Devaneios Desintéricos: Jean Pierre-Bemba

21-01-2012
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Quando em 2007 o líder rebelde congolês e senhor da guerra Jean-Pierre Bemba, depois de escoltado pelos capacetes azuis, descolou do aeroporto de Kinshasha num jacto privado que o trouxe até Faro para aqui fazer aquilo que o governo português, à altura, chamou "um tratamento médico às pernas", ninguém em nenhum partido português, editorial de jornal ou comentário televisivo encontrou, neste episódio, qualquer estranheza.Bemba, de agitador guerreiro de passado mais que duvidoso a líder da oposição ao eleito presidente Kabila, tornou-se numa espécie de protegido do status quo internacional, levado e acarinhado pela usual mão invisível de interesses diplomáticos na cena africana.É nesse contexto que o governo português se ofereceu para receber, em situação de exílio de facto, tendo Jean Pierre Bemba passado a residir numa vivenda nos arredores de Faro (Quinta do Lago) devidamente protegido por um corpo de segurança privada, ocupando os seus dias em campanha política nas estações internacionais de televisão que o visitavam propositadamente.Desde que a aeronave que trouxe Jean-Pierre Bemba, como tantos outros pouco recomendáveis habitantes do silêncio e recato algarvio, tocou a pista do aeroporto de Faro, que ninguém ousou lembrar que as milícias de mercenários de Bemba incendiaram as ruas da capital centro-africana, violando, saqueando e executando a seu bel-prazer seres humanos pelo simples e singelo fito de espalhar o Terror, como bem atesta a acusação proferida pela Procuradoria do TPI.Há quem veja na atitude da diplomacia portuguesa de há um ano atrás, em Kinshasha, a conveniência dos costumeiros critérios da real politik, num afloramento usual de um certo e pantanoso lodo de consenso que invade a política portuguesa quando se fala de política africana.Mas estará, quiçá, na altura de a pôr em causa e de ousar questionar porque subsistem tantas malhas tecidas pelo Império. Uma investigação jornalística a fundo sobre a vizinhança que povoa uns certos arredores de Faro seria, porventura, um bom começo...


Quando em 2007 o líder rebelde congolês e senhor da guerra Jean-Pierre Bemba, depois de escoltado pelos capacetes azuis, descolou do aeroporto de Kinshasha num jacto privado que o trouxe até Faro para aqui fazer aquilo que o governo português, à altura, chamou "um tratamento médico às pernas", ninguém em nenhum partido português, editorial de jornal ou comentário televisivo encontrou, neste episódio, qualquer estranheza.Bemba, de agitador guerreiro de passado mais que duvidoso a líder da oposição ao eleito presidente Kabila, tornou-se numa espécie de protegido do status quo internacional, levado e acarinhado pela usual mão invisível de interesses diplomáticos na cena africana.É nesse contexto que o governo português se ofereceu para receber, em situação de exílio de facto, tendo Jean Pierre Bemba passado a residir numa vivenda nos arredores de Faro (Quinta do Lago) devidamente protegido por um corpo de segurança privada, ocupando os seus dias em campanha política nas estações internacionais de televisão que o visitavam propositadamente.Desde que a aeronave que trouxe Jean-Pierre Bemba, como tantos outros pouco recomendáveis habitantes do silêncio e recato algarvio, tocou a pista do aeroporto de Faro, que ninguém ousou lembrar que as milícias de mercenários de Bemba incendiaram as ruas da capital centro-africana, violando, saqueando e executando a seu bel-prazer seres humanos pelo simples e singelo fito de espalhar o Terror, como bem atesta a acusação proferida pela Procuradoria do TPI.Há quem veja na atitude da diplomacia portuguesa de há um ano atrás, em Kinshasha, a conveniência dos costumeiros critérios da real politik, num afloramento usual de um certo e pantanoso lodo de consenso que invade a política portuguesa quando se fala de política africana.Mas estará, quiçá, na altura de a pôr em causa e de ousar questionar porque subsistem tantas malhas tecidas pelo Império. Uma investigação jornalística a fundo sobre a vizinhança que povoa uns certos arredores de Faro seria, porventura, um bom começo...

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