Educar com autoridade e sem autoritarismoChama-se Summerhill. É um famoso colégio britânico que, nos anos sessenta, ficou conhecido pela sua defesa de uma educação sem a presença “atemorizadora” da autoridade dos professores. Seria uma educação livre, arejada, sem constrangimentos de nenhum tipo. Professores e alunos procurariam ajudar-se mutuamente, com uma sã camaradagem, e assim trabalhariam lado a lado naquele revolucionário projecto educativo.Para alcançar tais objectivos, os directivos do colégio criaram um método pedagógico verdadeiramente inovador. Acreditavam que seria a grande solução para os problemas educativos da época. Não haveria exames nem notas classificativas. A assistência às aulas seria totalmente voluntária. A gestão da própria escola seria, muitas vezes, efectuada pelos próprios alunos, através de uma assembleia onde se discutiriam os problemas reais e as suas possíveis soluções.A escola tinha sido fundada em 1921. Com esta inovação educativa na década de sessenta, viveu um tempo de apogeu e teve um aumento significativo de alunos. No entanto, poucos anos depois da implantação do novo método pedagógico, o colégio começou vertiginosamente a perder alunos. Constatava-se com uma certa surpresa que, apesar de todo o esforço por implementar o novo método, os estudantes não saíam bem preparados da escola. A sua formação apresentava grandes lacunas e deficiências. As famílias dos alunos tinham deixado de acreditar na eficácia do novo método pedagógico.É uma ingenuidade bastante perigosa imaginar que podemos educar sem autoridade. Talvez este modo de pensar proceda de uma certa confusão entre o que significa autoridade e o que significa autoritarismo. O autoritarismo é um abuso da autoridade. É usar a autoridade não para educar, mas para impor-se aos outros sem respeitar a sua legítima liberdade. É não entender que educar significa, antes de qualquer outra coisa, ensinar a usar bem a liberdade. É pensar que só existe a liberdade daquele que educa e não a daquele que é educado.Geralmente, ninguém tem saudades de professores autoritários. Professores que atemorizam os alunos e geram um ambiente desagradável à sua volta. Professores do estilo “posso, quero e mando”. O autoritarismo exige pouco talento, pouca arte e muito pouca imaginação. Sempre foi uma má estratégia educativa. Um professor autoritário nunca foi um bom professor.Com o autoritarismo não se educa, mas com a ausência de autoridade também não. A autoridade é essencial para que haja uma verdadeira educação dos alunos. É com autoridade que os professores conseguem educar na liberdade. É evidente que o crescimento da violência escolar está intimamente unido à crise de autoridade. Esta crise gera nos alunos um receio diante da possibilidade de, algum dia, terem eles próprios de exercer a autoridade. Sentem-se inseguros com esta perspectiva e não amadurecem, porque não se sentem capazes de assumir responsabilidades. E não nos esqueçamos que os jovens são educados para serem adultos, não para continuarem eternamente adolescentes.Pe. Rodrigo Lynce de Faria In Jornal de Opinião.
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Educar com autoridade e sem autoritarismoChama-se Summerhill. É um famoso colégio britânico que, nos anos sessenta, ficou conhecido pela sua defesa de uma educação sem a presença “atemorizadora” da autoridade dos professores. Seria uma educação livre, arejada, sem constrangimentos de nenhum tipo. Professores e alunos procurariam ajudar-se mutuamente, com uma sã camaradagem, e assim trabalhariam lado a lado naquele revolucionário projecto educativo.Para alcançar tais objectivos, os directivos do colégio criaram um método pedagógico verdadeiramente inovador. Acreditavam que seria a grande solução para os problemas educativos da época. Não haveria exames nem notas classificativas. A assistência às aulas seria totalmente voluntária. A gestão da própria escola seria, muitas vezes, efectuada pelos próprios alunos, através de uma assembleia onde se discutiriam os problemas reais e as suas possíveis soluções.A escola tinha sido fundada em 1921. Com esta inovação educativa na década de sessenta, viveu um tempo de apogeu e teve um aumento significativo de alunos. No entanto, poucos anos depois da implantação do novo método pedagógico, o colégio começou vertiginosamente a perder alunos. Constatava-se com uma certa surpresa que, apesar de todo o esforço por implementar o novo método, os estudantes não saíam bem preparados da escola. A sua formação apresentava grandes lacunas e deficiências. As famílias dos alunos tinham deixado de acreditar na eficácia do novo método pedagógico.É uma ingenuidade bastante perigosa imaginar que podemos educar sem autoridade. Talvez este modo de pensar proceda de uma certa confusão entre o que significa autoridade e o que significa autoritarismo. O autoritarismo é um abuso da autoridade. É usar a autoridade não para educar, mas para impor-se aos outros sem respeitar a sua legítima liberdade. É não entender que educar significa, antes de qualquer outra coisa, ensinar a usar bem a liberdade. É pensar que só existe a liberdade daquele que educa e não a daquele que é educado.Geralmente, ninguém tem saudades de professores autoritários. Professores que atemorizam os alunos e geram um ambiente desagradável à sua volta. Professores do estilo “posso, quero e mando”. O autoritarismo exige pouco talento, pouca arte e muito pouca imaginação. Sempre foi uma má estratégia educativa. Um professor autoritário nunca foi um bom professor.Com o autoritarismo não se educa, mas com a ausência de autoridade também não. A autoridade é essencial para que haja uma verdadeira educação dos alunos. É com autoridade que os professores conseguem educar na liberdade. É evidente que o crescimento da violência escolar está intimamente unido à crise de autoridade. Esta crise gera nos alunos um receio diante da possibilidade de, algum dia, terem eles próprios de exercer a autoridade. Sentem-se inseguros com esta perspectiva e não amadurecem, porque não se sentem capazes de assumir responsabilidades. E não nos esqueçamos que os jovens são educados para serem adultos, não para continuarem eternamente adolescentes.Pe. Rodrigo Lynce de Faria In Jornal de Opinião.