Devaneios Desintéricos: Desinterias cinematográficas: Jarhead

24-01-2012
marcar artigo


O bardajão que assina este entediante blog fez ontem o encontro entre o seu traseiro e um assento da sala número 6 do Fórum Algarve para ver o filme Jarhead (na versão tuga, 'Máquina Zero'). Em bom rigor, confesso que fui motivado, não tanto pelo enredo em si (estas macacadas militaristas americanas não têm, em meu modesto entender, grande interesse) mas antes pelo realizador - Sam Mendes - responsável pelo magnífico e de boa memória "Beleza Americana". Fazendo de seguida um descarado copy/paste do Guia de Lazer do Público, trata-se, grosso modo, de uma adaptação da autobiografia do fuzileiro Anthony Swofford, "Máquina Zero" acompanha as reflexões de "Swoff" (Jake Gyllenhaal) no acampamento e nas missões durante a Guerra do Golfo - missões em que carrega o equipamento às costas através do deserto do Médio Oriente, sem qualquer protecção contra o calor intolerável e com os soldados iraquianos sempre à espreita no horizonte. Swoff e os seus companheiros aguentam-se com humor negro e absurdo no deserto escaldante, num país que não compreendem, enfrentando um inimigo que não conseguem ver, por uma causa que lhes passa ao lado. Mas, em meu entender, e embora considerando que o filme poderá ser algo decepcionante para quem vá em procura de um novo "Beleza Americana" (como eu fui...), trata-se de um drama psicológico, relativamente bem feito e com excelentes interpretações, que consegue tocar nos pontos essenciais da temática militarista em geral, e dos problemas da Política norteamericana em particular. Acima de tudo, é interessante observar como Sam Mendes, na crítica social acutilante a que nos habituou, consegue focar aspectos como a "reprogramação" psicológica dos soldados voltando-os para uma lógica de morte gratuita, violência por sistema e aceitação acrítica das ideias políticas dos seus dirigentes. E é ver o retrato do latino americano de profissão humilde convertido em snipper do Exército Norte-Americano, acompanhar a transiçãode Swofford de leitor de Albert Camus e potencial universitário a combatente frio e racionalmente acrítico. E são os símbolos, portadores da mensagem crítica de toda a película: o Vietname, a cruz, os véus, o turbante, a chuva de petróleo...


O bardajão que assina este entediante blog fez ontem o encontro entre o seu traseiro e um assento da sala número 6 do Fórum Algarve para ver o filme Jarhead (na versão tuga, 'Máquina Zero'). Em bom rigor, confesso que fui motivado, não tanto pelo enredo em si (estas macacadas militaristas americanas não têm, em meu modesto entender, grande interesse) mas antes pelo realizador - Sam Mendes - responsável pelo magnífico e de boa memória "Beleza Americana". Fazendo de seguida um descarado copy/paste do Guia de Lazer do Público, trata-se, grosso modo, de uma adaptação da autobiografia do fuzileiro Anthony Swofford, "Máquina Zero" acompanha as reflexões de "Swoff" (Jake Gyllenhaal) no acampamento e nas missões durante a Guerra do Golfo - missões em que carrega o equipamento às costas através do deserto do Médio Oriente, sem qualquer protecção contra o calor intolerável e com os soldados iraquianos sempre à espreita no horizonte. Swoff e os seus companheiros aguentam-se com humor negro e absurdo no deserto escaldante, num país que não compreendem, enfrentando um inimigo que não conseguem ver, por uma causa que lhes passa ao lado. Mas, em meu entender, e embora considerando que o filme poderá ser algo decepcionante para quem vá em procura de um novo "Beleza Americana" (como eu fui...), trata-se de um drama psicológico, relativamente bem feito e com excelentes interpretações, que consegue tocar nos pontos essenciais da temática militarista em geral, e dos problemas da Política norteamericana em particular. Acima de tudo, é interessante observar como Sam Mendes, na crítica social acutilante a que nos habituou, consegue focar aspectos como a "reprogramação" psicológica dos soldados voltando-os para uma lógica de morte gratuita, violência por sistema e aceitação acrítica das ideias políticas dos seus dirigentes. E é ver o retrato do latino americano de profissão humilde convertido em snipper do Exército Norte-Americano, acompanhar a transiçãode Swofford de leitor de Albert Camus e potencial universitário a combatente frio e racionalmente acrítico. E são os símbolos, portadores da mensagem crítica de toda a película: o Vietname, a cruz, os véus, o turbante, a chuva de petróleo...

marcar artigo