1. Não vou falar do anti-semitismo ocidental. Não sei o suficiente sobre essa coisa, que, contra todas as expectativas históricas, mantém a sua presença. Também não vou falar do anti-semitismo vivido no Islão radical. Escrevo Islão radical porque existe uma larga porção da população muçulmana que não é reaccionária (Wahhabistas) ou revolucionária (Qutbista, isto é, os bin Ladens). Vou tentar falar da ambiguidade em relação a Israel vivida na Europa. Esta ambiguidade é a origem do silêncio indicado pela Ana.2.Nas últimas décadas, a Europa – sobretudo a poderosa Alemanha - desenvolveu uma ideologia pós-Estado, pós-Westfália. A história europeia foi reescrita a partir de um mito: a culpa de tudo foi (é) do Estado. Coisa curiosa: culpa-se uma estrutura asséptica (Estado) mas não se analisa os passados ideológicos. Onde é que está a crítica ao romantismo político alemão que criou a ambiência para Hitler e para os fascismos em geral?Conceitos como Estado e Soberania passaram a ser insultos: “ah, és soberanista!”. Ora, e o que é Israel? Precisamente o oposto desta ideologia habermasiana: um Estado orgulhoso da sua Soberania, que age politicamente para proteger os seus cidadãos. Para esta ideologia pós-Estado, Israel – e os EUA – é uma relíquia.3.Mais: adicione-se o outro ingrediente produzido pela esquerda viúva de Marx: o multiculturalismo, Que coisa é esta? Simples: o regresso do romantismo político sob uma capa de progressismo. A “Grande Fraude”, como lhe chamou Fernando Savater (um verdadeiro homem de esquerda). Mais: o multiculturalismo baseia-se num sentimento de culpa ocidental em relação à sua história e cultura. Ora, o que é Israel senão um estado orgulhoso e defensor da sua tradição ocidental?4.É por estas duas linhas (ideologia pós-Estado e multiculturalismo) que devemos tentar perceber a posição europeia típica em relação a Israel, que, atenção, merece críticas. Como qualquer estado soberano. Mas isso é outra conversa.[Henrique Raposo]
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1. Não vou falar do anti-semitismo ocidental. Não sei o suficiente sobre essa coisa, que, contra todas as expectativas históricas, mantém a sua presença. Também não vou falar do anti-semitismo vivido no Islão radical. Escrevo Islão radical porque existe uma larga porção da população muçulmana que não é reaccionária (Wahhabistas) ou revolucionária (Qutbista, isto é, os bin Ladens). Vou tentar falar da ambiguidade em relação a Israel vivida na Europa. Esta ambiguidade é a origem do silêncio indicado pela Ana.2.Nas últimas décadas, a Europa – sobretudo a poderosa Alemanha - desenvolveu uma ideologia pós-Estado, pós-Westfália. A história europeia foi reescrita a partir de um mito: a culpa de tudo foi (é) do Estado. Coisa curiosa: culpa-se uma estrutura asséptica (Estado) mas não se analisa os passados ideológicos. Onde é que está a crítica ao romantismo político alemão que criou a ambiência para Hitler e para os fascismos em geral?Conceitos como Estado e Soberania passaram a ser insultos: “ah, és soberanista!”. Ora, e o que é Israel? Precisamente o oposto desta ideologia habermasiana: um Estado orgulhoso da sua Soberania, que age politicamente para proteger os seus cidadãos. Para esta ideologia pós-Estado, Israel – e os EUA – é uma relíquia.3.Mais: adicione-se o outro ingrediente produzido pela esquerda viúva de Marx: o multiculturalismo, Que coisa é esta? Simples: o regresso do romantismo político sob uma capa de progressismo. A “Grande Fraude”, como lhe chamou Fernando Savater (um verdadeiro homem de esquerda). Mais: o multiculturalismo baseia-se num sentimento de culpa ocidental em relação à sua história e cultura. Ora, o que é Israel senão um estado orgulhoso e defensor da sua tradição ocidental?4.É por estas duas linhas (ideologia pós-Estado e multiculturalismo) que devemos tentar perceber a posição europeia típica em relação a Israel, que, atenção, merece críticas. Como qualquer estado soberano. Mas isso é outra conversa.[Henrique Raposo]