Câmara Corporativa: Repor em cena o Buzinão da Ponte

28-01-2012
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Os últimos acontecimentos em que as empresas de transporte de mercadorias surgiram como protagonistas provaram que os Estados democráticos têm de se preparar para reagir a movimentos mais ou menos espontâneos e desorganizados que podem pôr em causa valores essenciais: o abastecimento de aeroportos, de hospitais e de mercados e a satisfação das necessidades básicas da população.Os profetas da desgraça descobriram que, como sempre, a culpa é do Governo, que não negociou ou não soube usar a força.Verdadeiramente engraçado é, neste caso, o papel do Dr. Portas. Sempre à espera da sua oportunidade, começou por atacar o Governo por não negociar e ceder aos patrões das transportadoras e acabou a berrar contra a falta de autoridade do Estado.Mas o PSD também não se portou de forma diferente. Depois de revelar, num primeiro momento, uma incontida compreensão pelos vândalos, acabou depois por criticar o Governo por alegada falta de firmeza.No meio disto tudo, a oposição mostrou, tristemente, o seu populismo e a sua demagogia por não ter sido capaz de condenar com clareza e sem sofismas o movimento das empresas de camionagem. Acontece que, no contexto das sucessivas notícias sobre os feitos das transportadoras, algumas verdades parecem submergir: • Não é verdade que nenhuma estrada foi cortada?• Não é verdade que não ocorreram tumultos graves comparáveis aos que se viram em Espanha e em França?• Não é verdade que não foi preciso mobilizar o Exército, como aconteceu no Reino Unido e na Itália?• Não é verdade que o problema foi resolvido em três dias?• Não é verdade que a negociação não implicou cedências no único aspecto que era, de facto, importante — o gasóleo profissional?Dizem agora os peritos em previsões póstumas que o Governo deveria ter começado por negociar mais cedo. Será que não perceberam que o Governo negociou com o único interlocutor válido, que o problema é que, à semelhança do que sucedeu em vários países, a própria ANTRAM foi ultrapassada por proprietários “não alinhados”, cujas motivações são em alguns casos bem conhecidas, ao não quererem sequer negociar nada com o Governo?Dizem também os treinadores de bancada que as polícias não malharam suficientemente nos energúmenos. Mas todos puderam ver polícias a escoltarem camiões, a assegurarem que não havia cortes de estrada.Igualmente se ouviu no Parlamento, sem ninguém o desmentir, que foram identificados mais de 50 suspeitos e que estão em curso mais de 15 processos-crimes.A minha conclusão é simples. O que os críticos gostariam de ter visto era uma situação insurreccional, com uma declaração de estado de sítio ou de emergência à mistura, e o Governo numa situação de impotência. Parece que se enganaram redondamente. Falhou a tentativa de repor em cena o Buzinão da Ponte.


Os últimos acontecimentos em que as empresas de transporte de mercadorias surgiram como protagonistas provaram que os Estados democráticos têm de se preparar para reagir a movimentos mais ou menos espontâneos e desorganizados que podem pôr em causa valores essenciais: o abastecimento de aeroportos, de hospitais e de mercados e a satisfação das necessidades básicas da população.Os profetas da desgraça descobriram que, como sempre, a culpa é do Governo, que não negociou ou não soube usar a força.Verdadeiramente engraçado é, neste caso, o papel do Dr. Portas. Sempre à espera da sua oportunidade, começou por atacar o Governo por não negociar e ceder aos patrões das transportadoras e acabou a berrar contra a falta de autoridade do Estado.Mas o PSD também não se portou de forma diferente. Depois de revelar, num primeiro momento, uma incontida compreensão pelos vândalos, acabou depois por criticar o Governo por alegada falta de firmeza.No meio disto tudo, a oposição mostrou, tristemente, o seu populismo e a sua demagogia por não ter sido capaz de condenar com clareza e sem sofismas o movimento das empresas de camionagem. Acontece que, no contexto das sucessivas notícias sobre os feitos das transportadoras, algumas verdades parecem submergir: • Não é verdade que nenhuma estrada foi cortada?• Não é verdade que não ocorreram tumultos graves comparáveis aos que se viram em Espanha e em França?• Não é verdade que não foi preciso mobilizar o Exército, como aconteceu no Reino Unido e na Itália?• Não é verdade que o problema foi resolvido em três dias?• Não é verdade que a negociação não implicou cedências no único aspecto que era, de facto, importante — o gasóleo profissional?Dizem agora os peritos em previsões póstumas que o Governo deveria ter começado por negociar mais cedo. Será que não perceberam que o Governo negociou com o único interlocutor válido, que o problema é que, à semelhança do que sucedeu em vários países, a própria ANTRAM foi ultrapassada por proprietários “não alinhados”, cujas motivações são em alguns casos bem conhecidas, ao não quererem sequer negociar nada com o Governo?Dizem também os treinadores de bancada que as polícias não malharam suficientemente nos energúmenos. Mas todos puderam ver polícias a escoltarem camiões, a assegurarem que não havia cortes de estrada.Igualmente se ouviu no Parlamento, sem ninguém o desmentir, que foram identificados mais de 50 suspeitos e que estão em curso mais de 15 processos-crimes.A minha conclusão é simples. O que os críticos gostariam de ter visto era uma situação insurreccional, com uma declaração de estado de sítio ou de emergência à mistura, e o Governo numa situação de impotência. Parece que se enganaram redondamente. Falhou a tentativa de repor em cena o Buzinão da Ponte.

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