Devaneios Desintéricos: da linguagem da crise

20-01-2012
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"(...)Como o Presidente da República disse na sua Mensagem de Ano Novo, a agenda da classe política deve estar centrada no combate à crise que afecta o País e a atenção dos Portugueses não deve ser desviada dos problemas que efectivamente os preocupam." Cavaco Silva veio a público dizer que não falou com ninguém sobre as datas das eleições que deve marcar. Tratar-se-ia de uma notícia de somenos importância, porventura mais relacionada com o azedume político que emana de Belém do com o facto em sim, não fosse o último parágrafo da mensagem, supra transcrito, que mandou publicar no sítio da Presidência da República.O Presidente insiste, aliás desde a Mensagem de Ano Novo de Janeiro de 2008, na necessidade Portugal enveredar por caminhos de consenso, face à crise em que se encontra. Pretende, naturalmente, a Presidência assumir um papel balizador do debate político, chamando a si uma áurea legitimidade supra partidária que fará o deleite de muita opinião pública. Afinal de contas, o Povo político dificilmente entende que os políticos "percam" tempo com outras coisas "quando isto está tão mal". Toda a gente sabe disto e não é preciso ser-se um bem pago conselheiro político em Belém para o constatar. Assim, este chamar dos políticos "ao que realmente interessa" que a Presidência arrogantemente tem levado a cabo, transporta em si a linguagem genética de um certo fascismo. A necessidade torpe de todos nos unirmos em face de desígnios maiores como aqueles da salvação de uma Pátria atormentada, recusando à partida a dialéctica, a fractura, a discórdia, a dissonância e a dissidência procuram, objectivamente, levar os discordantes a concluir a necessidade de um silêncio conivente, manso, quieto e pouco dado a opiniões alternativas ou a sínteses diversas de prioridades.Esta linguagem da crise serve, assim, propósitos absolutamente ademocráticos, nele se perputuando os consensos, bafientos e acríticos, na base de todos os clientelismos, inércias, atrasos, corrupções, nepotismos e subdesenvolvimentos deste país.

"(...)Como o Presidente da República disse na sua Mensagem de Ano Novo, a agenda da classe política deve estar centrada no combate à crise que afecta o País e a atenção dos Portugueses não deve ser desviada dos problemas que efectivamente os preocupam." Cavaco Silva veio a público dizer que não falou com ninguém sobre as datas das eleições que deve marcar. Tratar-se-ia de uma notícia de somenos importância, porventura mais relacionada com o azedume político que emana de Belém do com o facto em sim, não fosse o último parágrafo da mensagem, supra transcrito, que mandou publicar no sítio da Presidência da República.O Presidente insiste, aliás desde a Mensagem de Ano Novo de Janeiro de 2008, na necessidade Portugal enveredar por caminhos de consenso, face à crise em que se encontra. Pretende, naturalmente, a Presidência assumir um papel balizador do debate político, chamando a si uma áurea legitimidade supra partidária que fará o deleite de muita opinião pública. Afinal de contas, o Povo político dificilmente entende que os políticos "percam" tempo com outras coisas "quando isto está tão mal". Toda a gente sabe disto e não é preciso ser-se um bem pago conselheiro político em Belém para o constatar. Assim, este chamar dos políticos "ao que realmente interessa" que a Presidência arrogantemente tem levado a cabo, transporta em si a linguagem genética de um certo fascismo. A necessidade torpe de todos nos unirmos em face de desígnios maiores como aqueles da salvação de uma Pátria atormentada, recusando à partida a dialéctica, a fractura, a discórdia, a dissonância e a dissidência procuram, objectivamente, levar os discordantes a concluir a necessidade de um silêncio conivente, manso, quieto e pouco dado a opiniões alternativas ou a sínteses diversas de prioridades.Esta linguagem da crise serve, assim, propósitos absolutamente ademocráticos, nele se perputuando os consensos, bafientos e acríticos, na base de todos os clientelismos, inércias, atrasos, corrupções, nepotismos e subdesenvolvimentos deste país.

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