Octávio V. Gonçalves: Mobbing nas escolas: violência psicológica entre professores. Um caso que será prenúncio de muitos outros

25-01-2012
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No momento em que os holofotes da comunicação social estão exclusivamente voltados para o bullying, eis que começam a emergir nas escolas novas formas de violência psicológica exercidas entre professores (horizontal) ou exercidas pelos directores sobre os professores (vertical).
Quando políticos prepotentes e incompetentes impõem às escolas medidas que dão cobertura e fomentam exercícios discricionários do poder, como ocorre no actual modelo de gestão e irá acontecer quando o modelo de avaliação estiver a ser aplicado na sua plenitude, e, além disto, contam com alguns protagonistas nas escolas que pertencem à mesma "laia" dos políticos que os inspiram, então, estão criadas as condições para o crescimento do "mobbing".
A pretensa pacificação das escolas, que alguns políticos e sindicalistas apregoam, não passa, nesta fase, de frustração, indiferença, tranquilidade podre, receio de intimidações e represálias, mas também, em alguns casos, bajulação e vassalagem, enquanto requisitos da melhor sobrevivência possível.
Que tipo de educação/formação pode transmitir uma escola que se estrutura internamente em formas de gestão e de organização que são uma negação da democracia e que agitam a coacção e a intimidação? 
Mesmo desconhecendo outros pormenores específicos do caso relatado e não dispondo da versão do outro lado, não restam dúvidas que o testemunho de uma colega que se considera "condenada (...) a usar uma espécie de pulseira electrónica" não pode deixar de nos inquietar, fazer reflectir e motivar para continuarmos a lutar contra as políticas educativas do socratismo.
E é fundamentalmente por isto e por antever que muitos outros casos de "mobbing" existem e proliferarão se não fizermos mais nada contra as aberrações que são este modelo de gestão (ausência de controlo democrático por parte dos professores e discricionariedade) e este modelo de avaliação (qualquer um que o Director escolha se pode dar ares de avaliador), que me decidi a publicar o e-mail desta colega, o qual, apesar de longo, merece ser lido e divulgado.

Exmo Colega,
Assunto: Coação psicológica de Direcção “bem-sucedida” sobre professora (no presente caso, eu).
Venho, pelo presente, expor uma questão que, julgo, de importância maior relativamente às questões que estão na ordem do dia quanto ao tema “Educação em Portugal”.
Gostava de ter a sua atenção neste contexto, dado que são falados, debatidos, assuntos relativos ao “bullying” nas escolas como um dos principais e graves problemas do funcionamento escolar sem, contudo, se debater, de forma abrangente e sem peias, uma questão que se encontra a montante daquela apontada, todavia, timidamente, sugerida.
Trata-se do “mobbing”, dito por outras palavras, pressão, coacção, prepotência e intimidação de professor para professor. Naturalmente que o conceito de “mobbing” abrange 2 vectores principais: conceito horizontal (professor para professor) e, outro, o vertical, de DIRECÇÃO contra professor.
É neste âmbito que apresento e venho, junto de si, suscitar uma reflexão que tem passado completamente despercebida (?) da parte da investigação jornalística séria que se faz no nosso país.
Com efeito, muitos dos casos mediáticos que conhecemos, de violência entre alunos-alunos e de alunos-professores, tem como “parceiro escondido” o “mobbing” nos dois eixos que acima apontámos.
É aqui que na minha opinião e por dolorosa experiência pessoal que, reside, dentro deste complexo problema, “Ensino em Portugal”, uma das razões mais importantes da incapacidade do sistema actuar consentaneamente com os desafios colocados.
Neste contexto, muito do que acontece e mediaticamente vem a lume tem por detrás actuações de “mobbing” entre Direcções e professores e entre professores e professores.
A minha experiência não se traduz na violência física e não trata de nada do que tem sido mediatizado, embora os danos emocionais, psicológicos e materiais causados sejam profundos e revestidos de extrema injustiça – estou impedida de trabalhar, devido à prepotência de um Director.
Naturalmente que o meu caso se aproxima de milhentos casos que existem neste país. Acontece que, não penso suicidar-me como aconteceu com o meu malogrado colega, nem, igualmente, penso calar-me.
Gostaria que perdesse alguns minutos, lendo o meu “relato”. Neste momento, a minha queixa já foi feita à Drel. Não tenho medo. Possuo em meu poder documentos que provam quem tem razão. Possuo uma carta intimidatória do meu Director, mentirosa, prepotente e abusiva. Possuo um relatório psiquiátrico que estabelece paralelo directo entre a minha situação psiquiátrica e a situação profissional em que me encontrava, numa manifestância clara de causa-efeito.
Estão em causa os seguintes artigos previstos na Constituição da República Portuguesa:
a) - Princípio da prossecução do interesse público e da protecção dos direitos e interesses dos cidadãos;
b) - Princípios da igualdade e da proporcionalidade;
c) - Princípios da justiça e da imparcialidade;
d) - Princípio da boa-fé;
e) - Princípio da colaboração da Administração com os particulares.
A minha experiência, de forma resumida, resulta de um processo de “mobbing”, assente no assédio psicológico, assunto que não tem tido a atenção devida da parte do legislador.
Sou docente efectiva, preferindo, por conveniência, neste momento, manter o anonimato. Num momento em que a Exmª Senhora Ministra parece defender, contrariamente à sua antecessora, uma humanização do ensino, o meu assunto configura-se da seguinte forma:
No passado ano lectivo decidi mudar de escola e, portanto, entrei noutra, esta a que refiro, como professora do quadro.
Aquando da minha apresentação, a minha Coordenadora, em Julho, apresentou-me uma hipótese de cenário, quanto a horário e matérias a leccionar, perfeitamente razoável.
Qual não foi o meu espanto quando em Setembro, me foi dado um horário que não respeitava as mais elementares disposições legais, nomeadamente:
1º - as respeitantes à jornada diária de trabalho (permanecia no meu local de trabalho mais de sete horas, nalguns dias).
2º - as respeitantes a intervalos de descanso (tinha, por exemplo, 4 horas de “furo”).
Para além disso, atribuíram-me uma imensidade de níveis de matérias, às quais, humanamente, era impossível dar resposta (5 níveis distintos, co-secretariado de 3 Conselhos de Turma, apoio a alunos com dificuldades específicas).
Finalmente, e embora o Director o negue, as condições de trabalho não eram as melhores.
A Escola pertence ao grupo das que se encontram em fase de “reabilitação”, ou seja, imagina-se o que é trabalhar ao som de martelos pneumáticos? Imagina-se ter quase de gritar para ser ouvida pelos alunos e vice-versa?
Comparativamente a colegas da minha área, o meu horário foi, sem dúvida, o mais aberrante.
Tenho um filho de quase seis anos, totalmente a meu cargo. ao qual não tinha tempo para dar apoio, dado que, enquanto permaneci ao serviço, trabalhava todos os fins-de-semana para poder dar cumprimento ao “incumprível”.
Depois, por sua iniciativa, o Director, piorou ainda mais o meu horário, alargando de 3 para 4 horas, um dos dias em que tal tinha as tais horas de enormes “furos”.
Lembro que este senhor, aquando da entrega de horários, se mostrou disponível para fazer alterações “razoáveis” nos horários.
Recordo e tudo tenho registado, que manifestei à minha Coordenadora essa vontade de alteração. Mas a poucos dias de início de aulas, com os horários de alunos já feitos, referiram essa impossibilidade.
(Já agora, um bom Director, com TRÊS assessores, deve preocupar-se mais com o emendar erros ou prever-se contra eles???)
Não aguentei.
A gota de água foi ter sido posta em causa numa reunião, por uma colega, neste caso Directora de Turma, no sentido de não ter dado cumprimento, num prazo determinado, a uma planificação específica. Como poderia? Mas aguentei os ataques “educados”, perante a audiência que, era, neste caso, um Conselho de Turma.
Vim para casa, completamente esgotada, em pânico. Desanimada porque, malevolamente, estavam a fazer passar a imagem de uma pessoa não cumpridora, quando sempre o tentei ser, ao longo de 18 anos de ensino, com resultados comprovados.
Senti que me estavam a dar excesso de trabalho, precisamente para demonstrarem que era incapaz.
Estive 15 dias de baixa. Durante esse tempo, consultei um Sindicato, que confirmou as irregularidades horárias. Para além disso, houve alguma estupefacção perante o conteúdo e não só a forma do meu horário. Cinco matérias diferentes para preparar, aliadas a programas específicos para alunos com dificuldades específicas, mais vários co-secretariados de reuniões, digamos que não era pouco.
Aconselharam-me a enviar uma exposição escrita ao Director. Sabia que teria 30 dias para me responder. Não tive direito de resposta! Ignoraram-me, simplesmente. E o meu estado de saúde entrou em colapso. Foi-me diagnosticado stress pós- traumático, como já referi e esgotamento. Mantive a minha baixa, durante aqueles 30 dias, aguardando a cada dia, uma resposta na minha caixa de correio. Foi como que um jogo de forças psicológico.
Perante isto, recorri a um advogado que constituí meu procurador. Que lhe voltou a colocar a minha situação, por escrito, bem como perguntas de ordem prática. E só nessa altura, por seu intermédio, o sr. Director lhe deu a tal resposta.
Foi uma resposta lacónica e que não respondeu, na sua maioria, às questões colocadas. Afinal, quais teriam sido os critérios de atribuição horária? Sugeriu um reajustamento horário de 3 horas sem concretizar. Dizia que o Director era ele! Que era ele quem decidia! (Mentira: o próprio Regulamento Interno da Escola, contradizia. Isto é: um DIRECTOR não conhece o Regulamento Interno da sua Escola???) Totais inverdades. E concluía com uma tentativa velada de intimidação. Isso revoltou-me, magoou-me e piorou ainda mais a minha condição física e psicológica.
Perante isto, nova carta se lhe enviou, à qual nem se dignou responder.
Sinto, neste momento, que a intimidação, a coacção à distância, o jogo psicológico, continua.
O Sindicato aconselhou-me a não regressar (e como conseguiria?) até as questões estarem resolvidas.
Mas resolvidas, como?
Outras pessoas, aconselharam-me a voltar, tentando dialogar e solicitar um lugar, por ex, na Biblioteca. Risível!
Quando falo de pessoas que analisam apenas o ponto de vista legal é porque tenho a noção perfeita de que não valorizam, talvez por algum desconhecimento, situações como a perseguição, a intimidação. Pessoas há que não conseguem avaliar o resulta de um stress pós-traumático. A sensação de impotência, de pânico, perante o enfrentamento de situações perturbadoras, tão marcantes, porquanto, injustas e de má-fé. E isso tem de ser tomado em conta, quando se fala de Trabalho.
Neste momento, estou “condenada” a não trabalhar, a usar uma espécie de pulseira electrónica durante a maior parte da semana, dado que tenho de ficar em casa, para possível inspecção médica.
De qualquer modo, a queixa está feita às entidades competentes, como já referi.
Não abdicarei nunca dos meus valores e mais, sinto que não é só por mim que o faço mas pelos inúmeros colegas docentes que sofrem em silêncio e não denunciam por medo de represálias.
Estou em suspenso mas não tenho medo! Ainda confio na Justiça Terrestre e totalmente na Divina.
Bem-haja!
Com toda a minha estima pessoal,
(Professora devidamente identificada)


No momento em que os holofotes da comunicação social estão exclusivamente voltados para o bullying, eis que começam a emergir nas escolas novas formas de violência psicológica exercidas entre professores (horizontal) ou exercidas pelos directores sobre os professores (vertical).
Quando políticos prepotentes e incompetentes impõem às escolas medidas que dão cobertura e fomentam exercícios discricionários do poder, como ocorre no actual modelo de gestão e irá acontecer quando o modelo de avaliação estiver a ser aplicado na sua plenitude, e, além disto, contam com alguns protagonistas nas escolas que pertencem à mesma "laia" dos políticos que os inspiram, então, estão criadas as condições para o crescimento do "mobbing".
A pretensa pacificação das escolas, que alguns políticos e sindicalistas apregoam, não passa, nesta fase, de frustração, indiferença, tranquilidade podre, receio de intimidações e represálias, mas também, em alguns casos, bajulação e vassalagem, enquanto requisitos da melhor sobrevivência possível.
Que tipo de educação/formação pode transmitir uma escola que se estrutura internamente em formas de gestão e de organização que são uma negação da democracia e que agitam a coacção e a intimidação? 
Mesmo desconhecendo outros pormenores específicos do caso relatado e não dispondo da versão do outro lado, não restam dúvidas que o testemunho de uma colega que se considera "condenada (...) a usar uma espécie de pulseira electrónica" não pode deixar de nos inquietar, fazer reflectir e motivar para continuarmos a lutar contra as políticas educativas do socratismo.
E é fundamentalmente por isto e por antever que muitos outros casos de "mobbing" existem e proliferarão se não fizermos mais nada contra as aberrações que são este modelo de gestão (ausência de controlo democrático por parte dos professores e discricionariedade) e este modelo de avaliação (qualquer um que o Director escolha se pode dar ares de avaliador), que me decidi a publicar o e-mail desta colega, o qual, apesar de longo, merece ser lido e divulgado.

Exmo Colega,
Assunto: Coação psicológica de Direcção “bem-sucedida” sobre professora (no presente caso, eu).
Venho, pelo presente, expor uma questão que, julgo, de importância maior relativamente às questões que estão na ordem do dia quanto ao tema “Educação em Portugal”.
Gostava de ter a sua atenção neste contexto, dado que são falados, debatidos, assuntos relativos ao “bullying” nas escolas como um dos principais e graves problemas do funcionamento escolar sem, contudo, se debater, de forma abrangente e sem peias, uma questão que se encontra a montante daquela apontada, todavia, timidamente, sugerida.
Trata-se do “mobbing”, dito por outras palavras, pressão, coacção, prepotência e intimidação de professor para professor. Naturalmente que o conceito de “mobbing” abrange 2 vectores principais: conceito horizontal (professor para professor) e, outro, o vertical, de DIRECÇÃO contra professor.
É neste âmbito que apresento e venho, junto de si, suscitar uma reflexão que tem passado completamente despercebida (?) da parte da investigação jornalística séria que se faz no nosso país.
Com efeito, muitos dos casos mediáticos que conhecemos, de violência entre alunos-alunos e de alunos-professores, tem como “parceiro escondido” o “mobbing” nos dois eixos que acima apontámos.
É aqui que na minha opinião e por dolorosa experiência pessoal que, reside, dentro deste complexo problema, “Ensino em Portugal”, uma das razões mais importantes da incapacidade do sistema actuar consentaneamente com os desafios colocados.
Neste contexto, muito do que acontece e mediaticamente vem a lume tem por detrás actuações de “mobbing” entre Direcções e professores e entre professores e professores.
A minha experiência não se traduz na violência física e não trata de nada do que tem sido mediatizado, embora os danos emocionais, psicológicos e materiais causados sejam profundos e revestidos de extrema injustiça – estou impedida de trabalhar, devido à prepotência de um Director.
Naturalmente que o meu caso se aproxima de milhentos casos que existem neste país. Acontece que, não penso suicidar-me como aconteceu com o meu malogrado colega, nem, igualmente, penso calar-me.
Gostaria que perdesse alguns minutos, lendo o meu “relato”. Neste momento, a minha queixa já foi feita à Drel. Não tenho medo. Possuo em meu poder documentos que provam quem tem razão. Possuo uma carta intimidatória do meu Director, mentirosa, prepotente e abusiva. Possuo um relatório psiquiátrico que estabelece paralelo directo entre a minha situação psiquiátrica e a situação profissional em que me encontrava, numa manifestância clara de causa-efeito.
Estão em causa os seguintes artigos previstos na Constituição da República Portuguesa:
a) - Princípio da prossecução do interesse público e da protecção dos direitos e interesses dos cidadãos;
b) - Princípios da igualdade e da proporcionalidade;
c) - Princípios da justiça e da imparcialidade;
d) - Princípio da boa-fé;
e) - Princípio da colaboração da Administração com os particulares.
A minha experiência, de forma resumida, resulta de um processo de “mobbing”, assente no assédio psicológico, assunto que não tem tido a atenção devida da parte do legislador.
Sou docente efectiva, preferindo, por conveniência, neste momento, manter o anonimato. Num momento em que a Exmª Senhora Ministra parece defender, contrariamente à sua antecessora, uma humanização do ensino, o meu assunto configura-se da seguinte forma:
No passado ano lectivo decidi mudar de escola e, portanto, entrei noutra, esta a que refiro, como professora do quadro.
Aquando da minha apresentação, a minha Coordenadora, em Julho, apresentou-me uma hipótese de cenário, quanto a horário e matérias a leccionar, perfeitamente razoável.
Qual não foi o meu espanto quando em Setembro, me foi dado um horário que não respeitava as mais elementares disposições legais, nomeadamente:
1º - as respeitantes à jornada diária de trabalho (permanecia no meu local de trabalho mais de sete horas, nalguns dias).
2º - as respeitantes a intervalos de descanso (tinha, por exemplo, 4 horas de “furo”).
Para além disso, atribuíram-me uma imensidade de níveis de matérias, às quais, humanamente, era impossível dar resposta (5 níveis distintos, co-secretariado de 3 Conselhos de Turma, apoio a alunos com dificuldades específicas).
Finalmente, e embora o Director o negue, as condições de trabalho não eram as melhores.
A Escola pertence ao grupo das que se encontram em fase de “reabilitação”, ou seja, imagina-se o que é trabalhar ao som de martelos pneumáticos? Imagina-se ter quase de gritar para ser ouvida pelos alunos e vice-versa?
Comparativamente a colegas da minha área, o meu horário foi, sem dúvida, o mais aberrante.
Tenho um filho de quase seis anos, totalmente a meu cargo. ao qual não tinha tempo para dar apoio, dado que, enquanto permaneci ao serviço, trabalhava todos os fins-de-semana para poder dar cumprimento ao “incumprível”.
Depois, por sua iniciativa, o Director, piorou ainda mais o meu horário, alargando de 3 para 4 horas, um dos dias em que tal tinha as tais horas de enormes “furos”.
Lembro que este senhor, aquando da entrega de horários, se mostrou disponível para fazer alterações “razoáveis” nos horários.
Recordo e tudo tenho registado, que manifestei à minha Coordenadora essa vontade de alteração. Mas a poucos dias de início de aulas, com os horários de alunos já feitos, referiram essa impossibilidade.
(Já agora, um bom Director, com TRÊS assessores, deve preocupar-se mais com o emendar erros ou prever-se contra eles???)
Não aguentei.
A gota de água foi ter sido posta em causa numa reunião, por uma colega, neste caso Directora de Turma, no sentido de não ter dado cumprimento, num prazo determinado, a uma planificação específica. Como poderia? Mas aguentei os ataques “educados”, perante a audiência que, era, neste caso, um Conselho de Turma.
Vim para casa, completamente esgotada, em pânico. Desanimada porque, malevolamente, estavam a fazer passar a imagem de uma pessoa não cumpridora, quando sempre o tentei ser, ao longo de 18 anos de ensino, com resultados comprovados.
Senti que me estavam a dar excesso de trabalho, precisamente para demonstrarem que era incapaz.
Estive 15 dias de baixa. Durante esse tempo, consultei um Sindicato, que confirmou as irregularidades horárias. Para além disso, houve alguma estupefacção perante o conteúdo e não só a forma do meu horário. Cinco matérias diferentes para preparar, aliadas a programas específicos para alunos com dificuldades específicas, mais vários co-secretariados de reuniões, digamos que não era pouco.
Aconselharam-me a enviar uma exposição escrita ao Director. Sabia que teria 30 dias para me responder. Não tive direito de resposta! Ignoraram-me, simplesmente. E o meu estado de saúde entrou em colapso. Foi-me diagnosticado stress pós- traumático, como já referi e esgotamento. Mantive a minha baixa, durante aqueles 30 dias, aguardando a cada dia, uma resposta na minha caixa de correio. Foi como que um jogo de forças psicológico.
Perante isto, recorri a um advogado que constituí meu procurador. Que lhe voltou a colocar a minha situação, por escrito, bem como perguntas de ordem prática. E só nessa altura, por seu intermédio, o sr. Director lhe deu a tal resposta.
Foi uma resposta lacónica e que não respondeu, na sua maioria, às questões colocadas. Afinal, quais teriam sido os critérios de atribuição horária? Sugeriu um reajustamento horário de 3 horas sem concretizar. Dizia que o Director era ele! Que era ele quem decidia! (Mentira: o próprio Regulamento Interno da Escola, contradizia. Isto é: um DIRECTOR não conhece o Regulamento Interno da sua Escola???) Totais inverdades. E concluía com uma tentativa velada de intimidação. Isso revoltou-me, magoou-me e piorou ainda mais a minha condição física e psicológica.
Perante isto, nova carta se lhe enviou, à qual nem se dignou responder.
Sinto, neste momento, que a intimidação, a coacção à distância, o jogo psicológico, continua.
O Sindicato aconselhou-me a não regressar (e como conseguiria?) até as questões estarem resolvidas.
Mas resolvidas, como?
Outras pessoas, aconselharam-me a voltar, tentando dialogar e solicitar um lugar, por ex, na Biblioteca. Risível!
Quando falo de pessoas que analisam apenas o ponto de vista legal é porque tenho a noção perfeita de que não valorizam, talvez por algum desconhecimento, situações como a perseguição, a intimidação. Pessoas há que não conseguem avaliar o resulta de um stress pós-traumático. A sensação de impotência, de pânico, perante o enfrentamento de situações perturbadoras, tão marcantes, porquanto, injustas e de má-fé. E isso tem de ser tomado em conta, quando se fala de Trabalho.
Neste momento, estou “condenada” a não trabalhar, a usar uma espécie de pulseira electrónica durante a maior parte da semana, dado que tenho de ficar em casa, para possível inspecção médica.
De qualquer modo, a queixa está feita às entidades competentes, como já referi.
Não abdicarei nunca dos meus valores e mais, sinto que não é só por mim que o faço mas pelos inúmeros colegas docentes que sofrem em silêncio e não denunciam por medo de represálias.
Estou em suspenso mas não tenho medo! Ainda confio na Justiça Terrestre e totalmente na Divina.
Bem-haja!
Com toda a minha estima pessoal,
(Professora devidamente identificada)

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