Dizem na televisão que o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconni, terá comentado que para acabar com as violações era preciso pôr um polícia atrás de cada mulher bonita e, em Itália isso seria impossível.Num primeiro momento pasmo mais uma vez como foi possível a este recauchutado cavalheiro ascender ao cargo político que ocupa. Há coisas que nunca entenderei.Mas logo me distraio com uma recordação mais divertida.O facto passou-se numa aula de português, no último ano do liceu.O professor da disciplina, muito intelectual de esquerda mas aparentemente também muito machista, a proipósito do "Malhadinhas", de Aquilino Ribeiro, argumentava com parte da turma sustentando a impossiblidade da violação de uma mulher por um homem.E para demonstrar esta estrambólica tese virou-se para mim, sentado na primeira fila e estendeu-me uma esferográfica Bic, enquanto figurava um orifício pondo os dedos de ambas as mãos unidos em anel.Depois ordenou-me que tentasse introduzir a esferográfica no orifício enquanto fazia movimentos rápidos com as mãos, furtando-as ao contacto.Apesar da interpelação, durante uns bons segundos não compreendi qual o objectivo de semelhante disparate e fiquei simplesmente a olhar para ele, com cara de parvo e a esferográfica na mão.Como eu não fazia nada o professor parou enfim com os movimentos, no exacto instante em que eu alcançara finalmente o que ele queria que tentasse fazer e, como um espadachim, investi com a caneta como um raio conseguindo introduzi-la no orifício que ele simulava com os dedos.Foi a vez do professor ficar com cara de parvo pois eu acabara de levar à falência a demonstração da sua absurda tese.Não me lembro se os, e sobretudo as colegas, me aplaudiram.Mas que foi uma acção prestigiosa lá isso foi.Sentado a meu lado na carteira, o Funes ficou até levemente invejoso.
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Dizem na televisão que o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconni, terá comentado que para acabar com as violações era preciso pôr um polícia atrás de cada mulher bonita e, em Itália isso seria impossível.Num primeiro momento pasmo mais uma vez como foi possível a este recauchutado cavalheiro ascender ao cargo político que ocupa. Há coisas que nunca entenderei.Mas logo me distraio com uma recordação mais divertida.O facto passou-se numa aula de português, no último ano do liceu.O professor da disciplina, muito intelectual de esquerda mas aparentemente também muito machista, a proipósito do "Malhadinhas", de Aquilino Ribeiro, argumentava com parte da turma sustentando a impossiblidade da violação de uma mulher por um homem.E para demonstrar esta estrambólica tese virou-se para mim, sentado na primeira fila e estendeu-me uma esferográfica Bic, enquanto figurava um orifício pondo os dedos de ambas as mãos unidos em anel.Depois ordenou-me que tentasse introduzir a esferográfica no orifício enquanto fazia movimentos rápidos com as mãos, furtando-as ao contacto.Apesar da interpelação, durante uns bons segundos não compreendi qual o objectivo de semelhante disparate e fiquei simplesmente a olhar para ele, com cara de parvo e a esferográfica na mão.Como eu não fazia nada o professor parou enfim com os movimentos, no exacto instante em que eu alcançara finalmente o que ele queria que tentasse fazer e, como um espadachim, investi com a caneta como um raio conseguindo introduzi-la no orifício que ele simulava com os dedos.Foi a vez do professor ficar com cara de parvo pois eu acabara de levar à falência a demonstração da sua absurda tese.Não me lembro se os, e sobretudo as colegas, me aplaudiram.Mas que foi uma acção prestigiosa lá isso foi.Sentado a meu lado na carteira, o Funes ficou até levemente invejoso.