"O Crocodilo Que Voa", Luiz Pacheco

29-09-2009
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Edições Tinta-da-ChinaNas livrarias dia 11 de FevereiroPreço 17.80 €------O Crocodilo Que Voa reúne as entrevistas publicadas entre 1992 e 2008, seleccionadas por Luiz Pacheco e João Pedro George.Entrevistadores:Baptista-BastosCarlos QuevedoCláudia GalhósJoão Paulo CotrimJoão Pedro GeorgeMário SantosPaula Moura PinheiroPedro CastroPedro Dias de AlmeidaRicardo de Araújo PereiraRicardo NabaisRodrigues da SilvaRui ZinkVladimiro NunesPrefácio«Cousas loucas acertadas»João Pedro GeorgeLuiz Pacheco pertencia àquele tipo de pessoas que tem o dom da conversação. Ouvi-lo dar uma opinião ou narrar uma historieta, uma recordação inesperada, é uma experiência que perdura na memória. Fosse pela agilidade mental ou pelo implacável sentido da lógica, pela sinceridade desarmante ou pelo desapego de quem não quer ser correcto ou bem-comportado; fosse pelas intervenções cómicas, o humor negro, o absurdo, o sarcasmo, a picardia, o cepticismo de quem viu e viveu muito, de quem teve uma experiência imensa, um íntimo conhecimento do ser humano. Com alguém assim, acreditem, aprende-se muito.Felizmente, os jornais e as revistas perceberam isto há algum tempo, e não se dispensaram de publicar, regularmente, entrevistas com Luiz Pacheco. Só tenho de aplaudir, porque esta atenção da imprensa, é de presumir, deu-lhe novo ânimo como escritor e ampliou-lhe o número de leitores, em particular entre as gerações mais novas. Facto é, porém, que esta curiosidade nem sempre teve, diga-se, as melhores razões. Porque o que interessava realmente, por vezes, era captar o lado pitoresco ou castiço, como nos fenómenos de feira. Era colher indiscrições, era dar à estampa, na primeira página, em letra redonda, um títuloprovocador. Os jornalistas, que já lhe conheciam a índole «malevolente» (é o próprio que o confessa, na entrevista a Mário Santos), iam à cata do mexerico, da inconfidência, da intriga [...].A este respeito, valha a verdade, Luiz Pacheco não foi nenhum desmancha-prazeres e, escusado será dizê-lo, raramente os jornalistas voltavam para as redacções de mãos vazias. Não porque quisesse ocupar o palco a qualquer preço, mas porque lhe estava no sangue e porque conquistara, há muito, esse direito, essa liberdade de dizer o que lhe dava na gana. Era rude? Era torcido? Era cruel? Talvez. Era inconveniente? Rompia em excessos? Descambava nas indelicadezas? Dava respostas chulas? Melhor! Quando à nossa volta o clima mental é lúgubre e estéril; quando o meio literário em que vegetamos não promove o espírito crítico, antes o comércio escuro e as mútuas mesuras (mas isto é como malhar em ferro frio, quem é que quer saber disso?), abençoado Pacheco! Num ambiente destes, repito, as judiarias e o temperamento belicoso do Luiz tinham um efeito desinfectante. E atirar à cara dos obsoletos literatos locais uns quantos raciocínios sumários, aplicar-lhes algumas dentadas de cobra cascavel, fazendo-lhes sangrar o orgulho, era um dever, mais, era um sinal de civilização.(Ver mais)


Edições Tinta-da-ChinaNas livrarias dia 11 de FevereiroPreço 17.80 €------O Crocodilo Que Voa reúne as entrevistas publicadas entre 1992 e 2008, seleccionadas por Luiz Pacheco e João Pedro George.Entrevistadores:Baptista-BastosCarlos QuevedoCláudia GalhósJoão Paulo CotrimJoão Pedro GeorgeMário SantosPaula Moura PinheiroPedro CastroPedro Dias de AlmeidaRicardo de Araújo PereiraRicardo NabaisRodrigues da SilvaRui ZinkVladimiro NunesPrefácio«Cousas loucas acertadas»João Pedro GeorgeLuiz Pacheco pertencia àquele tipo de pessoas que tem o dom da conversação. Ouvi-lo dar uma opinião ou narrar uma historieta, uma recordação inesperada, é uma experiência que perdura na memória. Fosse pela agilidade mental ou pelo implacável sentido da lógica, pela sinceridade desarmante ou pelo desapego de quem não quer ser correcto ou bem-comportado; fosse pelas intervenções cómicas, o humor negro, o absurdo, o sarcasmo, a picardia, o cepticismo de quem viu e viveu muito, de quem teve uma experiência imensa, um íntimo conhecimento do ser humano. Com alguém assim, acreditem, aprende-se muito.Felizmente, os jornais e as revistas perceberam isto há algum tempo, e não se dispensaram de publicar, regularmente, entrevistas com Luiz Pacheco. Só tenho de aplaudir, porque esta atenção da imprensa, é de presumir, deu-lhe novo ânimo como escritor e ampliou-lhe o número de leitores, em particular entre as gerações mais novas. Facto é, porém, que esta curiosidade nem sempre teve, diga-se, as melhores razões. Porque o que interessava realmente, por vezes, era captar o lado pitoresco ou castiço, como nos fenómenos de feira. Era colher indiscrições, era dar à estampa, na primeira página, em letra redonda, um títuloprovocador. Os jornalistas, que já lhe conheciam a índole «malevolente» (é o próprio que o confessa, na entrevista a Mário Santos), iam à cata do mexerico, da inconfidência, da intriga [...].A este respeito, valha a verdade, Luiz Pacheco não foi nenhum desmancha-prazeres e, escusado será dizê-lo, raramente os jornalistas voltavam para as redacções de mãos vazias. Não porque quisesse ocupar o palco a qualquer preço, mas porque lhe estava no sangue e porque conquistara, há muito, esse direito, essa liberdade de dizer o que lhe dava na gana. Era rude? Era torcido? Era cruel? Talvez. Era inconveniente? Rompia em excessos? Descambava nas indelicadezas? Dava respostas chulas? Melhor! Quando à nossa volta o clima mental é lúgubre e estéril; quando o meio literário em que vegetamos não promove o espírito crítico, antes o comércio escuro e as mútuas mesuras (mas isto é como malhar em ferro frio, quem é que quer saber disso?), abençoado Pacheco! Num ambiente destes, repito, as judiarias e o temperamento belicoso do Luiz tinham um efeito desinfectante. E atirar à cara dos obsoletos literatos locais uns quantos raciocínios sumários, aplicar-lhes algumas dentadas de cobra cascavel, fazendo-lhes sangrar o orgulho, era um dever, mais, era um sinal de civilização.(Ver mais)

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