Para se pensar ou falar sobre arte tem de se ter gosto, sabedoria e sensibilidade. Quando não se tem nada disto, o que fazer?
Comece-se por dois dos maiores disparates que já li na blogosfera (e em qualquer lugar) sobre arte:
“a função de qualquer artista [é] fazer com que as pessoas gostem um pouco mais de arteâ€
“querer tornar a arte acessÃvel a todos não implica necessariamente ter que fazer concessões” – as incrÃveis frases são de Filipe Moura, aqui escritas !!
O Filipe não percebeu que estas frases não podem ser ditas ou este anseio não pode ser sentido pelo artista no momento da produção da obra, mas sim pelo divulgador. Ele, pelos vistos, não percebe que é inconcebÃvel Beethoven ter feito alguma vez este raciocÃnio. Mas o nosso maior sábio divulgador da música, o saudoso (e que saudade de o ouvir falar e pensar!) João de Freitas Branco, por exemplo, não pode pretender outra coisa, divulgar porque, precisamente, AMA OU AMOU A INACESSIBILIDADE DE BEETHOVEN e é essa INACESSIBILIDADE QUE NOS QUER TRANSMITIR ENQUANTO INACESSIBILIDADE. Se o homem de Bona fosse acessÃvel para quê existir um João de Freitas Branco, este sim o exemplo do grande estudioso, musicólogo e grande divulgador. Nesta ordem de ideias até acho que Filipe Moura preferiria (ou prefere) um Vitorino d’Almeida, um homem da televisão e do espectáculo, uma figura simpática, com graça, mas sem profundidade e sem o conhecimento de um João de Freitas Branco. Como não podemos pensar em Beethoven a matar a cabeça perseguindo ou sequer pensando sobre a “compreensão / recepção” do seu público, também não devemos comparar Freitas Branco com Vitorino d’Almeida.
Claro que para quem não ama a arte é tudo a mesma coisa. Até Mark Rothko é o mesmo que Rivera. Filipe Moura nem se deu ao trabalho de questionar porque é que a sua googlice lhe deu Rivera e não Rothko. Não se perguntou porque nem ama um nem o outro, e ambos lhe são indiferentes. Se a popularidade do Google me torna Rothko inacessÃvel, então, com todo o prazer eu (e mais uma pequena multidão) sou elitista. E aqui ser elitista é ser verdadeiramente democrático! Porque é exigir o direito a tudo - ao minoritário e ao popular.
O elitismo democrático recusa assim o embrurecimento. E quanto a arte e divulgação não vou dizer mais nada.
Aqui temos Rothko e Rivera. Interessam-me os dois, porque não me interessa apenas o que o Google me dá !!!
E o mui saudoso JOÃO DE FREITAS BRANCO (que sabia, como ninguém, que para falar e gostar de arte era preciso SABEDORIA E SENSIBILIDADE) :
Categorias
Entidades
Para se pensar ou falar sobre arte tem de se ter gosto, sabedoria e sensibilidade. Quando não se tem nada disto, o que fazer?
Comece-se por dois dos maiores disparates que já li na blogosfera (e em qualquer lugar) sobre arte:
“a função de qualquer artista [é] fazer com que as pessoas gostem um pouco mais de arteâ€
“querer tornar a arte acessÃvel a todos não implica necessariamente ter que fazer concessões” – as incrÃveis frases são de Filipe Moura, aqui escritas !!
O Filipe não percebeu que estas frases não podem ser ditas ou este anseio não pode ser sentido pelo artista no momento da produção da obra, mas sim pelo divulgador. Ele, pelos vistos, não percebe que é inconcebÃvel Beethoven ter feito alguma vez este raciocÃnio. Mas o nosso maior sábio divulgador da música, o saudoso (e que saudade de o ouvir falar e pensar!) João de Freitas Branco, por exemplo, não pode pretender outra coisa, divulgar porque, precisamente, AMA OU AMOU A INACESSIBILIDADE DE BEETHOVEN e é essa INACESSIBILIDADE QUE NOS QUER TRANSMITIR ENQUANTO INACESSIBILIDADE. Se o homem de Bona fosse acessÃvel para quê existir um João de Freitas Branco, este sim o exemplo do grande estudioso, musicólogo e grande divulgador. Nesta ordem de ideias até acho que Filipe Moura preferiria (ou prefere) um Vitorino d’Almeida, um homem da televisão e do espectáculo, uma figura simpática, com graça, mas sem profundidade e sem o conhecimento de um João de Freitas Branco. Como não podemos pensar em Beethoven a matar a cabeça perseguindo ou sequer pensando sobre a “compreensão / recepção” do seu público, também não devemos comparar Freitas Branco com Vitorino d’Almeida.
Claro que para quem não ama a arte é tudo a mesma coisa. Até Mark Rothko é o mesmo que Rivera. Filipe Moura nem se deu ao trabalho de questionar porque é que a sua googlice lhe deu Rivera e não Rothko. Não se perguntou porque nem ama um nem o outro, e ambos lhe são indiferentes. Se a popularidade do Google me torna Rothko inacessÃvel, então, com todo o prazer eu (e mais uma pequena multidão) sou elitista. E aqui ser elitista é ser verdadeiramente democrático! Porque é exigir o direito a tudo - ao minoritário e ao popular.
O elitismo democrático recusa assim o embrurecimento. E quanto a arte e divulgação não vou dizer mais nada.
Aqui temos Rothko e Rivera. Interessam-me os dois, porque não me interessa apenas o que o Google me dá !!!
E o mui saudoso JOÃO DE FREITAS BRANCO (que sabia, como ninguém, que para falar e gostar de arte era preciso SABEDORIA E SENSIBILIDADE) :