Devaneios Desintéricos: devaneios fotográficos: torneira fechada

23-01-2012
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Para o 'devaneios fotográficos' de hoje uma foto da Reuters que documenta a manifestação ocorrida anteontem em Ramallah, Palestina. O povo manifestou-se contra a supressão do financiamento internacional da União Europeia e dos EUA à Autoridade Nacional Palestiniana por esta, por soberana escolha eleitoral e democrática do Povo da Palestina, ser comandada pelo Hamas, "força terrorista que não reconhece Israel". Trata-se de uma afronta por parte de uma Comunidade Internacional que incentiva e promove eleições democráticas mas que, não se conformando com os resultados, "fecha a torneira". O resultado das eleições palestinas, como qualquer observador imparcial facilmente atestará, é a consequência sócio-política que se sabia inevitável de uma prolongada lógica de ostracização e marginalização do povo da Palestina. No terreno, face ao desaparecimento de um apoio social forte por parte das entidades políticas, foi o Hamas que sustentou uma rede de cuidados sociais buscando, logicamente, o lento, mas consistente, incremento da sua base de apoio social. Uma Comunidade Internacional que, a reboque do dirigismo norte-americano, insistiu em não apoiar os laicos e moderados da OLP confronta-se agora, estranhamente espantada, com os fundamentalistas Islâmicos do Hamas. Mais hipócrita se torna a situação quando sabemos que o Hamas, abjecta criação de Ahmed Yassin, foi, inicialmente, apoiado pela Mossad como forma de dividir a crescente base de apoio popular da OLP. Tudo isto para que concluamos que a situação actual da política palestiniana mais não é do que uma consequência das actuações internacionais naquela área do globo. Suprimir, cegamente, o financiamento à Autoridade Palestina não é tirar-lhe força. É acabar com o financiamento a escolas, hospitais, serviços administrativos, programas educacionais e de apoio social generalizado. É justificar o voto de protesto do povo palestino. E é desistir do mesmo, entregando-o de vez ao fundamentalismo mais abjecto. Como seria de esperar, os representantes do Hamas estiveram ontem em Teerão, buscando o apoio finaceiro necessário à sua subsistência que, claro está, será atribuído. Nas ruas, o Povo apoiará mais que nunca os seus líderes quando a demagogia fundamentalista falar em "abandono por parte dos americanos e europeus". E esvair-se-á cada vez mais qualquer possibilidade de Paz. Parabéns, americanos, europeus e russos, por mais esta desgraça.MSD

Para o 'devaneios fotográficos' de hoje uma foto da Reuters que documenta a manifestação ocorrida anteontem em Ramallah, Palestina. O povo manifestou-se contra a supressão do financiamento internacional da União Europeia e dos EUA à Autoridade Nacional Palestiniana por esta, por soberana escolha eleitoral e democrática do Povo da Palestina, ser comandada pelo Hamas, "força terrorista que não reconhece Israel". Trata-se de uma afronta por parte de uma Comunidade Internacional que incentiva e promove eleições democráticas mas que, não se conformando com os resultados, "fecha a torneira". O resultado das eleições palestinas, como qualquer observador imparcial facilmente atestará, é a consequência sócio-política que se sabia inevitável de uma prolongada lógica de ostracização e marginalização do povo da Palestina. No terreno, face ao desaparecimento de um apoio social forte por parte das entidades políticas, foi o Hamas que sustentou uma rede de cuidados sociais buscando, logicamente, o lento, mas consistente, incremento da sua base de apoio social. Uma Comunidade Internacional que, a reboque do dirigismo norte-americano, insistiu em não apoiar os laicos e moderados da OLP confronta-se agora, estranhamente espantada, com os fundamentalistas Islâmicos do Hamas. Mais hipócrita se torna a situação quando sabemos que o Hamas, abjecta criação de Ahmed Yassin, foi, inicialmente, apoiado pela Mossad como forma de dividir a crescente base de apoio popular da OLP. Tudo isto para que concluamos que a situação actual da política palestiniana mais não é do que uma consequência das actuações internacionais naquela área do globo. Suprimir, cegamente, o financiamento à Autoridade Palestina não é tirar-lhe força. É acabar com o financiamento a escolas, hospitais, serviços administrativos, programas educacionais e de apoio social generalizado. É justificar o voto de protesto do povo palestino. E é desistir do mesmo, entregando-o de vez ao fundamentalismo mais abjecto. Como seria de esperar, os representantes do Hamas estiveram ontem em Teerão, buscando o apoio finaceiro necessário à sua subsistência que, claro está, será atribuído. Nas ruas, o Povo apoiará mais que nunca os seus líderes quando a demagogia fundamentalista falar em "abandono por parte dos americanos e europeus". E esvair-se-á cada vez mais qualquer possibilidade de Paz. Parabéns, americanos, europeus e russos, por mais esta desgraça.MSD

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