A fama e o proveito Como é de calcular, nada me liga à anunciada candidatura de Fernando Nobre e já aqui declarei que não tenciono colaborar em qualquer trégua política ao governo do PS por via de conferir uma precipitada e a destempo centralidade às presidenciais. Mas repare-se, e aprenda-se com isso, na forma inexcedivelmente educada, tolerante e intelectualemente elevada como um exaltado apoiante de D. Sebastião, perdão, de Manuel Alegre, trata aquele conhecido activista de causas humanitárias:«Faltava saber como se chamava o coelho a sair da cartola. Como previa, ia sair um coelho com pernas de lebre. E o ego inchado de Nobre não resistiu ao apelo de sereia de umas horas extras de fama em forma de tempo de antena, recompensadas com bons peditórios para a AMI e faúlhas para o episcopado que lhe engorda o púlpito. Não para correr para fintar Cavaco mas para o servir, mordendo em Alegre, esse nome e símbolo que suscita pânicos viscerais ao aparelho socrático e à gamela socialista. É uma sacanice à alternativa de esquerda em Belém. Mas reforça a missão de Manuel Alegre, a de afirmar uma esquerda contra a direita mas que seja também esquerda contra a esquerda traficante e oportunista, nobre ou plebeia. Se conseguirmos meter Alegre em Belém, difícil mas possível, a esquerda portuguesa pode sacudir a caspa e ajudar a balizar soluções limpas e democráticas, o reencontro cada vez mais urgente para tirar as nozes dos dentes do centrismo e da direita, as do saudosismo autoritário e messiânico. E Nobre não vai ter de se queixar, pois em muitos sítios do mundo vai continuar a ser necessário. »Nenhuma dúvida, portanto: uns, os do costume, têm a fama de sectários, agressivos, intolerantes e de transpirarem ódio por todos os poros mas outros é que têm o proveito.
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A fama e o proveito Como é de calcular, nada me liga à anunciada candidatura de Fernando Nobre e já aqui declarei que não tenciono colaborar em qualquer trégua política ao governo do PS por via de conferir uma precipitada e a destempo centralidade às presidenciais. Mas repare-se, e aprenda-se com isso, na forma inexcedivelmente educada, tolerante e intelectualemente elevada como um exaltado apoiante de D. Sebastião, perdão, de Manuel Alegre, trata aquele conhecido activista de causas humanitárias:«Faltava saber como se chamava o coelho a sair da cartola. Como previa, ia sair um coelho com pernas de lebre. E o ego inchado de Nobre não resistiu ao apelo de sereia de umas horas extras de fama em forma de tempo de antena, recompensadas com bons peditórios para a AMI e faúlhas para o episcopado que lhe engorda o púlpito. Não para correr para fintar Cavaco mas para o servir, mordendo em Alegre, esse nome e símbolo que suscita pânicos viscerais ao aparelho socrático e à gamela socialista. É uma sacanice à alternativa de esquerda em Belém. Mas reforça a missão de Manuel Alegre, a de afirmar uma esquerda contra a direita mas que seja também esquerda contra a esquerda traficante e oportunista, nobre ou plebeia. Se conseguirmos meter Alegre em Belém, difícil mas possível, a esquerda portuguesa pode sacudir a caspa e ajudar a balizar soluções limpas e democráticas, o reencontro cada vez mais urgente para tirar as nozes dos dentes do centrismo e da direita, as do saudosismo autoritário e messiânico. E Nobre não vai ter de se queixar, pois em muitos sítios do mundo vai continuar a ser necessário. »Nenhuma dúvida, portanto: uns, os do costume, têm a fama de sectários, agressivos, intolerantes e de transpirarem ódio por todos os poros mas outros é que têm o proveito.