O BAR DO OSSIAN: ROWAN DAY *

02-10-2009
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Dedicado à AntígonaRowan Tree (Sorbus Aucuparia), Eeno, Co. Wicklow, Ireland, 2008PRECE A ROWANThe spells were vain,The hag returnedTo the Queen in a sorrowful mood,Crying that witches have no powerWhere there is Rowan tree wood.«Laidley Wood», traditional Celtic balladSagrada, sagrada, ó sussurrante,Bebedora de sangue e seio de sangue,Mãe de tudo o que é verde, que do trovãoE do teu ventre nasceu, guardiãDas terras dos homens, protege-me!Com o teu sangue o druida vê, o bardoCanta, o guerreiro inflama-se qual brasa!Que o meu sangue se possa erguer, vívido,Assim na morte, e a minha almaPossa repousar, Mãe, possa repousar,Como uma sombra quieta, no frescoSegredo dos teus braços.Lord of Erewhon* O Dia de Rowan, ou da Árvore de Rowan, é um dia sagrado para os Célticos e, nos nossos dias, apenas para alguns Nórdicos (Dia de Rauni na Finlândia). Rowan é a Árvore da Vida. «Rowan» tem origem no Norse, «raun» – antiga língua germânica comum aos povos da Escandinávia e às suas colónias por todo o mundo durante a Era Viking –, «runa», este termo deriva do Proto-Norse – língua comum aos germânicos mais a Norte até ao Séc. VIII –, «raudnian», que significa «tornar-se da cor vermelha», contexto semântico que se embricou com as bagas vermelhas da árvore Rowan e a mudança de cor que a folhagem ganha no Outono. O Culto de Rowan acabou por se misturar aos cultos druídicos, ninguém sabe exactamente quando e como, mas só pode ter sido pelas incursões Vikings na Escócia, onde a pregância cultural do mito é hoje maior, e porque estas árvores sempre foram abundantes nas Ilhas Britânicas, nas quais a árvore adquiriu diversos nomes fabulosos: «Dama das Montanhas», «Árvore Sussurrante», «Bosque Circular», «Árvore da Runa», «Ajudante de Thor», «Árvore da Feitiçaria», «Expulsa Bruxas», etc. No Gaélico chamam-lhe «rudha-an», «a vermelha». A árvore existe também no Norte da América e nas províncias canadianas de Newfoundland & Labrador e Nova Scotia, zonas de colonização Viking.A importância religiosa, mistérica, mística e esotérica da Árvore de Rowan é sem fim: os cajados dos Druidas eram feitos dos seus ramos; as suas folhas são usadas em feitiços e curas; são colocadas em vasos para protecção das tempestades (na mitologia dos Finlandeses antigos, a deusa Rauni, quando viu que a terra era um deserto, desceu dos céus, copulou com Ukko, o deus do trovão, que a emprenhou com um relâmpago poderoso, e gerou todas as plantas, flores e árvores); é plantada nos cemitérios para proteger as almas dos mortos de serem assombradas; runas são feitas do poder da sua madeira; as quintas e os currais são protegidos com áleas destas árvores, que se tem fé protegerem das bruxas; no Canadá, na Finlândia e na Suécia o número das suas bagas continua a ser tomado como augúrio pelos camponeses para a quantidade de neve a cair em cada Inverno, e o resultado da produção frutícola augúrio para as condições climáticas do Verão; na Finlândia ainda se acredita que se a árvore florir duas vezes será excelente a colheita de batatas e haverá mais casamentos no Outono; na Suécia, que se a árvore perder a cor e ficar pálida o Outono e o Inverno trarão doenças.Presentemente a espécie é mais numerosa no Norte e Nordeste da Escócia, onde os designativos «Dama das Montanhas» e «Árvore Sussurante» (porque ensina os segredos) a nomeiam. Não esqueçamos que estas costas sempre foram sujeitas a incursões Vikings, sendo os actuais Escoceses (em parte) deles descendentes e de Celtas que migraram da Irlanda. Na Escócia ainda se faz vinho das bagas, vinho que era usado pelos Druidas para aumentar o poder da vidência; as folhas e as bagas eram usadas em incensos com o mesmo propósito. Na América do Norte chamam-lhe «mountain ash», porém a Rowan não é um freixo (fraxinus), é uma sorbus aucuparia, da ordem das rosales, família das rosaceae, ou seja, uma parente das roseiras… eixo do mundo. Das suas bagas ainda é feita compota, consumida pelos competidores em jogos tradicionais celtas.Todos os Célticos lhe têm grande devoção, mas esta permanece mais forte entre os Escoceses, apesar de os Nórdicos de modo nenhum a terem esquecido: em Vardø (o lugar em que o Oeste encontra o Este), ilha no mais extremo Nordeste da Noruega (70° 21' N, 31° 02' E, mais a Este que São Petersburgo, Kiev e Istambul) a árvore resiste, impressionantemente, ao clima árctico. Sete árvores foram plantadas em 1960, uma sobreviveu, tendo florido em 1974 e 1981, e por fim sucumbido ao frio Inverno de 2002. Duas novas árvores foram plantadas, que os Noruegueses protegem durante o frio maior, erguendo uma casa em seu redor, aquecendo-as e alimentando-as. São as duas únicas árvores da ilha.Sagrado seja este Dia de Rowan! Que os espíritos da noite vos protejam e a sombra da morte nunca vos toque! Hoje é também Quarta-feira, Mittwoch, Wednesday, dia de Odin (Woden ou Wotan), um grande dia para o trovão…P. S. Para quem queira cuidar de uma árvore Rowan…


Dedicado à AntígonaRowan Tree (Sorbus Aucuparia), Eeno, Co. Wicklow, Ireland, 2008PRECE A ROWANThe spells were vain,The hag returnedTo the Queen in a sorrowful mood,Crying that witches have no powerWhere there is Rowan tree wood.«Laidley Wood», traditional Celtic balladSagrada, sagrada, ó sussurrante,Bebedora de sangue e seio de sangue,Mãe de tudo o que é verde, que do trovãoE do teu ventre nasceu, guardiãDas terras dos homens, protege-me!Com o teu sangue o druida vê, o bardoCanta, o guerreiro inflama-se qual brasa!Que o meu sangue se possa erguer, vívido,Assim na morte, e a minha almaPossa repousar, Mãe, possa repousar,Como uma sombra quieta, no frescoSegredo dos teus braços.Lord of Erewhon* O Dia de Rowan, ou da Árvore de Rowan, é um dia sagrado para os Célticos e, nos nossos dias, apenas para alguns Nórdicos (Dia de Rauni na Finlândia). Rowan é a Árvore da Vida. «Rowan» tem origem no Norse, «raun» – antiga língua germânica comum aos povos da Escandinávia e às suas colónias por todo o mundo durante a Era Viking –, «runa», este termo deriva do Proto-Norse – língua comum aos germânicos mais a Norte até ao Séc. VIII –, «raudnian», que significa «tornar-se da cor vermelha», contexto semântico que se embricou com as bagas vermelhas da árvore Rowan e a mudança de cor que a folhagem ganha no Outono. O Culto de Rowan acabou por se misturar aos cultos druídicos, ninguém sabe exactamente quando e como, mas só pode ter sido pelas incursões Vikings na Escócia, onde a pregância cultural do mito é hoje maior, e porque estas árvores sempre foram abundantes nas Ilhas Britânicas, nas quais a árvore adquiriu diversos nomes fabulosos: «Dama das Montanhas», «Árvore Sussurrante», «Bosque Circular», «Árvore da Runa», «Ajudante de Thor», «Árvore da Feitiçaria», «Expulsa Bruxas», etc. No Gaélico chamam-lhe «rudha-an», «a vermelha». A árvore existe também no Norte da América e nas províncias canadianas de Newfoundland & Labrador e Nova Scotia, zonas de colonização Viking.A importância religiosa, mistérica, mística e esotérica da Árvore de Rowan é sem fim: os cajados dos Druidas eram feitos dos seus ramos; as suas folhas são usadas em feitiços e curas; são colocadas em vasos para protecção das tempestades (na mitologia dos Finlandeses antigos, a deusa Rauni, quando viu que a terra era um deserto, desceu dos céus, copulou com Ukko, o deus do trovão, que a emprenhou com um relâmpago poderoso, e gerou todas as plantas, flores e árvores); é plantada nos cemitérios para proteger as almas dos mortos de serem assombradas; runas são feitas do poder da sua madeira; as quintas e os currais são protegidos com áleas destas árvores, que se tem fé protegerem das bruxas; no Canadá, na Finlândia e na Suécia o número das suas bagas continua a ser tomado como augúrio pelos camponeses para a quantidade de neve a cair em cada Inverno, e o resultado da produção frutícola augúrio para as condições climáticas do Verão; na Finlândia ainda se acredita que se a árvore florir duas vezes será excelente a colheita de batatas e haverá mais casamentos no Outono; na Suécia, que se a árvore perder a cor e ficar pálida o Outono e o Inverno trarão doenças.Presentemente a espécie é mais numerosa no Norte e Nordeste da Escócia, onde os designativos «Dama das Montanhas» e «Árvore Sussurante» (porque ensina os segredos) a nomeiam. Não esqueçamos que estas costas sempre foram sujeitas a incursões Vikings, sendo os actuais Escoceses (em parte) deles descendentes e de Celtas que migraram da Irlanda. Na Escócia ainda se faz vinho das bagas, vinho que era usado pelos Druidas para aumentar o poder da vidência; as folhas e as bagas eram usadas em incensos com o mesmo propósito. Na América do Norte chamam-lhe «mountain ash», porém a Rowan não é um freixo (fraxinus), é uma sorbus aucuparia, da ordem das rosales, família das rosaceae, ou seja, uma parente das roseiras… eixo do mundo. Das suas bagas ainda é feita compota, consumida pelos competidores em jogos tradicionais celtas.Todos os Célticos lhe têm grande devoção, mas esta permanece mais forte entre os Escoceses, apesar de os Nórdicos de modo nenhum a terem esquecido: em Vardø (o lugar em que o Oeste encontra o Este), ilha no mais extremo Nordeste da Noruega (70° 21' N, 31° 02' E, mais a Este que São Petersburgo, Kiev e Istambul) a árvore resiste, impressionantemente, ao clima árctico. Sete árvores foram plantadas em 1960, uma sobreviveu, tendo florido em 1974 e 1981, e por fim sucumbido ao frio Inverno de 2002. Duas novas árvores foram plantadas, que os Noruegueses protegem durante o frio maior, erguendo uma casa em seu redor, aquecendo-as e alimentando-as. São as duas únicas árvores da ilha.Sagrado seja este Dia de Rowan! Que os espíritos da noite vos protejam e a sombra da morte nunca vos toque! Hoje é também Quarta-feira, Mittwoch, Wednesday, dia de Odin (Woden ou Wotan), um grande dia para o trovão…P. S. Para quem queira cuidar de uma árvore Rowan…

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