NOVA ÁGUIA: REVISTA DE CULTURA PARA O SÉCULO XXI: A coroação de SS o Dalai Lama como Imperador do Espírito Santo na Mesquita de Lisboa e o desassombro de Miguel Real

03-07-2011
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"Bom governo seria hoje aquele que, por múltiplos meios, apostasse, em fazer de cada português, não um robot técnico [...], que é sempre um cidadão inconscientemente instrumento de cruéis estruturas económicas, mas um homem culto, consciente do seu lugar na sociedade e na história. Portugal precisa menos de um choque tecnológico [...] e mais de um choque cultural, elevando cada cidadão a um exigente patamar de conhecimento humanista e cívico que, por arrasto, geraria inevitavelmente o desejado choque tecnológico. A brutal inversão destes valores pelos actuais governantes evidencia tanto a sua pobreza de espírito quanto o projecto pombalino desumanamente tecnocrático em que se encontra empenhado. [...]É um novo Portugal que está nascendo, sem sublimidade, sem espiritualidade, sem projecto superior às suas forças e à sua dimensão, o Portugal dos burocratas, o Portugal dos pequeninos, fundado no racionalismo tecnocrático, assente na omnipotência do mercado e do dinheiro, activando ideias exclusivamente utilitárias (com estes homens, no século XV, nem a Madeira tínhamos descoberto [...]). Um governo que se recuse dar privilégio institucional a um prémio Nobel da Paz como o Dalai Lama é um governo sem espírito, sem dignidade, que submete as suas decisões à pressão e ao arranjismo da conjuntura e não a valores permanentes e universais" - Miguel Real, A Morte de Portugal, pp.19-21.Saúde-se o desassombro de um escritor e ensaísta de sucesso que não teme dizer o que pensa, nestes tempos com tendências neo-inquisitoriais ! No que respeita a S. S. o Dalai Lama, todavia, se o governo Sócrates/Cavaco não o recebeu, perdendo assim a oportunidade de aprender alguma coisa, de mostrar um resto de dignidade e de estar à altura do universalismo português, algo bem mais importante aconteceu. No Domingo, 16 de Setembro, no interior da Mesquita de Lisboa, facto significativo, um amigo vindo dos Açores, Paulo Lobão, budista e devoto do Espírito Santo, entregou a Sua Santidade uma coroa do Espírito Santo, que este recebeu com grande comoção mútua. Sua Santidade é o mais recente Imperador do Espírito Santo, coroado numa Mesquita, em Lisboa... Sinais quinto-imperiais ! Sinais de que a morte de um Portugal, enterrado pelos tecnocratas, é já a ressurreição de um outro, mais autêntico e universal, que germina no melhor de cada um dos nossos corações. Não digo isto por seguir a via budista. Gostaria que o mesmo acontecesse com todos os sábios, religiosos ou não, que visitam o nosso país. Assim acontecerá, quando Lisboa cumprir a sua vocação de grande capital multi-cultural e multi-religiosa. Assim acontecerá, quando não tivermos governantes medíocres e cobardes que nos envergonhem.


"Bom governo seria hoje aquele que, por múltiplos meios, apostasse, em fazer de cada português, não um robot técnico [...], que é sempre um cidadão inconscientemente instrumento de cruéis estruturas económicas, mas um homem culto, consciente do seu lugar na sociedade e na história. Portugal precisa menos de um choque tecnológico [...] e mais de um choque cultural, elevando cada cidadão a um exigente patamar de conhecimento humanista e cívico que, por arrasto, geraria inevitavelmente o desejado choque tecnológico. A brutal inversão destes valores pelos actuais governantes evidencia tanto a sua pobreza de espírito quanto o projecto pombalino desumanamente tecnocrático em que se encontra empenhado. [...]É um novo Portugal que está nascendo, sem sublimidade, sem espiritualidade, sem projecto superior às suas forças e à sua dimensão, o Portugal dos burocratas, o Portugal dos pequeninos, fundado no racionalismo tecnocrático, assente na omnipotência do mercado e do dinheiro, activando ideias exclusivamente utilitárias (com estes homens, no século XV, nem a Madeira tínhamos descoberto [...]). Um governo que se recuse dar privilégio institucional a um prémio Nobel da Paz como o Dalai Lama é um governo sem espírito, sem dignidade, que submete as suas decisões à pressão e ao arranjismo da conjuntura e não a valores permanentes e universais" - Miguel Real, A Morte de Portugal, pp.19-21.Saúde-se o desassombro de um escritor e ensaísta de sucesso que não teme dizer o que pensa, nestes tempos com tendências neo-inquisitoriais ! No que respeita a S. S. o Dalai Lama, todavia, se o governo Sócrates/Cavaco não o recebeu, perdendo assim a oportunidade de aprender alguma coisa, de mostrar um resto de dignidade e de estar à altura do universalismo português, algo bem mais importante aconteceu. No Domingo, 16 de Setembro, no interior da Mesquita de Lisboa, facto significativo, um amigo vindo dos Açores, Paulo Lobão, budista e devoto do Espírito Santo, entregou a Sua Santidade uma coroa do Espírito Santo, que este recebeu com grande comoção mútua. Sua Santidade é o mais recente Imperador do Espírito Santo, coroado numa Mesquita, em Lisboa... Sinais quinto-imperiais ! Sinais de que a morte de um Portugal, enterrado pelos tecnocratas, é já a ressurreição de um outro, mais autêntico e universal, que germina no melhor de cada um dos nossos corações. Não digo isto por seguir a via budista. Gostaria que o mesmo acontecesse com todos os sábios, religiosos ou não, que visitam o nosso país. Assim acontecerá, quando Lisboa cumprir a sua vocação de grande capital multi-cultural e multi-religiosa. Assim acontecerá, quando não tivermos governantes medíocres e cobardes que nos envergonhem.

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