Assertivo

20-05-2009
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A DERROTA DA DIREITAFoi hoje divulgada uma sondagem da Universidade Católica que indica que as intenções de voto vão no sentido da maioria absoluta do PS, com 46% dos votos e entre 118 e 125 deputados. O PSD desce para 31%, o Bloco e a CDU empatam com 7% e o CDS-PP baixa para 6%. Mas é só uma sondagem, e a sua divulgação pode trazer um risco – o de haver quem pense que a vitória está garantida e fique em casa, em lugar de ir votar. No momento em que escrevo não sei qual o número de não votantes apurado pela sondagem, mas este número pode ser engrossado pelo excesso de confiança e adulterar os resultados. Foi o que aconteceu no Porto e em Lisboa, nas autárquicas de 2001.Por outro lado, a divulgação desta sondagem pode significar que aqueles que votariam no PS para se assegurarem que a direita perderia podem agora sentir-se livres para votar nos partidos da sua simpatia – a CDU e o Bloco. Por estes motivos, é fácil de ver que a maioria absoluta do PS não está ainda garantida, e que os optimismos excessivos podem deitar muito a perder.Afastada, aparentemente, está a possibilidade de vitória da direita. Nem aquele cenário fantasioso sonhado por Paulo Portas, em que o PS, apesar de vencedor, ficaria com menos votos que o PSD e o PP juntos, parece neste momento ser plausível. Este facto satisfaz-me mais do que a vitória do PS. Ainda tenho muitas resistências a vencer antes de pular de alegria – e essas resistências têm nomes, tais como Fernando Gomes, Orlando Gaspar, Narciso Miranda, etc. –, mas a certeza de que não vamos ser governados por Pedro Santana Lopes e Paulo Portas enche-me de entusiasmo.E creio que não serei o único. Prevejo ver mais sorrisos nos rostos das pessoas com quem me cruzo, e poderá diminuir o número de pessoas que olham para o futuro com medo. O meu problema – para além do ressurgimento de Fernando Gomes, Orlando Gaspar, Narciso Miranda e outros – é que a futura maioria encontre uma administração pública sabotada, empobrecida e cheia de medíocres nomeados à pressa pela maioria PSD/PP graças à certeza da derrota. E isto pode ser muito pior do que parece. Teremos incompetentes a ganhar salários astronómicos, teremos a obrigação de pagar indemnizações a grupos que foram ilegitimamente favorecidos pelo governo cessante – como o grupo Mello, a quem foi adjudicado o CIRVER – e teremos um acréscimo da despesa pública para emendar os desmandos praticados pela actual maioria. Teremos custos com a reestruturação dos serviços tendencialmente gratuitos prestados pelo Estado (maxime a educação e a saúde) e custos tendentes a corrigir os truques empregues pela maioria de direita de maneira a manter a fachada dos 3% de défice das contas públicas. As finanças públicas estão mal, mas suspeito que, quando o próximo governo for empossado, ainda vai encontrá-las pior do que se imaginava. Espero que não passem a vida a atirar as culpas para a «pesada herança» – mas esta vai impedir-nos de sorrir durante muito tempo!

A DERROTA DA DIREITAFoi hoje divulgada uma sondagem da Universidade Católica que indica que as intenções de voto vão no sentido da maioria absoluta do PS, com 46% dos votos e entre 118 e 125 deputados. O PSD desce para 31%, o Bloco e a CDU empatam com 7% e o CDS-PP baixa para 6%. Mas é só uma sondagem, e a sua divulgação pode trazer um risco – o de haver quem pense que a vitória está garantida e fique em casa, em lugar de ir votar. No momento em que escrevo não sei qual o número de não votantes apurado pela sondagem, mas este número pode ser engrossado pelo excesso de confiança e adulterar os resultados. Foi o que aconteceu no Porto e em Lisboa, nas autárquicas de 2001.Por outro lado, a divulgação desta sondagem pode significar que aqueles que votariam no PS para se assegurarem que a direita perderia podem agora sentir-se livres para votar nos partidos da sua simpatia – a CDU e o Bloco. Por estes motivos, é fácil de ver que a maioria absoluta do PS não está ainda garantida, e que os optimismos excessivos podem deitar muito a perder.Afastada, aparentemente, está a possibilidade de vitória da direita. Nem aquele cenário fantasioso sonhado por Paulo Portas, em que o PS, apesar de vencedor, ficaria com menos votos que o PSD e o PP juntos, parece neste momento ser plausível. Este facto satisfaz-me mais do que a vitória do PS. Ainda tenho muitas resistências a vencer antes de pular de alegria – e essas resistências têm nomes, tais como Fernando Gomes, Orlando Gaspar, Narciso Miranda, etc. –, mas a certeza de que não vamos ser governados por Pedro Santana Lopes e Paulo Portas enche-me de entusiasmo.E creio que não serei o único. Prevejo ver mais sorrisos nos rostos das pessoas com quem me cruzo, e poderá diminuir o número de pessoas que olham para o futuro com medo. O meu problema – para além do ressurgimento de Fernando Gomes, Orlando Gaspar, Narciso Miranda e outros – é que a futura maioria encontre uma administração pública sabotada, empobrecida e cheia de medíocres nomeados à pressa pela maioria PSD/PP graças à certeza da derrota. E isto pode ser muito pior do que parece. Teremos incompetentes a ganhar salários astronómicos, teremos a obrigação de pagar indemnizações a grupos que foram ilegitimamente favorecidos pelo governo cessante – como o grupo Mello, a quem foi adjudicado o CIRVER – e teremos um acréscimo da despesa pública para emendar os desmandos praticados pela actual maioria. Teremos custos com a reestruturação dos serviços tendencialmente gratuitos prestados pelo Estado (maxime a educação e a saúde) e custos tendentes a corrigir os truques empregues pela maioria de direita de maneira a manter a fachada dos 3% de défice das contas públicas. As finanças públicas estão mal, mas suspeito que, quando o próximo governo for empossado, ainda vai encontrá-las pior do que se imaginava. Espero que não passem a vida a atirar as culpas para a «pesada herança» – mas esta vai impedir-nos de sorrir durante muito tempo!

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