A propósito da publicação, no blogue De Rerum Natura, de um texto (irónico) de Guilherme Valente, versando a constatação do falhanço das pretensas reformas implementadas por Sócrates e Maria de Lurdes Rodrigues, sob o título JUSTA HOMENAGEM (do primeiro relativamente à segunda), considero que vale muito a pena ler um dos vários comentários desencadeados pela postagem do texto e que aqui tomo a liberdade de reproduzir na íntegra.
Num momento em que, com enorme decepção, constatamos a incompetência quase absoluta da nova liderança do PSD para reunir uma equipa (quão fácil seria a Santana Castilho, por exemplo, reduzir a cinzas a manipulação e a propaganda socráticas, no campo da educação, com que os portugueses vão ser bombardeados nos próximos dias) que fosse capaz, e não era difícil, de desmontar e desmistificar, na comunicação social, este espectáculo propagandista e ilusionista de Sócrates no terreno onde a sua actuação real foi mais desastrosa e comprometedora do futuro da escola pública e do país, respondendo taco a taco a este soçobrar da governação ao marketing farsante e mentiroso, torna-se fundamental a divulgação das posições que arrasam com a miserável herança do socratismo, no domínio da educação, como é também o caso deste comentário.
"Caro Guilherme Valente,
Apesar de perceber o alcance do seu texto, não posso concordar consigo.
Maria de Lurdes Rodrigues não foi sabotada e não foi sabotada porque escolheu como companhia de orquestra os "cientistas" e "especialistas" da educação. O antigo Secretário de Estado da Educação de seu nome Valter Lemos, Professor Coordenador (topo da carreira no ensino superior politécnico) da Escola Superior de Educação de Castelo Branco com uma licenciatura e mestre por equivalência de um curso em Boston, fez tudo o que entendeu e criou os maiores dislates que possa imaginar. Foi ele o autor do sistema de "avaliação" de professores, dos planos disto e daquilo, das reuniões de tudo e mais alguma coisa, da diferenciação de faltas justificadas e injustificadas, etc. Lembro-me bem do caos que se instalou nas escolas. Até tive que tirar o meu filho da escola pública, porque cada vez que passava na escola via professores e mais professores por lá reunidos. Se os professores passavam a vida na escola reunidos, isso queria dizer que não estudavam e não preparavam as aulas e como tal, matriculei o meu rebento num colégio a sério. Não foi fácil, porque há poucos, mas consegui.
A antiga Ministra da Educação não tinha conhecimento daquilo que fazia Valter Lemos? Se não tinha é muito grave, se tinha e o permitiu é ainda mais grave.
Julgo, sinceramente, que a senhora acreditava mesmo na doutrina do eduquês, basta dizer que a senhora respondia sempre que não necessitava de ouvir os professores, porque para saber o que tinha que ser feito tinha que ouvir os "especialistas" no assunto. Isto foi dito inúmeras vezes.
Quanto aos cursos profissionais, não foi Maria de Lurdes Rodrigues que os criou mas sim os seu antecessor. No entanto, isto foi um enorme disparate por aquilo que referiu no seu texto e principalmente por colocar, em nome da inclusão e da escola democrática, na mesma escola cursos de Liceu, cursos profissionais, percursos alternativos, etc., etc., etc..
A Doutora Maria de Lurdes Rodrigues acolheu as medidas mais populistas que se possam imaginar graças ao eduquês e às patetices defendidas pela CONFAP (organização que supostamente deveria representar os pais e encarregados de educação e criada de cima para baixo e não no seio de uma sociedade livre e independente do poder político). Atirou com expressões que eu ouvi e continuo a ouvir dos tais "cientistas" e "especialistas" da educação como sejam:
- a culpa é dos professores;
- o professor não deve ensinar, o professor deve orientar as aprendizagens;
- a escola deve antes do mais socializar as crianças e os jovens;
- a escola a tempo inteiro (será que na Alemanha, onde as escolas encerram a partir das 15 horas não tem uma escola a tempo inteiro?);
- aulas de substituição, onde professores de educação física substituíam professores de matemática; onde professores do 2º ciclo do ensino básico, subsistiam professores do ensino secundário;
- avaliação de professores, onde professores de música avaliavam professores de educação física e bacharéis equiparados avaliavam professores mestres e doutores; onde tudo era avaliado excepto o mais importante, os conhecimentos dos alunos com base em exames. O problema é que não existem exames....;
- plano da matemática, para quê? Para gastar dinheiro do contribuinte?
- plano da leitura, para quê?
- até chegou a falar em plano para as línguas estrangeiras e para as ciências....
Em vez de tanta medida, que na minha opinião eram um enorme disparate, porque não começar a casa pelas fundações? Trabalhar como se trabalha em qualquer país pragmático e organizado?
Porque não começou pelo Primeiro Ciclo do Ensino Básico e pela Educação de Infância? Porque não definiu logo aí que os alunos teriam exame nacional no final do 2º ano do ensino básico? E exames a doer?
Ao dar este simples, mas impopular e muito trabalhoso passo, teria que definir o programa deste ciclo, teria que olhar com mais atenção para a desgraçada formação de professores do 1º ciclo. E até poderia, permitir a criação de uma Ordem de Professores.
Com base nestes fortes alicerces, poderia ela ou quem se lhe seguisse definir tudo o resto até ao telhado. Mas os nossos políticos de tanto quererem resultados imediatos, fazem tudo em cima do joelho e os resultados estão à vista de todos.
Repare, Caro Guilherme Valente, que depois dessa primeira leva de exames, o Ministério da Educação poderia criar um sistema de avaliação docente que tivesse como base os resultados dos alunos nos exames nacionais (comparando os seus resultados nos exames no 2º ano e depois no 4º ano).
Os percursos alternativos surgiriam imediatamente a seguir para responder aos alunos que não tivessem tido um desempenho razoável nos exames nacionais.
A reforma do 2º ciclo surgiria de forma natural, a criação de escolas profissionais surgiria, também, de forma natural. A reforma do 3º ciclo surgiria logo a seguir, etc.
Como dizem os suecos, os problemas resolvem-se resolvendo-os e não tentando resolver tudo de uma vez só."
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A propósito da publicação, no blogue De Rerum Natura, de um texto (irónico) de Guilherme Valente, versando a constatação do falhanço das pretensas reformas implementadas por Sócrates e Maria de Lurdes Rodrigues, sob o título JUSTA HOMENAGEM (do primeiro relativamente à segunda), considero que vale muito a pena ler um dos vários comentários desencadeados pela postagem do texto e que aqui tomo a liberdade de reproduzir na íntegra.
Num momento em que, com enorme decepção, constatamos a incompetência quase absoluta da nova liderança do PSD para reunir uma equipa (quão fácil seria a Santana Castilho, por exemplo, reduzir a cinzas a manipulação e a propaganda socráticas, no campo da educação, com que os portugueses vão ser bombardeados nos próximos dias) que fosse capaz, e não era difícil, de desmontar e desmistificar, na comunicação social, este espectáculo propagandista e ilusionista de Sócrates no terreno onde a sua actuação real foi mais desastrosa e comprometedora do futuro da escola pública e do país, respondendo taco a taco a este soçobrar da governação ao marketing farsante e mentiroso, torna-se fundamental a divulgação das posições que arrasam com a miserável herança do socratismo, no domínio da educação, como é também o caso deste comentário.
"Caro Guilherme Valente,
Apesar de perceber o alcance do seu texto, não posso concordar consigo.
Maria de Lurdes Rodrigues não foi sabotada e não foi sabotada porque escolheu como companhia de orquestra os "cientistas" e "especialistas" da educação. O antigo Secretário de Estado da Educação de seu nome Valter Lemos, Professor Coordenador (topo da carreira no ensino superior politécnico) da Escola Superior de Educação de Castelo Branco com uma licenciatura e mestre por equivalência de um curso em Boston, fez tudo o que entendeu e criou os maiores dislates que possa imaginar. Foi ele o autor do sistema de "avaliação" de professores, dos planos disto e daquilo, das reuniões de tudo e mais alguma coisa, da diferenciação de faltas justificadas e injustificadas, etc. Lembro-me bem do caos que se instalou nas escolas. Até tive que tirar o meu filho da escola pública, porque cada vez que passava na escola via professores e mais professores por lá reunidos. Se os professores passavam a vida na escola reunidos, isso queria dizer que não estudavam e não preparavam as aulas e como tal, matriculei o meu rebento num colégio a sério. Não foi fácil, porque há poucos, mas consegui.
A antiga Ministra da Educação não tinha conhecimento daquilo que fazia Valter Lemos? Se não tinha é muito grave, se tinha e o permitiu é ainda mais grave.
Julgo, sinceramente, que a senhora acreditava mesmo na doutrina do eduquês, basta dizer que a senhora respondia sempre que não necessitava de ouvir os professores, porque para saber o que tinha que ser feito tinha que ouvir os "especialistas" no assunto. Isto foi dito inúmeras vezes.
Quanto aos cursos profissionais, não foi Maria de Lurdes Rodrigues que os criou mas sim os seu antecessor. No entanto, isto foi um enorme disparate por aquilo que referiu no seu texto e principalmente por colocar, em nome da inclusão e da escola democrática, na mesma escola cursos de Liceu, cursos profissionais, percursos alternativos, etc., etc., etc..
A Doutora Maria de Lurdes Rodrigues acolheu as medidas mais populistas que se possam imaginar graças ao eduquês e às patetices defendidas pela CONFAP (organização que supostamente deveria representar os pais e encarregados de educação e criada de cima para baixo e não no seio de uma sociedade livre e independente do poder político). Atirou com expressões que eu ouvi e continuo a ouvir dos tais "cientistas" e "especialistas" da educação como sejam:
- a culpa é dos professores;
- o professor não deve ensinar, o professor deve orientar as aprendizagens;
- a escola deve antes do mais socializar as crianças e os jovens;
- a escola a tempo inteiro (será que na Alemanha, onde as escolas encerram a partir das 15 horas não tem uma escola a tempo inteiro?);
- aulas de substituição, onde professores de educação física substituíam professores de matemática; onde professores do 2º ciclo do ensino básico, subsistiam professores do ensino secundário;
- avaliação de professores, onde professores de música avaliavam professores de educação física e bacharéis equiparados avaliavam professores mestres e doutores; onde tudo era avaliado excepto o mais importante, os conhecimentos dos alunos com base em exames. O problema é que não existem exames....;
- plano da matemática, para quê? Para gastar dinheiro do contribuinte?
- plano da leitura, para quê?
- até chegou a falar em plano para as línguas estrangeiras e para as ciências....
Em vez de tanta medida, que na minha opinião eram um enorme disparate, porque não começar a casa pelas fundações? Trabalhar como se trabalha em qualquer país pragmático e organizado?
Porque não começou pelo Primeiro Ciclo do Ensino Básico e pela Educação de Infância? Porque não definiu logo aí que os alunos teriam exame nacional no final do 2º ano do ensino básico? E exames a doer?
Ao dar este simples, mas impopular e muito trabalhoso passo, teria que definir o programa deste ciclo, teria que olhar com mais atenção para a desgraçada formação de professores do 1º ciclo. E até poderia, permitir a criação de uma Ordem de Professores.
Com base nestes fortes alicerces, poderia ela ou quem se lhe seguisse definir tudo o resto até ao telhado. Mas os nossos políticos de tanto quererem resultados imediatos, fazem tudo em cima do joelho e os resultados estão à vista de todos.
Repare, Caro Guilherme Valente, que depois dessa primeira leva de exames, o Ministério da Educação poderia criar um sistema de avaliação docente que tivesse como base os resultados dos alunos nos exames nacionais (comparando os seus resultados nos exames no 2º ano e depois no 4º ano).
Os percursos alternativos surgiriam imediatamente a seguir para responder aos alunos que não tivessem tido um desempenho razoável nos exames nacionais.
A reforma do 2º ciclo surgiria de forma natural, a criação de escolas profissionais surgiria, também, de forma natural. A reforma do 3º ciclo surgiria logo a seguir, etc.
Como dizem os suecos, os problemas resolvem-se resolvendo-os e não tentando resolver tudo de uma vez só."