Murça Terra de Encanto: E da madeira nasce arte…

30-06-2011
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Nas margens do rio Tinhela, envolvidas pela beleza natural das verdes serras, gozamos de uma aprazível paisagem única, fazendo-nos recuar na história e no tempo, levando-nos ao esquecimento das complexidades da vida. Foi neste ambiente sereno, a contrastar com o cenário deslumbrante e rude dos montes, com um olhar majestoso sob a calçada e a ponte romana de Murça, que Amândio Augusto, recebeu o MTE, para partilhar os seus segredos na construção de miniaturas de madeira. Este artífice, é hoje uma referência no artesanato do concelho de Murça. Questionado sobre o que o levou a iniciar esta actividade, Amândio Augusto diz: “Cá em casa, os meus quatro netos, estavam constantemente a receber brinquedos e, quantos mais tinham, mais queriam. Foi então, que numa conversa familiar, eu disse-lhes que quando os pais deles eram crianças, era eu próprio que lhes construía os brinquedos, desde carrinhos aos bonecos. Os meus netos ficaram admirados e ao mesmo tempo entusiasmados, foi que então, apesar do tempo que já tinha passado, pediram-me em jeito de desafio, para lhes mostrar como eu os construía”. Com um sorriso ternurento no rosto, Amândio Augusto, referiu-nos que os seus quatro netos, foram os principais impulsionadores para que começasse a construir miniaturas em madeira. No decorrer de duas décadas de trabalho artesanal, possui já uma vasta colecção, num espólio único, pelo qual se viu obrigado, a criar numa divisão de sua casa, um pequeno museu, pois ”as pessoas ao saberem desta minha faceta, começaram a descer a calçada e a baterem-me à porta. Como os meus filhos já tinham as suas vidas orientadas, o espaço cá em casa sobrava, as miniaturas começaram a ser muitas, foi então que decidi criar o museu”. Amândio Augusto, salienta ainda, que quando alguém lhe fala em comprar uma das peças, este diz “as pessoas querem sempre comprar um dos bonecos, mas eu não os tenho à venda.” Questionado sobre as miniaturas mais apreciadas pelos visitantes refere que “os visitantes pedem para ver, as réplicas de utensílios de apoio à agricultura, a igreja matriz de Murça, o cruzeiro, a porca, o pelourinho, a ponte romana” inúmeros artefactos, que fazem deste museu, uma marca de imaginação e de criação única. Ainda no decorrer da conversa, Amândio Augusto, referiu que “os bonecos que faço, surgem da vontade do momento que sinto na ocasião, muitas vezes quando pego na madeira e na navalha, ainda não sei bem o que vou fazer, mas algum tempo depois de deitar mãos à obra, surge um boneco engraçado”. Acerca dos materiais que emprega na execução destas miniaturas, referiu-nos que “a madeira é de amieiro, pois é mais mole, o que me facilita para eu trabalhar, já para cortar estas madeiras, uso um serrote e uma navalha” e acrescenta “já gastei duas navalhas nesta ocupação”. No que refere à duração da criação de uma peça, Amândio Augusto, alegou que “quando começo a fazer uma miniatura, não tenho tempo estipulado para a terminar, pode ser hoje como amanhã”. Este criativo, que conta com mais de quinhentas miniaturas de madeira construídas, tem sido responsável pela divulgação do património murcense. Amândio Augusto, menciona a sua participação em feiras de artesanato, “já estive em Lamego, Mirandela, Bragança entre outros locais” que relata com recordação. Contudo, o ponto alto que refere desta sua actividade, foi uma manhã “incrível” passada nos estúdios do Monte da Virgem, em Vila Nova de Gaia, onde brindou os telespectadores de um programa televisivo com as suas miniaturas, que apesar de pequenas “são feitas com grande dedicação”. Com uma expressão pouco animadora e um olhar desconsolado, Amândio Augusto sente uma pequena tristeza por nenhum dos seus netos ter enveredado pelo seu caminho, embora se sinta muito orgulhoso destes, nos quais deposita a sua confiança para no futuro “olharem pela preservação deste património”. O MF, teve ainda a oportunidade de presenciar, a colecção de poemas de Amândio Augusto, enobrecendo os vizinhos, o bairro, ou até mesmo a vila, tornando-se assim um verdadeiro poeta popular, embora não tenha qualquer nível de instrução escolar. Apesar dos seus 77 anos de idade, é junto à estátua do «Tio Ruca», que ele próprio construiu, que ainda hoje, Amândio Augusto, recorda as histórias contadas na sua infância, que relatavam o tempo da guerra da traulitada, onde se diz, que um destemido lutador daquele tempo, de nome Tio Ruca terá morrido no bairro da calçada, em protecção dos seus populares. Talvez baseado neste mundo imaginário, onde os guerreiros lutavam de monte a monte, para a defesa destas terras, onde a calçada recebia o suor dos homens e animais que a pisavam, Amândio Augusto, simboliza com as suas miniaturas em madeira, uma vivência quotidiana, onde o trabalho agrícola domina, a par de uma constante busca da identidade cultural e histórica da Vila de Murça.

Nas margens do rio Tinhela, envolvidas pela beleza natural das verdes serras, gozamos de uma aprazível paisagem única, fazendo-nos recuar na história e no tempo, levando-nos ao esquecimento das complexidades da vida. Foi neste ambiente sereno, a contrastar com o cenário deslumbrante e rude dos montes, com um olhar majestoso sob a calçada e a ponte romana de Murça, que Amândio Augusto, recebeu o MTE, para partilhar os seus segredos na construção de miniaturas de madeira. Este artífice, é hoje uma referência no artesanato do concelho de Murça. Questionado sobre o que o levou a iniciar esta actividade, Amândio Augusto diz: “Cá em casa, os meus quatro netos, estavam constantemente a receber brinquedos e, quantos mais tinham, mais queriam. Foi então, que numa conversa familiar, eu disse-lhes que quando os pais deles eram crianças, era eu próprio que lhes construía os brinquedos, desde carrinhos aos bonecos. Os meus netos ficaram admirados e ao mesmo tempo entusiasmados, foi que então, apesar do tempo que já tinha passado, pediram-me em jeito de desafio, para lhes mostrar como eu os construía”. Com um sorriso ternurento no rosto, Amândio Augusto, referiu-nos que os seus quatro netos, foram os principais impulsionadores para que começasse a construir miniaturas em madeira. No decorrer de duas décadas de trabalho artesanal, possui já uma vasta colecção, num espólio único, pelo qual se viu obrigado, a criar numa divisão de sua casa, um pequeno museu, pois ”as pessoas ao saberem desta minha faceta, começaram a descer a calçada e a baterem-me à porta. Como os meus filhos já tinham as suas vidas orientadas, o espaço cá em casa sobrava, as miniaturas começaram a ser muitas, foi então que decidi criar o museu”. Amândio Augusto, salienta ainda, que quando alguém lhe fala em comprar uma das peças, este diz “as pessoas querem sempre comprar um dos bonecos, mas eu não os tenho à venda.” Questionado sobre as miniaturas mais apreciadas pelos visitantes refere que “os visitantes pedem para ver, as réplicas de utensílios de apoio à agricultura, a igreja matriz de Murça, o cruzeiro, a porca, o pelourinho, a ponte romana” inúmeros artefactos, que fazem deste museu, uma marca de imaginação e de criação única. Ainda no decorrer da conversa, Amândio Augusto, referiu que “os bonecos que faço, surgem da vontade do momento que sinto na ocasião, muitas vezes quando pego na madeira e na navalha, ainda não sei bem o que vou fazer, mas algum tempo depois de deitar mãos à obra, surge um boneco engraçado”. Acerca dos materiais que emprega na execução destas miniaturas, referiu-nos que “a madeira é de amieiro, pois é mais mole, o que me facilita para eu trabalhar, já para cortar estas madeiras, uso um serrote e uma navalha” e acrescenta “já gastei duas navalhas nesta ocupação”. No que refere à duração da criação de uma peça, Amândio Augusto, alegou que “quando começo a fazer uma miniatura, não tenho tempo estipulado para a terminar, pode ser hoje como amanhã”. Este criativo, que conta com mais de quinhentas miniaturas de madeira construídas, tem sido responsável pela divulgação do património murcense. Amândio Augusto, menciona a sua participação em feiras de artesanato, “já estive em Lamego, Mirandela, Bragança entre outros locais” que relata com recordação. Contudo, o ponto alto que refere desta sua actividade, foi uma manhã “incrível” passada nos estúdios do Monte da Virgem, em Vila Nova de Gaia, onde brindou os telespectadores de um programa televisivo com as suas miniaturas, que apesar de pequenas “são feitas com grande dedicação”. Com uma expressão pouco animadora e um olhar desconsolado, Amândio Augusto sente uma pequena tristeza por nenhum dos seus netos ter enveredado pelo seu caminho, embora se sinta muito orgulhoso destes, nos quais deposita a sua confiança para no futuro “olharem pela preservação deste património”. O MF, teve ainda a oportunidade de presenciar, a colecção de poemas de Amândio Augusto, enobrecendo os vizinhos, o bairro, ou até mesmo a vila, tornando-se assim um verdadeiro poeta popular, embora não tenha qualquer nível de instrução escolar. Apesar dos seus 77 anos de idade, é junto à estátua do «Tio Ruca», que ele próprio construiu, que ainda hoje, Amândio Augusto, recorda as histórias contadas na sua infância, que relatavam o tempo da guerra da traulitada, onde se diz, que um destemido lutador daquele tempo, de nome Tio Ruca terá morrido no bairro da calçada, em protecção dos seus populares. Talvez baseado neste mundo imaginário, onde os guerreiros lutavam de monte a monte, para a defesa destas terras, onde a calçada recebia o suor dos homens e animais que a pisavam, Amândio Augusto, simboliza com as suas miniaturas em madeira, uma vivência quotidiana, onde o trabalho agrícola domina, a par de uma constante busca da identidade cultural e histórica da Vila de Murça.

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