As unidades de gestão do Fundo de Coesão e do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (Feder) aprovaram dois projectos de modernização do complexo industrial que a cervejeira Unicer detém em Santarém. No total, a empresa beneficiou, até final de Fevereiro passado, segundo o Ministério da Economia, de cerca de 7,364 milhões de euros de financiamentos europeus e do Estado português. Mas, com a decisão da Unicer de fechar a fábrica de cerveja na capital ribatejana já a partir de Março, mantendo nesta cidade apenas as plataformas de armazenagem e de distribuição e uma unidade de refrigerantes, a empresa poderá vir a ser obrigada a devolver algumas verbas.
O PÚBLICO sabe que decorrem encontros regulares entre a Unicer e a AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo) com o objectivo de esclarecer toda esta situação. A empresa adianta que parte do equipamento adquirido para Santarém poderá vir a ser transferido para a fábrica-mãe de Leça do Balio e que parte dos investimentos feitos na cidade escalabitana envolveu as unidades de armazenamento, de distribuição e de refrigerantes e não a fábrica que vai ser encerrada.
"É um tema que estamos a avaliar com as entidades responsáveis, designadamente a AICEP. A Unicer mantém em Santarém as plataformas de armazenagem e distribuição, bem como a unidade de produção de refrigerantes, para onde alocaremos uma parte dos equipamentos industriais abrangidos por estes incentivos, bem como para Leça do Balio, no âmbito do processo em curso de modernização desta unidade", explicou ao PÚBLICO a porta-voz da Unicer Joana Queiroz Ribeiro.
No início de Janeiro, a Unicer anunciou a sua decisão de concentrar a produção industrial de cerveja em Leça do Balio, investindo cerca de 80 milhões de euros na modernização do centro de produção ali existente. Com este investimento, a unidade de Leça passará a dispor de mais duas linhas de enchimento "tecnologicamente mais avançadas" e aumentará a sua capacidade. Mas esta medida implica também o fecho da fábrica de cerveja de Santarém e a manutenção das unidades de armazenamento, distribuição e refrigerantes, o que garante apenas cerca de metade dos actuais 230 postos de trabalho.
Sucederam-se, por isso, as críticas das estruturas partidárias e sindicais. O parlamentar comunista António Filipe e um grupo de deputados do PSD questionaram o Ministério da Economia, frisando estes últimos que "esta reorganização da Unicer não poderá ser vista como um incremento para a produção, nem para o emprego, visto que não altera as quantidades a produzir, nem cria qualquer posto de trabalho. Pelo contrário, poderá vir a criar um desemprego considerável para a região de Santarém". Os sociais-democratas questionaram também os apoios estatais dados à empresa nos últimos anos e como é que vão ser avaliados eventuais novos pedidos de incentivos.
Respondeu o gabinete do ministro Santos Pereira no final de Junho, referindo que, até final de Fevereiro, a Unicer recebeu cerca de 18 milhões de euros de incentivos no âmbito do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) e que aproximadamente 7,36 milhões foram destinados à sua unidade de Santarém.
Já na resposta a António Filipe, o chefe de gabinete do ministro acrescenta que a Unicer se compromete a assegurar cerca de 100 a 110 postos de trabalho em Santarém e que aos restantes foi oferecido um posto de trabalho em Leça, "com salário equivalente e subsídio de mobilidade". Quem não quiser ou não puder integrar-se na unidade de Leça deverá, segundo o Governo, beneficiar de um "pacote indemnizatório" e de 15 meses de formação.
"Desde o primeiro momento que a Unicer se comprometeu em tudo fazer para minimizar o impacto desta operação e, neste momento, estamos em condições de dizer que, no total de colaboradores envolvidos neste processo, entre aqueles que permanecem em Santarém e aqueles que, a seu pedido, vão ser deslocados para Leça do Balio, ficam na Unicer todos os colaboradores que assim o entenderam e decidirem", garante Joana Queiroz Ribeiro.
O PÚBLICO tentou obter esclarecimentos do ministro Álvaro Santos Pereira, mas não obteve resposta.
A Unicer quer concluir até Março o investimento na sua unidade de Leça, estimado em 80 milhões de euros. Segundo Joana Queiroz Ribeiro, as obras estão numa "fase avançada" e começaram pela transformação de uma área anteriormente destinada a logística no espaço que receberá duas novas linhas de enchimento.
Este projecto prevê um conjunto de intervenções profundas nas áreas de fabricação de mosto e adega, enchimento, energia e fluidos e logística, que colocarão a Unicer ao nível das melhores cervejeiras da Europa", sustenta a responsável pela comunicação da empresa, acrescentando que, com esta intervenção, a unidade de Leça ficará com condições para produzir 450 milhões de litros de cerveja por ano e com espaços para poder crescer até aos 600 milhões de litros, "se e quando o mercado o justificar".
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As unidades de gestão do Fundo de Coesão e do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (Feder) aprovaram dois projectos de modernização do complexo industrial que a cervejeira Unicer detém em Santarém. No total, a empresa beneficiou, até final de Fevereiro passado, segundo o Ministério da Economia, de cerca de 7,364 milhões de euros de financiamentos europeus e do Estado português. Mas, com a decisão da Unicer de fechar a fábrica de cerveja na capital ribatejana já a partir de Março, mantendo nesta cidade apenas as plataformas de armazenagem e de distribuição e uma unidade de refrigerantes, a empresa poderá vir a ser obrigada a devolver algumas verbas.
O PÚBLICO sabe que decorrem encontros regulares entre a Unicer e a AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo) com o objectivo de esclarecer toda esta situação. A empresa adianta que parte do equipamento adquirido para Santarém poderá vir a ser transferido para a fábrica-mãe de Leça do Balio e que parte dos investimentos feitos na cidade escalabitana envolveu as unidades de armazenamento, de distribuição e de refrigerantes e não a fábrica que vai ser encerrada.
"É um tema que estamos a avaliar com as entidades responsáveis, designadamente a AICEP. A Unicer mantém em Santarém as plataformas de armazenagem e distribuição, bem como a unidade de produção de refrigerantes, para onde alocaremos uma parte dos equipamentos industriais abrangidos por estes incentivos, bem como para Leça do Balio, no âmbito do processo em curso de modernização desta unidade", explicou ao PÚBLICO a porta-voz da Unicer Joana Queiroz Ribeiro.
No início de Janeiro, a Unicer anunciou a sua decisão de concentrar a produção industrial de cerveja em Leça do Balio, investindo cerca de 80 milhões de euros na modernização do centro de produção ali existente. Com este investimento, a unidade de Leça passará a dispor de mais duas linhas de enchimento "tecnologicamente mais avançadas" e aumentará a sua capacidade. Mas esta medida implica também o fecho da fábrica de cerveja de Santarém e a manutenção das unidades de armazenamento, distribuição e refrigerantes, o que garante apenas cerca de metade dos actuais 230 postos de trabalho.
Sucederam-se, por isso, as críticas das estruturas partidárias e sindicais. O parlamentar comunista António Filipe e um grupo de deputados do PSD questionaram o Ministério da Economia, frisando estes últimos que "esta reorganização da Unicer não poderá ser vista como um incremento para a produção, nem para o emprego, visto que não altera as quantidades a produzir, nem cria qualquer posto de trabalho. Pelo contrário, poderá vir a criar um desemprego considerável para a região de Santarém". Os sociais-democratas questionaram também os apoios estatais dados à empresa nos últimos anos e como é que vão ser avaliados eventuais novos pedidos de incentivos.
Respondeu o gabinete do ministro Santos Pereira no final de Junho, referindo que, até final de Fevereiro, a Unicer recebeu cerca de 18 milhões de euros de incentivos no âmbito do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) e que aproximadamente 7,36 milhões foram destinados à sua unidade de Santarém.
Já na resposta a António Filipe, o chefe de gabinete do ministro acrescenta que a Unicer se compromete a assegurar cerca de 100 a 110 postos de trabalho em Santarém e que aos restantes foi oferecido um posto de trabalho em Leça, "com salário equivalente e subsídio de mobilidade". Quem não quiser ou não puder integrar-se na unidade de Leça deverá, segundo o Governo, beneficiar de um "pacote indemnizatório" e de 15 meses de formação.
"Desde o primeiro momento que a Unicer se comprometeu em tudo fazer para minimizar o impacto desta operação e, neste momento, estamos em condições de dizer que, no total de colaboradores envolvidos neste processo, entre aqueles que permanecem em Santarém e aqueles que, a seu pedido, vão ser deslocados para Leça do Balio, ficam na Unicer todos os colaboradores que assim o entenderam e decidirem", garante Joana Queiroz Ribeiro.
O PÚBLICO tentou obter esclarecimentos do ministro Álvaro Santos Pereira, mas não obteve resposta.
A Unicer quer concluir até Março o investimento na sua unidade de Leça, estimado em 80 milhões de euros. Segundo Joana Queiroz Ribeiro, as obras estão numa "fase avançada" e começaram pela transformação de uma área anteriormente destinada a logística no espaço que receberá duas novas linhas de enchimento.
Este projecto prevê um conjunto de intervenções profundas nas áreas de fabricação de mosto e adega, enchimento, energia e fluidos e logística, que colocarão a Unicer ao nível das melhores cervejeiras da Europa", sustenta a responsável pela comunicação da empresa, acrescentando que, com esta intervenção, a unidade de Leça ficará com condições para produzir 450 milhões de litros de cerveja por ano e com espaços para poder crescer até aos 600 milhões de litros, "se e quando o mercado o justificar".