Existem objectos que por uma circunstância ou outra, nos acompanham ao longo da nossa vida. A “História Universal” de G. Oncken, editada pela Livrarias Aillaud e Bertrand em 1938 é um desses casos. Conhece-me desde sempre. Nunca ninguém a usou para a finalidade para que foi feita, até pelo facto de estar demasiado desactualizada e incompleta. Mas sobreviveu, teve muitas outras finalidades, foi almofada para ganhar altura numa cadeira para criança, poste de baliza, base para jogar à santinha (jogo de berlinde), garagem de carrinhos, peso para colagens, arma de arremesso e tudo o que a imaginação de um miúdo consegue engendrar. Teria, se pudesse para contar muitas outras histórias em vez da História. Foi-me dedicada mais tarde em 28 de Junho de 1978, por um bibliófilo que a comprou por vinte e cinco tostões em 1950 e a salvou, como quem salva um cão estropiado, de um vendedor de castanhas que a amputou dos outros dezasseis volumes enquanto usava as suas páginas para fazer pacotes cónicos de guardar castanhas. Vive agora em minha casa e provavelmente perdurará para além mim. Jaime Bulhosa
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Existem objectos que por uma circunstância ou outra, nos acompanham ao longo da nossa vida. A “História Universal” de G. Oncken, editada pela Livrarias Aillaud e Bertrand em 1938 é um desses casos. Conhece-me desde sempre. Nunca ninguém a usou para a finalidade para que foi feita, até pelo facto de estar demasiado desactualizada e incompleta. Mas sobreviveu, teve muitas outras finalidades, foi almofada para ganhar altura numa cadeira para criança, poste de baliza, base para jogar à santinha (jogo de berlinde), garagem de carrinhos, peso para colagens, arma de arremesso e tudo o que a imaginação de um miúdo consegue engendrar. Teria, se pudesse para contar muitas outras histórias em vez da História. Foi-me dedicada mais tarde em 28 de Junho de 1978, por um bibliófilo que a comprou por vinte e cinco tostões em 1950 e a salvou, como quem salva um cão estropiado, de um vendedor de castanhas que a amputou dos outros dezasseis volumes enquanto usava as suas páginas para fazer pacotes cónicos de guardar castanhas. Vive agora em minha casa e provavelmente perdurará para além mim. Jaime Bulhosa