Acontecimentos dos últimos dias trouxeram para a boca de cena dois países que se consideram na rota certa para a construção do verdadeiro socialismo, bem como reacções aos mesmos um pouco por todo o mundo.Estou a pensar, obviamente, nas comemorações do 65º aniversário da fundação do Partido Comunista norte-coreano, em que «debutou» publicamente o sucessor de Kim Jong-il, e a atribuição do Nobel da Paz a Liu Xiaobo.
O carácter dinástico do primeiro foi amplamente comentado, bem como o militarismo exacerbado e tenebroso do respectivo desfile militar. (Entretanto, ocorreu no Vietname a celebração do 1000º aniversário de Hanói, também musculado mas menos espectacular.)
Mas «o caso» da semana foi certamente o Nobel da Paz e eu nem sequer voltaria ao assunto, não se tivesse dado o caso de, ontem à noite, em desespero de zapping para fugir à quarta hora sobre futebol, ter ido parar à TVI24, onde Constança Cunha e Sá se preparava para entrevistar Jerónimo de Sousa.
Durante quase nove minutos (os primeiros), a jornalista tentou, nem sei quantas vezes e com as mais variadas formulações, que o secretário-geral do PCP dissesse se condenava, ou não, a existência de presos políticos como Liu Xiaobo. Não conseguiu. O diálogo era mais ou menos como se nos perguntassem se hoje está Sol e respondêssemos sempre: «Choveu muito a semana passada.». Absolutamente impressionante!
A persistência da entrevistadora foi tão grande que cheguei a ter esperança que Jerónimo de Sousa perdesse a cabeça e lhe dissesse que sim, que aprovava aquela e todas as outras prisões em tudo o que tem a etiqueta de comunista, as actuais e as do tempo da URSS, Tiananmen e até os gulags. Eu respiraria fundo e aplaudiria de pé, mas claro que não aconteceu.
Paredes de vidro? Aquilo é muralha de aço. ......
Categorias
Entidades
Acontecimentos dos últimos dias trouxeram para a boca de cena dois países que se consideram na rota certa para a construção do verdadeiro socialismo, bem como reacções aos mesmos um pouco por todo o mundo.Estou a pensar, obviamente, nas comemorações do 65º aniversário da fundação do Partido Comunista norte-coreano, em que «debutou» publicamente o sucessor de Kim Jong-il, e a atribuição do Nobel da Paz a Liu Xiaobo.
O carácter dinástico do primeiro foi amplamente comentado, bem como o militarismo exacerbado e tenebroso do respectivo desfile militar. (Entretanto, ocorreu no Vietname a celebração do 1000º aniversário de Hanói, também musculado mas menos espectacular.)
Mas «o caso» da semana foi certamente o Nobel da Paz e eu nem sequer voltaria ao assunto, não se tivesse dado o caso de, ontem à noite, em desespero de zapping para fugir à quarta hora sobre futebol, ter ido parar à TVI24, onde Constança Cunha e Sá se preparava para entrevistar Jerónimo de Sousa.
Durante quase nove minutos (os primeiros), a jornalista tentou, nem sei quantas vezes e com as mais variadas formulações, que o secretário-geral do PCP dissesse se condenava, ou não, a existência de presos políticos como Liu Xiaobo. Não conseguiu. O diálogo era mais ou menos como se nos perguntassem se hoje está Sol e respondêssemos sempre: «Choveu muito a semana passada.». Absolutamente impressionante!
A persistência da entrevistadora foi tão grande que cheguei a ter esperança que Jerónimo de Sousa perdesse a cabeça e lhe dissesse que sim, que aprovava aquela e todas as outras prisões em tudo o que tem a etiqueta de comunista, as actuais e as do tempo da URSS, Tiananmen e até os gulags. Eu respiraria fundo e aplaudiria de pé, mas claro que não aconteceu.
Paredes de vidro? Aquilo é muralha de aço. ......