frente, preferiu barricar-se por detrás do seu programa que todos sabemos ser bastante "abstracto". Ficamos assim sem saber se o PSD, no caso de ganhar, irá ou não remeter parte do sistema de pensões para o sector privado.Manuela ferreira Leite defendeu ainda que o acesso à saúde deve ser universal, nem que para isso seja necessário recorrer ao sector privado e incorrer em perdas financeiras, afirmando que "não se pode reduzir o problema da saúde ao aspecto financeiro". O líder do Bloco de Esquerda, por seu lado, defendeu que a universalidade dos serviços públicos apenas poderá ser garantida, com qualidade, pelo sector público, recordando que a saúde não deve nem pode ser considerada um negócio.Louçã foi cauteloso quanto às questões sociais, quanto aos costumes. Sem nunca referir especificamente o casamento entre pessoas do mesmo sexo afirmou que a base de qualquer sociedade é a liberdade. "A inquisição já acabou (...) O Estado não dita o amor de uma pessoa", afirmou. O lado conservador do Partido Social Democrata ficou aqui bem explicito e Ferreira Leite não surpreendeu ao referir que a família é o centro da sociedade e o casamento uma instituição que deve existir em torno da possibilidade de procriação e, como tal, reservada a casais heterossexuais.Francisco Louçã e Manuela Ferreira leite concordaram, agora não apenas parcialmente, na condenação da suspensão do Jornal da Noite da TVI, que ambos consideram ser um atentado à liberdade de expressão.Foram estes alguns dos pontos altos do debate de ontem que penso ter ajudado a clarificar algumas mentes, embora o PSD tenha optado, quanto a mim, por se restringir ao pouco escrito no seu programa recusando-se a discutir ideias e politica. Fiquei, depois deste debate, sem conhecer as verdadeiras intenções de Manuela Ferreira Leite relativamente a temas como a privatização da Segurança Social, da Educação e da Saúde mas saí com uma certeza. Com o Partido Social Democrata não caso!
Categorias
Entidades
A crítica é unânime. Foi um debate civilizado e esclarecedor das diferenças entre o Partido Social Democrata e o Bloco de Esquerda. A líder do PSD nem sempre soube defender o seu espaço e foi apanhada, por diversas vezes, a concordar com Louça, mas no geral surpreendeu pela positiva (temos que levar em consideração as reduzidas expectativas relativamente à sua prestação). Francisco Louçã soube, com a determinação habitual, controlar o debate, procurando evidenciar as diferenças entre ambos os partidos. Não surpreendeu uma vez que esteve à altura de todas as expectativas saindo, quanto a mim, vencedor do seu segundo debate neste ciclo.O debate estruturou-se em torno de quatro temas principais: Economia, Segurança Social, Saúde e as chamadas causas "fracturantes".As nacionalizações voltaram a estar na ordem do dia, bem como o desemprego e a recuperação económica. Louçã manifestou-se contra os monopólios criados na sequência dos processos de privatização de sectores-chave da economia portuguesa, que, para além de garantir prémios astronómicos aos seus gestores, impõem a toda a economia preços acima do razoável privando o Estado de uma importante fonte de receita. A líder do PSD, por seu lado, defendeu menos Estado na economia, uma vez que o aumento do peso deste irá conduzir necessariamente a um aumento asfixiante da carga fiscal, e o fim das nacionalizações.A urgência da luta contra o desemprego e a necessidade de aumentar o apoio aos desempregados levou a candidata do PSD a concordar com as palavras de Louçã, pelo menos com os seus princípios, embora nenhum dos dois tenha optado por avançar com medidas concretas.No que diz respeito ao tema das reformas, Manuela Ferreira Leite afirmou "não vou mexer na Segurança Social", dando a entender que pretende respeitar as reformas realizadas durante a legislatura do PS. Mais uma vez Francisco Louçã procurou demarcar-se, lembrando que no programa Social Democrata está prevista uma diminuição da taxa social única (com vista a diminuir a contribuição dos empregadores para a Segurança Social), bem como a diferenciação nas formas de pagamento. Ferreira Leite, à semelhança do que fez noutros momentos deste frente-a-frente, preferiu barricar-se por detrás do seu programa que todos sabemos ser bastante "abstracto". Ficamos assim sem saber se o PSD, no caso de ganhar, irá ou não remeter parte do sistema de pensões para o sector privado.Manuela ferreira Leite defendeu ainda que o acesso à saúde deve ser universal, nem que para isso seja necessário recorrer ao sector privado e incorrer em perdas financeiras, afirmando que "não se pode reduzir o problema da saúde ao aspecto financeiro". O líder do Bloco de Esquerda, por seu lado, defendeu que a universalidade dos serviços públicos apenas poderá ser garantida, com qualidade, pelo sector público, recordando que a saúde não deve nem pode ser considerada um negócio.Louçã foi cauteloso quanto às questões sociais, quanto aos costumes. Sem nunca referir especificamente o casamento entre pessoas do mesmo sexo afirmou que a base de qualquer sociedade é a liberdade. "A inquisição já acabou (...) O Estado não dita o amor de uma pessoa", afirmou. O lado conservador do Partido Social Democrata ficou aqui bem explicito e Ferreira Leite não surpreendeu ao referir que a família é o centro da sociedade e o casamento uma instituição que deve existir em torno da possibilidade de procriação e, como tal, reservada a casais heterossexuais.Francisco Louçã e Manuela Ferreira leite concordaram, agora não apenas parcialmente, na condenação da suspensão do Jornal da Noite da TVI, que ambos consideram ser um atentado à liberdade de expressão.Foram estes alguns dos pontos altos do debate de ontem que penso ter ajudado a clarificar algumas mentes, embora o PSD tenha optado, quanto a mim, por se restringir ao pouco escrito no seu programa recusando-se a discutir ideias e politica. Fiquei, depois deste debate, sem conhecer as verdadeiras intenções de Manuela Ferreira Leite relativamente a temas como a privatização da Segurança Social, da Educação e da Saúde mas saí com uma certeza. Com o Partido Social Democrata não caso!