Devaneios Desintéricos: citação desintérica do dia: pequenos e provincianos

22-01-2012
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«No que ao futebol diz respeito, o povo português é muito freudiano - vive em permanente negação. Toda a gente sabe que os jogadores ganham milhões, que os treinadores ganham milhões, que os agentes ganham milhões, que os dirigentes ganham milhões. Toda a gente sabe, mas toda a gente disfarça, fingindo ainda acreditar no comovente "amor à camisola", como se a cor do equipamento não tivesse sido há décadas triturada pela cor do dinheiro. Qualquer bom jogador ganha 20 mil contos por mês a dar pontapés numa bola, mas para o povo, no fundo, é apenas uma gorjeta para o manter alegre. Porque a sua grande motivação para sujar os calções é evidentemente o amor ao futebol e ao emblema. Oh, sim.

É por não se ver o óbvio que as conversações de Luiz Felipe Scolari com a Federação Inglesa causaram tanto escândalo, com uns malucos a rasgar as vestes pela honra perdida de Portugal. Tendo em conta que o País em peso pendurou a bandeira das varandas no último Europeu, muitos exigem a Scolari uma devoção virginal à causa nacional. Essa gente não vê o treinador brasileiro como um assalariado da Federação Portuguesa de Futebol com contrato a termo certo, mas antes como um cruzado investido da suprema, eterna e inefável responsabilidade de exibir o esplendor do País pelos quatro cantos do mundo.

Eis mais um sintoma da nossa mentalidade pequenina e provinciana. (...)» Coluna de opinião de João Miguel Tavares para o Diário de Notícias de hojeMSD


«No que ao futebol diz respeito, o povo português é muito freudiano - vive em permanente negação. Toda a gente sabe que os jogadores ganham milhões, que os treinadores ganham milhões, que os agentes ganham milhões, que os dirigentes ganham milhões. Toda a gente sabe, mas toda a gente disfarça, fingindo ainda acreditar no comovente "amor à camisola", como se a cor do equipamento não tivesse sido há décadas triturada pela cor do dinheiro. Qualquer bom jogador ganha 20 mil contos por mês a dar pontapés numa bola, mas para o povo, no fundo, é apenas uma gorjeta para o manter alegre. Porque a sua grande motivação para sujar os calções é evidentemente o amor ao futebol e ao emblema. Oh, sim.

É por não se ver o óbvio que as conversações de Luiz Felipe Scolari com a Federação Inglesa causaram tanto escândalo, com uns malucos a rasgar as vestes pela honra perdida de Portugal. Tendo em conta que o País em peso pendurou a bandeira das varandas no último Europeu, muitos exigem a Scolari uma devoção virginal à causa nacional. Essa gente não vê o treinador brasileiro como um assalariado da Federação Portuguesa de Futebol com contrato a termo certo, mas antes como um cruzado investido da suprema, eterna e inefável responsabilidade de exibir o esplendor do País pelos quatro cantos do mundo.

Eis mais um sintoma da nossa mentalidade pequenina e provinciana. (...)» Coluna de opinião de João Miguel Tavares para o Diário de Notícias de hojeMSD

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