Saúde SA: Das rotas do velho contrabando

26-01-2012
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Às novas "pontes" raianas...A cooperação transfronteiriça - entendida em todos os sectores (sociais, económicos e culturais) portugueses e espanhóis, deveriam ser uma das actividades prioritárias das Comissões de Cooordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR's).Nos programas comunitários "correram" muitos euros para desenvolver esta área sensível. Em Portugal e Espanha fez-se pouco. Parece que estamos dominados pelo "espírito" da guerra das laranjas e da perda de Olivença.As CCDR's. "embriões" das futuras regiões pouco apoiaram esta cooperação e exceptuando o caso das relações especiais e privilegiadas entre Galiza e o Minho (a tal matiz galaico-duriense) o desenvolvimento da cooperação na zona da raia tem sido rudimentar.Na área da saúde, desde há muito tempo, que a dita "classe média" portuguesa nortenha, utiliza 3 centros de referência: Vigo, Santiago e Coruña.Este movimento transfronteiriço tem estado longe de ser reciproco. São os portugueses que vão a Espanha, onde os seguros de saúde são para o consumidor mais fiáveis (têm menos letras miudinhas com extenso rol de exclusões) e onde o atendimento é atempado, eficiente e menos oneroso.Aliás, nos 3 centros galegos acima referidos existem em alguns hospitais áreas de excelência, nomeadamente em Pneumologia e Oftalmologia, entre outras.Focos de cooperação transfronteiriça encontram-se ao longo da raia alentejana com a extremadura espanhola e da algarvia com a andaluza.São cooperações pontuais - a densidade demográfica é menor - e dizem respeito fundamentalmente a cuidados primários de saúde e à aplicação prática de conceitos de proximidade. Para além do já muito falado caso de Elvas, que não se restringe ao campo obstetrico, pequenas localidades, como Barrancos, Ficalho, etc., desenvolvem este tipo de cooperação, muitas vezes, sob a iniciativa das autarquias.Mas este é um movimento com um sentido quase unilateral - de Portugal para Espanha.Faz-me lembrar a rota de contrabando do café.O acordo de Zamora trata-se de reconhecer uma situação já existente. É chover sobre o molhado.Porque nos deixamos atrasar num aspecto importante: a Regionalização.Lisboa, confina com o rio e o mar oceano. Não sente a interioridade, nem as questões da raia, onde relações económicas substituiram o contrabando e começam a esboçar-se alguns importantes passos da cooperação cultural.O Bastonário assustou-se com uma coisa que já existe...que têm barbas.As preocupações portuguesas fazem lembrar as vigilâncias da GNR aos contrabandistas, onde tudo passava...Mas o sector privado da Saúde português - se os dois países ibéricos ultrapassarem esta dramatica crise com rapidez - vai sentir uma forte e organizada concorrência galega (para já), no domínio da transacção de seguros de sáude e das instituições de prestação de cuidados. Com capacidade de expansão ao longo da linha de fronteira.Mas o problema do sector privado é menor.O dinheiro não tem pátria, nem cheiro.Só que neste momento - em ambos os lados - ele é escasso.Este acordo é também uma consequência indirecta da política de ensino superior em Saúde.De facto, muitos jovens, encontram-se, dispersos por toda a Espanha, a frequentar licenciaturas em Medicina.Os casos de Santiago e Salamanca serão paradigmáticos.Para já, muitos regressam, no futuro, veremos.Na Europa, a mobilidade do trabalho vai a pouco e pouco ganhando novas dinâmicas.O trabalho médico ou da investigação na Saúde deslocaliza-se facilmente em procura de melhores condições, retribuições condignas e do reconhecimento da sua importância social.Neste momento um volume considerável de médicos dentistas formados em Portugal encontra-se em Londres.Ninguém se preocupa com o porquê deste êxodo, ou de outros que possam surgir.O que se ouve à boca cheia é que, em 2015, o problema da "falta de médicos" estará resolvido...para os gestores.Cuidado! Pode não ser assim... e-pá!Etiquetas: E-Pá

Às novas "pontes" raianas...A cooperação transfronteiriça - entendida em todos os sectores (sociais, económicos e culturais) portugueses e espanhóis, deveriam ser uma das actividades prioritárias das Comissões de Cooordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR's).Nos programas comunitários "correram" muitos euros para desenvolver esta área sensível. Em Portugal e Espanha fez-se pouco. Parece que estamos dominados pelo "espírito" da guerra das laranjas e da perda de Olivença.As CCDR's. "embriões" das futuras regiões pouco apoiaram esta cooperação e exceptuando o caso das relações especiais e privilegiadas entre Galiza e o Minho (a tal matiz galaico-duriense) o desenvolvimento da cooperação na zona da raia tem sido rudimentar.Na área da saúde, desde há muito tempo, que a dita "classe média" portuguesa nortenha, utiliza 3 centros de referência: Vigo, Santiago e Coruña.Este movimento transfronteiriço tem estado longe de ser reciproco. São os portugueses que vão a Espanha, onde os seguros de saúde são para o consumidor mais fiáveis (têm menos letras miudinhas com extenso rol de exclusões) e onde o atendimento é atempado, eficiente e menos oneroso.Aliás, nos 3 centros galegos acima referidos existem em alguns hospitais áreas de excelência, nomeadamente em Pneumologia e Oftalmologia, entre outras.Focos de cooperação transfronteiriça encontram-se ao longo da raia alentejana com a extremadura espanhola e da algarvia com a andaluza.São cooperações pontuais - a densidade demográfica é menor - e dizem respeito fundamentalmente a cuidados primários de saúde e à aplicação prática de conceitos de proximidade. Para além do já muito falado caso de Elvas, que não se restringe ao campo obstetrico, pequenas localidades, como Barrancos, Ficalho, etc., desenvolvem este tipo de cooperação, muitas vezes, sob a iniciativa das autarquias.Mas este é um movimento com um sentido quase unilateral - de Portugal para Espanha.Faz-me lembrar a rota de contrabando do café.O acordo de Zamora trata-se de reconhecer uma situação já existente. É chover sobre o molhado.Porque nos deixamos atrasar num aspecto importante: a Regionalização.Lisboa, confina com o rio e o mar oceano. Não sente a interioridade, nem as questões da raia, onde relações económicas substituiram o contrabando e começam a esboçar-se alguns importantes passos da cooperação cultural.O Bastonário assustou-se com uma coisa que já existe...que têm barbas.As preocupações portuguesas fazem lembrar as vigilâncias da GNR aos contrabandistas, onde tudo passava...Mas o sector privado da Saúde português - se os dois países ibéricos ultrapassarem esta dramatica crise com rapidez - vai sentir uma forte e organizada concorrência galega (para já), no domínio da transacção de seguros de sáude e das instituições de prestação de cuidados. Com capacidade de expansão ao longo da linha de fronteira.Mas o problema do sector privado é menor.O dinheiro não tem pátria, nem cheiro.Só que neste momento - em ambos os lados - ele é escasso.Este acordo é também uma consequência indirecta da política de ensino superior em Saúde.De facto, muitos jovens, encontram-se, dispersos por toda a Espanha, a frequentar licenciaturas em Medicina.Os casos de Santiago e Salamanca serão paradigmáticos.Para já, muitos regressam, no futuro, veremos.Na Europa, a mobilidade do trabalho vai a pouco e pouco ganhando novas dinâmicas.O trabalho médico ou da investigação na Saúde deslocaliza-se facilmente em procura de melhores condições, retribuições condignas e do reconhecimento da sua importância social.Neste momento um volume considerável de médicos dentistas formados em Portugal encontra-se em Londres.Ninguém se preocupa com o porquê deste êxodo, ou de outros que possam surgir.O que se ouve à boca cheia é que, em 2015, o problema da "falta de médicos" estará resolvido...para os gestores.Cuidado! Pode não ser assim... e-pá!Etiquetas: E-Pá

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