Se dúvidas houvesse de que a escolha de Ana Jorge para ministra da Saúde foi um erro, essas dúvidas ficaram ontem desfeitas na audição parlamentar pedida pelo Partido Comunista. A reticências de Ana Jorge aos acordos da ADSE — subsistema tutelado pelo ministério das Finanças — com unidades privadas, representam todo um programa. Em vez de sugerir aos deputados audições a Teixeira dos Santos, a senhora ministra devia ter-lhes dito que os beneficiários da ADSE, para beneficiar dela, pagam. Enquanto a generalidade dos trabalhadores desconta para ter acesso ao Serviço Nacional de Saúde, os funcionários públicos fazem esse desconto e ainda outro para a ADSE. Os aposentados até descontam 14 vezes por ano, uma vez que (no seu caso) o desconto incide igualmente nos subsídios de férias e de Natal. Num país com 700 mil funcionários públicos, acaso passou pela cabeça da ministra o que seria toda essa gente a entupir os hospitais públicos? Estamos a falar de um universo superior a um milhão de pessoas, porquanto aos 700 mil funcionários públicos há que acrescentar os descendentes menores e os que, não sendo menores, mas estando matriculados no ensino superior ou politécnico, mantêm o usufruto da ADSE até completar 25 anos. No dia em que a ADSE deixar de ter acordos com unidades privadas, terão de cessar os respectivos descontos. Em que ficamos?Etiquetas: Política nacional, Saúde, Sociedade
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Se dúvidas houvesse de que a escolha de Ana Jorge para ministra da Saúde foi um erro, essas dúvidas ficaram ontem desfeitas na audição parlamentar pedida pelo Partido Comunista. A reticências de Ana Jorge aos acordos da ADSE — subsistema tutelado pelo ministério das Finanças — com unidades privadas, representam todo um programa. Em vez de sugerir aos deputados audições a Teixeira dos Santos, a senhora ministra devia ter-lhes dito que os beneficiários da ADSE, para beneficiar dela, pagam. Enquanto a generalidade dos trabalhadores desconta para ter acesso ao Serviço Nacional de Saúde, os funcionários públicos fazem esse desconto e ainda outro para a ADSE. Os aposentados até descontam 14 vezes por ano, uma vez que (no seu caso) o desconto incide igualmente nos subsídios de férias e de Natal. Num país com 700 mil funcionários públicos, acaso passou pela cabeça da ministra o que seria toda essa gente a entupir os hospitais públicos? Estamos a falar de um universo superior a um milhão de pessoas, porquanto aos 700 mil funcionários públicos há que acrescentar os descendentes menores e os que, não sendo menores, mas estando matriculados no ensino superior ou politécnico, mantêm o usufruto da ADSE até completar 25 anos. No dia em que a ADSE deixar de ter acordos com unidades privadas, terão de cessar os respectivos descontos. Em que ficamos?Etiquetas: Política nacional, Saúde, Sociedade