Bebedeiras de Jazz: Blue in Green*

20-01-2012
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O homem abriu a porta de casa. A mulher alongava-se em tons de azul. O homem disse o nome dela. Não ouviu. As cortinas teciam espirais de poeira. A mulher alongava-se ao espelho. O homem repetiu o nome. Dela. A mulher abriu o armário. Encheu-se de escuridão. O homem continuava a dizer o nome dela. Sem pressa. Sem vontade. A mulher habituou-se ao nome dela. E à voz do homem. A mulher desejou ser gato. Um gato na poeira que o sol fazia espreitar na dança da cortina. O homem encontrou, ainda dizendo o seu nome de dentro do hábito, a mulher deitada no fundo da escuridão. Deitada como um gato. Um manso gato. Ao sol. * Miles Davis (5:37) in ‘Kind of Blue’


O homem abriu a porta de casa. A mulher alongava-se em tons de azul. O homem disse o nome dela. Não ouviu. As cortinas teciam espirais de poeira. A mulher alongava-se ao espelho. O homem repetiu o nome. Dela. A mulher abriu o armário. Encheu-se de escuridão. O homem continuava a dizer o nome dela. Sem pressa. Sem vontade. A mulher habituou-se ao nome dela. E à voz do homem. A mulher desejou ser gato. Um gato na poeira que o sol fazia espreitar na dança da cortina. O homem encontrou, ainda dizendo o seu nome de dentro do hábito, a mulher deitada no fundo da escuridão. Deitada como um gato. Um manso gato. Ao sol. * Miles Davis (5:37) in ‘Kind of Blue’

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