Sócrates e TC podem motivar novas acções judiciais de professores A exposição que o primeiro-ministro fez ao Tribunal Constitucional sobre os decretos que instituem a avaliação de desempenho docente poderá motivar novas acções judiciais por parte de professores, disse ao PÚBLICO o autor do blogue A Educação do Meu Umbigo.(...) Ler o resto da notícia aquiClara Viana, Público Online, 01/08/2009Declaração pessoal:Em primeiro lugar, gostaria de deixar bem claro que, às vezes e até pela minha formação filosófica, sinto alguma angústia e temor que advém da minha condição existencial de finitude sempre iminente, mas, ao invés, não tenho medo de circunstâncias efémeras e de protagonistas medíocres, como o são Sócrates e grande parte do que e dos que ele representa.À semelhança da decisão que tomei acerca da não entrega da Ficha de Auto-Avaliação, ainda antes do conhecimento dos resultados eleitorais das europeias, declaro-me intelectual, ética e moralmente impedido, por uma questão de coerência e de autenticidade pessoal, de participar em qualquer acto ou procedimento que tenha a ver com a divisão arbitrária da carreira ou com a farsa deste modelo de avaliação.Conheço as minhas limitações e as balizas estreitas da minha capacidade de actuação e do meu poder, mas também disponho da força moral e da pujança intelectual suficientes para não admitir ver-me prejudicado na minha carreira por medidas e práticas arbitrárias, disfuncionais e injustas, nem sequer assistir conformado a ver outros adquirir vantagens oportunistas em termos de carreira, sem que a tal corresponda mais mérito e competência na sala de aula e na escola. Para tal, não abdico de nenhum recurso de actuação, desde intervenções públicas, mediáticas e institucionais, a nível nacional e internacional, até à via judicial, se for necessário, tal é a documentação que fui reunindo de incumprimentos e de violações de normativos e de disposições legais.Resistirei até que as arbitrariedades, as discricionariedades, as injustiças e as incongruências decorrentes das medidas implementadas por este Governo sejam, definitivamente, banidas da escola pública.Contem comigo para um trabalho sério, honesto, dedicado e exigente em relação à escola e aos meus alunos, como sempre foi apanágio ao longo dos meus 22 anos de carreira, mas não esperem de mim nenhuma disponibilidade para alinhar em farsas de avaliações, para pactuar com mentiras e golpes de lotaria na determinação do mérito dos professores (o trabalho e o investimento de uma vida à escola não é avaliável com a mesma displicência com que outros se viram beneficiados a partir de humores e disposições dominicais), nem para sancionar estratégias de faz de conta e, muito menos, para assistir à degradação científica e moral da escola pública.Custe o que custar, hei-de saber ter a força e a determinação para resistir a estas políticas aberrantes em nome de princípios e de valores que a minha consciência não permite violentar.
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Sócrates e TC podem motivar novas acções judiciais de professores A exposição que o primeiro-ministro fez ao Tribunal Constitucional sobre os decretos que instituem a avaliação de desempenho docente poderá motivar novas acções judiciais por parte de professores, disse ao PÚBLICO o autor do blogue A Educação do Meu Umbigo.(...) Ler o resto da notícia aquiClara Viana, Público Online, 01/08/2009Declaração pessoal:Em primeiro lugar, gostaria de deixar bem claro que, às vezes e até pela minha formação filosófica, sinto alguma angústia e temor que advém da minha condição existencial de finitude sempre iminente, mas, ao invés, não tenho medo de circunstâncias efémeras e de protagonistas medíocres, como o são Sócrates e grande parte do que e dos que ele representa.À semelhança da decisão que tomei acerca da não entrega da Ficha de Auto-Avaliação, ainda antes do conhecimento dos resultados eleitorais das europeias, declaro-me intelectual, ética e moralmente impedido, por uma questão de coerência e de autenticidade pessoal, de participar em qualquer acto ou procedimento que tenha a ver com a divisão arbitrária da carreira ou com a farsa deste modelo de avaliação.Conheço as minhas limitações e as balizas estreitas da minha capacidade de actuação e do meu poder, mas também disponho da força moral e da pujança intelectual suficientes para não admitir ver-me prejudicado na minha carreira por medidas e práticas arbitrárias, disfuncionais e injustas, nem sequer assistir conformado a ver outros adquirir vantagens oportunistas em termos de carreira, sem que a tal corresponda mais mérito e competência na sala de aula e na escola. Para tal, não abdico de nenhum recurso de actuação, desde intervenções públicas, mediáticas e institucionais, a nível nacional e internacional, até à via judicial, se for necessário, tal é a documentação que fui reunindo de incumprimentos e de violações de normativos e de disposições legais.Resistirei até que as arbitrariedades, as discricionariedades, as injustiças e as incongruências decorrentes das medidas implementadas por este Governo sejam, definitivamente, banidas da escola pública.Contem comigo para um trabalho sério, honesto, dedicado e exigente em relação à escola e aos meus alunos, como sempre foi apanágio ao longo dos meus 22 anos de carreira, mas não esperem de mim nenhuma disponibilidade para alinhar em farsas de avaliações, para pactuar com mentiras e golpes de lotaria na determinação do mérito dos professores (o trabalho e o investimento de uma vida à escola não é avaliável com a mesma displicência com que outros se viram beneficiados a partir de humores e disposições dominicais), nem para sancionar estratégias de faz de conta e, muito menos, para assistir à degradação científica e moral da escola pública.Custe o que custar, hei-de saber ter a força e a determinação para resistir a estas políticas aberrantes em nome de princípios e de valores que a minha consciência não permite violentar.