Na sequência do post anterior, considero que o problema actual não está na exigência de uma ADD competente e séria (a opinião pública compreende este combate), mas no facto de os sindicatos terem cometido, no âmbito desta legislatura, os três erros básicos seguintes:- embalaram no canto da sereia, entusiasmaram-se com o seu protagonismo de negociação e desincentivaram a alternativa parlamentar, nem sequer a fazendo valer como trunfo negocial;- reduziram a agenda reivindicativa dos professores à questão das quotas, dando a entender que todos os problemas e divergências se diluem perante a aceitação pela tutela de uma progressão facilitada. Este posicionamento, além de errado, dado que está em causa a própria natureza do modelo de avaliação proposto pelo ME e que é inaceitável, está a deixar passar para a opinião pública a ideia de uma reivindicação de laxismo e de facilitismo;- fecharam as portas ao envolvimento dos professores, dos Movimentos Independentes e dos bloguistas, retornando ao velho paradigma da representação exclusivamente sindical e da normatividade negocial, a qual sem o reforço que advém da espontaneidade e da independência dos professores nas escolas e sua consequente visibilidade, não é tão valorizada pela opinião pública.Assim e respondendo ao Ramiro Marques, diria que, neste momento, há de facto muita coisa que fede, mas não me parece que seja propriamente a ADD.Aquilo que verdadeiramente fede é o facto de o governo:- ter feito dos professores o seu inimigo de estimação e sacrificar a seriedade e a exigência à propaganda e ao foguetório do “faz de conta”;- persistir na sua política de domesticação dos professores, promovendo lógicas de vassalagem e patrocinando práticas e decisões autocráticas, encobertas, cobardes e arbitrárias na atribuição das classificações. Aquilo que verdadeiramente fede é o facto de a bancada parlamentar do PSD:- ter quebrado o seu compromisso de verdade com os professores;- ter oxigenado Sócrates e a sua postura de mentira, de prepotência e de desrespeito para com os professores;- não ter uma alternativa de modelo de avaliação e de carreira definida que vá de encontro às principais reivindicações dos professores (fim da divisão na carreira, fim deste modelo de avaliação e fim das quotas), com as quais se comprometeu eleitoralmente. Aquilo que verdadeiramente fede é o facto de os sindicatos:- pactuarem com a farsa em que se transformou o 1º ciclo de avaliação, não exigindo a anulação de todas as penalizações e vantagens que o mesmo, arbitrariamente, gerou;- se deixarem enredar em negociações intermináveis que não dão em nada e que apenas servem para exasperar os professores e para ir consolidando a tragicomédia que se vive nas escolas em matéria de avaliação do desempenho;- se esquecerem que os professores exigiram massivamente, nas ruas, o fim deste modelo de avaliação, preparando-se agora para acatar uma proposta do ME que em quase nada difere daquilo que os professores rejeitaram e que, a ser aceite, vai introduzir uma competitividade caótica entre os professores, comprometendo irremediavelmente o investimento nas aprendizagens dos alunos;- não exigirem a eleição dos coordenadores pelos seus pares, o fim das propostas individuais de objectivos e o uso parcimonioso, apenas quando justificado, das aulas assistidas;- desperdiçarem a via parlamentar de resolução das grandes questões.
Categorias
Entidades
Na sequência do post anterior, considero que o problema actual não está na exigência de uma ADD competente e séria (a opinião pública compreende este combate), mas no facto de os sindicatos terem cometido, no âmbito desta legislatura, os três erros básicos seguintes:- embalaram no canto da sereia, entusiasmaram-se com o seu protagonismo de negociação e desincentivaram a alternativa parlamentar, nem sequer a fazendo valer como trunfo negocial;- reduziram a agenda reivindicativa dos professores à questão das quotas, dando a entender que todos os problemas e divergências se diluem perante a aceitação pela tutela de uma progressão facilitada. Este posicionamento, além de errado, dado que está em causa a própria natureza do modelo de avaliação proposto pelo ME e que é inaceitável, está a deixar passar para a opinião pública a ideia de uma reivindicação de laxismo e de facilitismo;- fecharam as portas ao envolvimento dos professores, dos Movimentos Independentes e dos bloguistas, retornando ao velho paradigma da representação exclusivamente sindical e da normatividade negocial, a qual sem o reforço que advém da espontaneidade e da independência dos professores nas escolas e sua consequente visibilidade, não é tão valorizada pela opinião pública.Assim e respondendo ao Ramiro Marques, diria que, neste momento, há de facto muita coisa que fede, mas não me parece que seja propriamente a ADD.Aquilo que verdadeiramente fede é o facto de o governo:- ter feito dos professores o seu inimigo de estimação e sacrificar a seriedade e a exigência à propaganda e ao foguetório do “faz de conta”;- persistir na sua política de domesticação dos professores, promovendo lógicas de vassalagem e patrocinando práticas e decisões autocráticas, encobertas, cobardes e arbitrárias na atribuição das classificações. Aquilo que verdadeiramente fede é o facto de a bancada parlamentar do PSD:- ter quebrado o seu compromisso de verdade com os professores;- ter oxigenado Sócrates e a sua postura de mentira, de prepotência e de desrespeito para com os professores;- não ter uma alternativa de modelo de avaliação e de carreira definida que vá de encontro às principais reivindicações dos professores (fim da divisão na carreira, fim deste modelo de avaliação e fim das quotas), com as quais se comprometeu eleitoralmente. Aquilo que verdadeiramente fede é o facto de os sindicatos:- pactuarem com a farsa em que se transformou o 1º ciclo de avaliação, não exigindo a anulação de todas as penalizações e vantagens que o mesmo, arbitrariamente, gerou;- se deixarem enredar em negociações intermináveis que não dão em nada e que apenas servem para exasperar os professores e para ir consolidando a tragicomédia que se vive nas escolas em matéria de avaliação do desempenho;- se esquecerem que os professores exigiram massivamente, nas ruas, o fim deste modelo de avaliação, preparando-se agora para acatar uma proposta do ME que em quase nada difere daquilo que os professores rejeitaram e que, a ser aceite, vai introduzir uma competitividade caótica entre os professores, comprometendo irremediavelmente o investimento nas aprendizagens dos alunos;- não exigirem a eleição dos coordenadores pelos seus pares, o fim das propostas individuais de objectivos e o uso parcimonioso, apenas quando justificado, das aulas assistidas;- desperdiçarem a via parlamentar de resolução das grandes questões.