Os meus trezentos soldadosMortos ficaram por terra;Não tenho armas nem cavalos,Volto ferido da guerra.Que é da rosa branca,que me fora prometida?Filha do Rei, que é da rosaQue me fora prometida?Quero encharcá-la no sangueQue jorra da minha ferida.Aquela rosa, tão branca,Ficará rosa vermelha.Julgando beijar teus lábios,Hei-de beijá-la de rastros,Como se beija a bandeira.Sonhei com a rosa brancaNos rubros campos da guerra.Mas os meus bravos soldadosMortos ficaram por terra,Minha espada espedaçaram,Vieram lanças em risteE feriram-me no peito(Não mais do que me feriste!)Agora volto sem sonhos,Derrotado, só e triste...Mas a rosa, rosa branca,Murcha ficou em meus dedos,Rosa esfolhada e sem vida.Ai, antes a tua rosaMe não fosse prometida!(1945)António Manuel Couto Vianain “O Poeta pela mão: Primeiros versos”, 1999.
Categorias
Entidades
Os meus trezentos soldadosMortos ficaram por terra;Não tenho armas nem cavalos,Volto ferido da guerra.Que é da rosa branca,que me fora prometida?Filha do Rei, que é da rosaQue me fora prometida?Quero encharcá-la no sangueQue jorra da minha ferida.Aquela rosa, tão branca,Ficará rosa vermelha.Julgando beijar teus lábios,Hei-de beijá-la de rastros,Como se beija a bandeira.Sonhei com a rosa brancaNos rubros campos da guerra.Mas os meus bravos soldadosMortos ficaram por terra,Minha espada espedaçaram,Vieram lanças em risteE feriram-me no peito(Não mais do que me feriste!)Agora volto sem sonhos,Derrotado, só e triste...Mas a rosa, rosa branca,Murcha ficou em meus dedos,Rosa esfolhada e sem vida.Ai, antes a tua rosaMe não fosse prometida!(1945)António Manuel Couto Vianain “O Poeta pela mão: Primeiros versos”, 1999.