Saúde SA: Não passarão...

22-01-2012
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Na próxima luta pelo poder, dentro do PSD, voltará a ser, de novo, posto em causa o nosso modelo de saúde.Há pouco mais de um ano, finais de Maio de 2008, podia ler-se no “Futuro é agora”, blog de apoio à candidatura de Pedro Passos Coelho:“Os resultados do relatório EuroHealth Consumer Index 2007 são claros: os sistemas bismarckianos de saúde têm melhores resultados do que os sistemas beveridgianos.Looking at the results of the EHCI 2007, it is very hard to avoid noticing that the top five countries, which fall within 36 points on a 1000-point scale, all have dedicated Bismarckian healthcare systems. There is a gap of 30 points to the first Beveridge country in 6th place.Em português, isto quer dizer que os sistemas de saúde baseados em seguros sociais independentes dos prestadores do serviço têm melhores resultados do que os sistemas de saúde onde o financiamento e a prestação do serviço estão reunidos numa mesma organização.Agora trocado por miúdos: se queremos um melhor serviço de saúde, com menos espera, melhor cobertura do território, mais liberdade de escolha, e melhores resultados, não podemos manter o nosso sistema tal como está. Quando quisemos democratizar e massificar os cuidados de saúde em Portugal, olhámos para a Inglaterra e para os países do bloco socialista. Foi um erro: devíamos ter olhado para a França ou para a Alemanha. Ainda vamos a tempo de corrigir.”O preconceito ideológico do autor do texto ressalta à vista desarmada quando afirma: “olhámos para a Inglaterra e para os países do bloco socialista”.Não ocorreu a um militante do PSD que as social-democracias nórdicas optaram também pelo modelo de SNS, sendo que, para resultados de saúde idênticos, ou melhores, que os da França e da Alemanha, gastam uma percentagem do produto bem menor.Em 2006, por exemplo, as despesas totais com a saúde representaram na Finlândia 8,3% do PIB, enquanto na França atingiram os 11%.Os sistemas de seguro-doença oferecem mais liberdade e capacidade de escolha aos consumidores, mais rápido acesso aos cuidados de saúde e às inovações tecnológicas e não admira, por isso, que obtenham maiores índices de satisfação.Mas, como o Hermes explicou muito bem, no seu primeiro post sobre o EHCI 2009, a maior escolha individual pode gerar consumismo o que em saúde não é necessariamente melhor, a satisfação dos doentes pode obter-se através da multiplicação de actos o que não corresponde necessariamente a boa prática.As vantagens dos sistemas com SNS têm a ver com a universalidade da cobertura, a maior equidade de acesso, a maior capacidade de controlar a o crescimento dos custos. Mas apresentam, pelo contrário, maior rigidez, menos capacidade de inovação, ineficiências microeconómicas e menor atenção às preferências individuais.Como muito bem diz o Aidenós :“A produção de resultados de saúde e a equidade são os objectivos substantivos ou fundamentais, mas a eficiência micro e macroeconómica, apesar de meramente instrumental é, em larga medida, condicionante e (mais do que no ranking do EHCI) a avaliação global dos serviços de saúde não pode ignorá-la, porque só lhe interessam objectivos e serviços de saúde sustentáveis. Por isso se reconhece tão generalizadamente a importância para qualquer país, mas muito mais para aqueles que dispõem de menores recursos, da escolha das suas opções em função dos resultados por euro investido.”Num país pobre e em crise, quando a maioria dos portugueses pede ao Estado que a salve, uns para suportar a miséria, outros para aguentar o desemprego, muitos para garantir trabalho e uns poucos para tapar os buracos financeiros que eles próprios criaram, surgem agora uns tantos iluminados que pretendem que o Estado recue numa das zonas mais sensíveis da sociedade.Até a mim, que sou tão pouco revolucionário, me apetece dizer: “Não passarão”BritesEtiquetas: Brites, Passos Coelho

Na próxima luta pelo poder, dentro do PSD, voltará a ser, de novo, posto em causa o nosso modelo de saúde.Há pouco mais de um ano, finais de Maio de 2008, podia ler-se no “Futuro é agora”, blog de apoio à candidatura de Pedro Passos Coelho:“Os resultados do relatório EuroHealth Consumer Index 2007 são claros: os sistemas bismarckianos de saúde têm melhores resultados do que os sistemas beveridgianos.Looking at the results of the EHCI 2007, it is very hard to avoid noticing that the top five countries, which fall within 36 points on a 1000-point scale, all have dedicated Bismarckian healthcare systems. There is a gap of 30 points to the first Beveridge country in 6th place.Em português, isto quer dizer que os sistemas de saúde baseados em seguros sociais independentes dos prestadores do serviço têm melhores resultados do que os sistemas de saúde onde o financiamento e a prestação do serviço estão reunidos numa mesma organização.Agora trocado por miúdos: se queremos um melhor serviço de saúde, com menos espera, melhor cobertura do território, mais liberdade de escolha, e melhores resultados, não podemos manter o nosso sistema tal como está. Quando quisemos democratizar e massificar os cuidados de saúde em Portugal, olhámos para a Inglaterra e para os países do bloco socialista. Foi um erro: devíamos ter olhado para a França ou para a Alemanha. Ainda vamos a tempo de corrigir.”O preconceito ideológico do autor do texto ressalta à vista desarmada quando afirma: “olhámos para a Inglaterra e para os países do bloco socialista”.Não ocorreu a um militante do PSD que as social-democracias nórdicas optaram também pelo modelo de SNS, sendo que, para resultados de saúde idênticos, ou melhores, que os da França e da Alemanha, gastam uma percentagem do produto bem menor.Em 2006, por exemplo, as despesas totais com a saúde representaram na Finlândia 8,3% do PIB, enquanto na França atingiram os 11%.Os sistemas de seguro-doença oferecem mais liberdade e capacidade de escolha aos consumidores, mais rápido acesso aos cuidados de saúde e às inovações tecnológicas e não admira, por isso, que obtenham maiores índices de satisfação.Mas, como o Hermes explicou muito bem, no seu primeiro post sobre o EHCI 2009, a maior escolha individual pode gerar consumismo o que em saúde não é necessariamente melhor, a satisfação dos doentes pode obter-se através da multiplicação de actos o que não corresponde necessariamente a boa prática.As vantagens dos sistemas com SNS têm a ver com a universalidade da cobertura, a maior equidade de acesso, a maior capacidade de controlar a o crescimento dos custos. Mas apresentam, pelo contrário, maior rigidez, menos capacidade de inovação, ineficiências microeconómicas e menor atenção às preferências individuais.Como muito bem diz o Aidenós :“A produção de resultados de saúde e a equidade são os objectivos substantivos ou fundamentais, mas a eficiência micro e macroeconómica, apesar de meramente instrumental é, em larga medida, condicionante e (mais do que no ranking do EHCI) a avaliação global dos serviços de saúde não pode ignorá-la, porque só lhe interessam objectivos e serviços de saúde sustentáveis. Por isso se reconhece tão generalizadamente a importância para qualquer país, mas muito mais para aqueles que dispõem de menores recursos, da escolha das suas opções em função dos resultados por euro investido.”Num país pobre e em crise, quando a maioria dos portugueses pede ao Estado que a salve, uns para suportar a miséria, outros para aguentar o desemprego, muitos para garantir trabalho e uns poucos para tapar os buracos financeiros que eles próprios criaram, surgem agora uns tantos iluminados que pretendem que o Estado recue numa das zonas mais sensíveis da sociedade.Até a mim, que sou tão pouco revolucionário, me apetece dizer: “Não passarão”BritesEtiquetas: Brites, Passos Coelho

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