Os manifestantes que "sitiaram" o Rivoli ilustram bem o espírito da cultura portuguesa.Atente-se que o Rivoli não vai ser vendido nem vai ver o seu estatuto de equipamento cultural alterado, como sucedeu há uns anos com o Coliseu. Nem, em momento algum, foi dito àqueles que lá estão que nunca mais poderiam exibir as suas obras e criações naquele espaço.A câmara municipal do Porto apenas alterou o modelo de gestão, passando-o para as mãos privadas. Mas, mesmo esse modelo de gestão e as suas implicações não estão definidos, uma vez que ainda está a decorrer o concurso público com vista à sua adjudicação.O que apavora os "agentes culturais" que se encontram fechados no Rivoli é a simples perspectiva de ver a sua obra apreciada e avaliada por pessoas normais, sem os falsos elitismos ou aparentes erudições, habitualmente discutidos e declarados com força obrigatória geral nas recônditas reuniões de velhos amigos e conhecidos e que remetem imediatamente para a categoria de ignorantes e incultos aqueles que não conseguem vislumbrar tamanha genialidade.É óbvio que a cultura tem especificidades que devem ser discutidas e protegidas, mas nenhuma outra actividade convive tão bem com a crónica dependência de subsídios e a falta de adesão de público, que, muitas vezes, até chega a ser vista pelos criadores como mais uma prova do seu incompreendido brilhantismo.
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Os manifestantes que "sitiaram" o Rivoli ilustram bem o espírito da cultura portuguesa.Atente-se que o Rivoli não vai ser vendido nem vai ver o seu estatuto de equipamento cultural alterado, como sucedeu há uns anos com o Coliseu. Nem, em momento algum, foi dito àqueles que lá estão que nunca mais poderiam exibir as suas obras e criações naquele espaço.A câmara municipal do Porto apenas alterou o modelo de gestão, passando-o para as mãos privadas. Mas, mesmo esse modelo de gestão e as suas implicações não estão definidos, uma vez que ainda está a decorrer o concurso público com vista à sua adjudicação.O que apavora os "agentes culturais" que se encontram fechados no Rivoli é a simples perspectiva de ver a sua obra apreciada e avaliada por pessoas normais, sem os falsos elitismos ou aparentes erudições, habitualmente discutidos e declarados com força obrigatória geral nas recônditas reuniões de velhos amigos e conhecidos e que remetem imediatamente para a categoria de ignorantes e incultos aqueles que não conseguem vislumbrar tamanha genialidade.É óbvio que a cultura tem especificidades que devem ser discutidas e protegidas, mas nenhuma outra actividade convive tão bem com a crónica dependência de subsídios e a falta de adesão de público, que, muitas vezes, até chega a ser vista pelos criadores como mais uma prova do seu incompreendido brilhantismo.