Tribunal de Almeirim condenou um homem a 10 anos de prisão por 11 crimes de roubo, extorsão e coacção, entre outros, cometidos sobre uma mulher que foi declarada doente do foro mental, residente em Fazendas de Almeirim.O arguido, José Alexandre Vieira, que foi um dos três suspeitos absolvidos no processo dos tiros disparados contra o posto da GNR de Alpiarça, vai interpor recurso desta decisão para o Tribunal da Relação, dizendo-se “inocente”.Neste processo, José Vieira, de 34 anos, estava também acusado de violação e rapto agravado, crimes dos quais foi absolvido. O colectivo de juízes deu como não provado que o arguido obrigou a queixosa a manter relações sexuais contra a sua vontade, como sustentava a acusação do Ministério Público (MP). Segundo o acórdão, a que o CM teve acesso, José Vieira chantageou a vítima dizendo-lhe que tinha filmado cenas íntimas entre ambos com o seu telemóvel, e que as tornaria públicas caso a mulher não acedesse aos seus intentos.Na altura, em 2004, a queixosa era auxiliar de um lar de idosos em Alpiarça onde o irmão tetraplégico do arguido era utente, e foi esse o motivo que deu início aos contactos entre ambos. O acórdão descreve a vítima como alguém doente do foro mental, bastante crédula e facilmente manipulável, e que agiu sob coacção com medo das ameaças de José Vieira.Mesmo ganhando pouco mais que o salário mínimo, a queixosa começou por entregar-lhe 1.100 euros em dinheiro e os cartões multibanco das suas contas bancárias. Posteriormente, foi obrigada a entregar documentos pessoais (bilhete de identidade, número de contribuinte e declaração de IRS, entre outros) para contrair em seu nome dois créditos de 8.500 e 10 mil euros, utilizados para comprar duas motos de quatro rodas, num stand em Alpiarça, e das quais se desconhece o paradeiro.De um rol inicial de 16 acusações, José Vieira acabou condenado por três crimes de coacção grave, quatro de extorsão agravada e simples, um de falsificação, dois de burla qualificada e um de roubo na forma tentada. Somadas, as condenações valiam-lhe uma pena de 21 anos e dois meses de cadeia, que foi reduzida para 10 anos em cúmulo jurídico. Ouvido pelo CM, José Vieira diz-se “revoltado” e “indignado” com a pena que lhe foi aplicada pelo Tribunal de Almeirim, e sente-se “perseguido pela justiça” desde que foi absolvido no processo dos tiros contra o posto da GNR de Alpiarça. “Fui condenado com testemunhos de pessoas que disseram não me conhecer de lado nenhum e sem outras provas que me liguem a estes crimes”, afirma o arguido, que está em liberdade enquanto o processo estiver em recurso no Tribunal da Relação de Évora.«Correio da Manhã»
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Tribunal de Almeirim condenou um homem a 10 anos de prisão por 11 crimes de roubo, extorsão e coacção, entre outros, cometidos sobre uma mulher que foi declarada doente do foro mental, residente em Fazendas de Almeirim.O arguido, José Alexandre Vieira, que foi um dos três suspeitos absolvidos no processo dos tiros disparados contra o posto da GNR de Alpiarça, vai interpor recurso desta decisão para o Tribunal da Relação, dizendo-se “inocente”.Neste processo, José Vieira, de 34 anos, estava também acusado de violação e rapto agravado, crimes dos quais foi absolvido. O colectivo de juízes deu como não provado que o arguido obrigou a queixosa a manter relações sexuais contra a sua vontade, como sustentava a acusação do Ministério Público (MP). Segundo o acórdão, a que o CM teve acesso, José Vieira chantageou a vítima dizendo-lhe que tinha filmado cenas íntimas entre ambos com o seu telemóvel, e que as tornaria públicas caso a mulher não acedesse aos seus intentos.Na altura, em 2004, a queixosa era auxiliar de um lar de idosos em Alpiarça onde o irmão tetraplégico do arguido era utente, e foi esse o motivo que deu início aos contactos entre ambos. O acórdão descreve a vítima como alguém doente do foro mental, bastante crédula e facilmente manipulável, e que agiu sob coacção com medo das ameaças de José Vieira.Mesmo ganhando pouco mais que o salário mínimo, a queixosa começou por entregar-lhe 1.100 euros em dinheiro e os cartões multibanco das suas contas bancárias. Posteriormente, foi obrigada a entregar documentos pessoais (bilhete de identidade, número de contribuinte e declaração de IRS, entre outros) para contrair em seu nome dois créditos de 8.500 e 10 mil euros, utilizados para comprar duas motos de quatro rodas, num stand em Alpiarça, e das quais se desconhece o paradeiro.De um rol inicial de 16 acusações, José Vieira acabou condenado por três crimes de coacção grave, quatro de extorsão agravada e simples, um de falsificação, dois de burla qualificada e um de roubo na forma tentada. Somadas, as condenações valiam-lhe uma pena de 21 anos e dois meses de cadeia, que foi reduzida para 10 anos em cúmulo jurídico. Ouvido pelo CM, José Vieira diz-se “revoltado” e “indignado” com a pena que lhe foi aplicada pelo Tribunal de Almeirim, e sente-se “perseguido pela justiça” desde que foi absolvido no processo dos tiros contra o posto da GNR de Alpiarça. “Fui condenado com testemunhos de pessoas que disseram não me conhecer de lado nenhum e sem outras provas que me liguem a estes crimes”, afirma o arguido, que está em liberdade enquanto o processo estiver em recurso no Tribunal da Relação de Évora.«Correio da Manhã»